Friday, January 26, 2007

A moral do jornalismo

António Barroso escreve assim, hoje no jornal A BOLA: “ A notícia do possível interesse do Benfica por Derlei chegou-nos na madrugada de quarta-feira para quinta-feira (00.30 horas). Como confirmar? Vários contactos, telefones desligados. Tinha o contacto de Derlei, mas hesitei: em Moscovo eram mais três horas. Ainda assim avancei; o jornalismo e a notícia não escolhem dia nem hora. Atendeu. Respondeu a tudo. O relógio do meu computador marcava 00.45 horas quando terminei a conversa com Derlei. Ou não sabia de nada do que o seu agente, Jorge Mendes, estava a tentar com os dirigentes do Benfica – ignorante, como o peixe (podre) que me vendeu – ou, o que é pior, mentiu-me deliberadamente para despistar. Fica Derlei avisado de que papalvo ou totó não é carapuça que me sirva após 18 anos de jornalismo: quem me mente, e a A BOLA, só o faz uma vez.”

«Ignorava ou mentiu», António Barroso (A BOLA, 26/ 01 /2007)

Muito curiosa, toda esta prosa. Fico indignado com a indignação do jornalista baseada no facto de Derlei não ter querido assumir que tinha conhecimento do interesse de um clube – o Benfica – estar interessado nos seus préstimos. Atitude mais que natural, pois como se sabe, as consequências de um anúncio antecipado e muitas vezes precipitado acerca de uma qualquer transferência podem ser factor de desmobilização ou inviabilização do negócio em causa. Lembrando a velha e douta sabedoria popular, o segredo é a alma do negócio.
A “cereja no topo do bolo” é a conclusão, em tom de ultimato, do artigo: “…quem me mente, e a A BOLA, só o faz uma vez.” O Que quererá isto dizer? O significado fica sujeito à interpretação de cada um. Eu, por ora, limito-me a achar que é algo muito curioso.

Recentemente, e a propósito, relembro a polémica em torno da publicação do despacho da Procuradora Maria José Morgado, por parte do Sportugal. Diz José Marinho (jornalista da Sporttv e colaborador do referido órgão de comunicação social) em defesa da acção do Sportugal e criticando a acção da PJ que efectuou uma acção de busca na redacção: “…O que esperam encontrar numa redacção os senhores inspectores? As impressões digitais do informador, uma ponta do seu cabelo que permita chegar ao ADN, um computador que fale, ou um jornalista delator, que, também ele, não saiba guardar um segredo.Não vale a pena. A intimidação não verga um bom jornalista. Conheço vários no Sportugal. Boas fontes e boca fechada são a alma deste negócio…”.

«Guardar um segredo», José Marinho (Sportugal, 24/01/2007)

O princípio (que destaco a bold) é o mesmo que se aplica no caso do jogador que mente ou omite algo com o propósito de despistar o jornalista. No fundo, todos fazem pela vida, não é?

Thursday, January 25, 2007

Os grandes reforços dos "pequenos"

Nesta altura já é normal vermos nas primeiras páginas dos jornais, nomes que são apontados como reforços para os três grandes do futebol luso, muitos deles, como se sabe, nunca chegam a passar do papel. As aquisições dos outros clubes nunca encontram assim grande eco nas páginas da imprensa, contudo há clubes que se têm vindo a reforçar, e bem.

O Desportivo das Aves é um desses casos a realçar. O actual penúltimo classificado do campeonato tem evidenciado inúmeras lacunas no seu plantel, desde logo, uma das mais óbvias: a falta de um avançado de área ou ponta de lança. Para essa função, o clube do Professor Neca contratou Moreira ao Dínamo de Moscovo, o antigo jogador de Boavista, Standard Liége e Hamburgo deixou marcas por onde passou, sobretudo no clube belga. Do clube russo vieram também, Nuno, ex-guarda-redes do F.C. Porto e o internacional Jorge Ribeiro que entretanto estava emprestado ao Málaga. Ricardo Nascimento é o médio criativo, peça chave no sedutor Rio Ave de Carlos Brito, e que entretanto regressa a Portugal após uma passagem pelo futebol asiático.

Excelentes reforços, sem dúvida, tem assim o D. Aves, para poder encarar o objectivo da manutenção com outros olhos.



Parabéns...

....ao melhor jogador português de todos os tempos e um dos melhores do mundo.


Memória eterna

Tuesday, January 23, 2007

A urgência de um central na luz

Quando a questão da contratação de um avançado para o Benfica está na ordem do dia, eis que surge mais uma urgência para os lados da Luz: a necessidade de colmatar a saída repentina de Ricardo Rocha para Inglaterra. Esta situação aliada à saída de Alcides para o PSV, faz com que o Benfica fique unicamente com dois defesas centrais no plantel principal.

Tal como já escrevi aqui, penso que mesmo sem a saída destes dois elementos, o Benfica com o seu actual modelo de jogo, necessitaria de um defesa central algo diferente dos que possui. Um defesa central que “saia a jogar”, isto é, com boa capacidade de passe e alguma velocidade. Tem sido frequente observar os centrais do Benfica a efectuarem passes longos, muitas vezes mal direccionados. É importante – numa equipa que se quer pressionante e com as suas linhas adiantadas - que na chamada primeira fase de construção (à saída da grande área), exista essa boa capacidade de passe e alguma visão de jogo. Seria assim útil um central na senda de Rafael Marquez ou Ricardo Carvalho.

Assim de repente, a propósito desta reflexão, lembrei-me de um central que até já passou pelo nosso país e que reúne esses atributos: Facundo Quiroga, presentemente ao serviço dos alemães do Wolfsburgo. Nunca mais o vi jogar, nem sei se ainda manterá intactas todas as suas capacidades, mas recordo a sua passagem (algo subaproveitada) pelo Sporting e alguns jogos efectuados pela selecção do seu país, e lembro-me que era um jogador bastante interessante.

Não há paciência...

No início da época, Domingos Paciência afirmou que iria alterar o modelo de jogo característico do U. Leiria. Domingos assumia publicamente que o seu Leiria iria deixar de ser uma equipa defensiva, para passar a praticar um futebol mais ofensivo e dominante.

Até ao momento, cumprida que está a primeira volta do campeonato, nada disso se tem observado. O U. Leiria assenta os alicerces do seu jogo (mesmo quando defronta adversários da sua estirpe) no bloco médio baixo e no contra-ataque ou ataque rápido. Quanto a isto nada contra. A única coisa que talvez fosse escusada foi essa assunção de Domingos em anunciar um modelo de jogo diferente.

Outra coisa que não larga Domingos (ou é a coisa que não o larga a ele) é o desenfreado e sistemático queixume acerca das arbitragens. Não me recordo de um jogo que a equipa do Lis tenha perdido (e alguns até empatado) em que o treinador não tenha recorrido a esta patética e muitas vezes despropositada lamúria. Lembro-me até de um jogo frente ao Beira-Mar no qual a arbitragem foi objectivamente prejudicial ao clube aveirense.

Domingos Paciência, à semelhança de outros jovens treinadores que agora começam a iniciar a respectiva carreira, tem colhido a simpatia da imprensa, tendo até tido honras de comparação com José Mourinho!!

Existe sempre, aquela ténue esperança de que os novos tragam algo de também novo, seja no futebol, seja em qualquer outra actividade humana, contudo, Domingos Paciência, para além de não ter trazido nada de novo, parece estar a sedimentar ainda mais os velhos e bafientos hábitos desde há muito instalados no nosso futebol.

Monday, January 22, 2007

O "clique" que por vezes é necessário...


Não posso deixar de fazer referência ao recente artigo de Luís Freitas Lobo – “Carlos Martins, rebelde com causa”.

Sou grande admirador das capacidades futebolísticas de Carlos Martins. Considero-o o sucessor natural de Deco na selecção nacional, como já tinha expresso aqui.

O seu talento é inegável, contudo, tal como é reconhecido por quase toda a gente, falta-lhe a maturidade futebolística, a consistência que acarreta a regularidade exibicional que nunca conseguiu mostrar aos adeptos do Sporting e do futebol em geral. Lesões, temperamento, enfim, de tudo um pouco para explicar a situação do médio leonino.
Há jogadores que necessitam do tal "clique", e esse estímulo deverá ou poderá ser dado por quem tem a missão de o orientar e treinar.

Um bom exemplo comparável ao de Carlos Martins é Maniche. Proscrito no Benfica, foi posteriormente um jogador chave no F.C. Porto de Mourinho, bem como depois de uma passagem fracassada e frustrante no campeonato russo, consegue uma performance excepcional no mundial da Alemanha, tendo mesmo sido nomeado para melhor jogador do torneio.

Wednesday, January 10, 2007

Parcerias para sair da crise (?)

Decorria a época 2004-2005, quando o presidente do Beira-Mar, Mano Nunes anunciava com pompa e circunstância a assinatura de um acordo de parceria com um grupo económico inglês, a Stellar Group.

Dados concretos acerca desse acordo não foram revelados. No entanto cedo se perceberam as intenções da parceria. Para o Beira-Mar era, fundamentalmente, uma forma de contornar o desafogo financeiro que vivia e poder também retirar alguns proventos desportivos, decorrentes da colocação de jogadores no plantel do clube, por parte da Stellar Group, que assim também potenciava a maximização financeira desses atletas.

A época foi um desastre, tendo passado pelo comando técnico do clube, nada mais, nada menos, que quatro treinadores. O último deles, Augusto Inácio, já pouco podia fazer para evitar aquilo que se veio a consumar: a descida de divisão.


Esta época, e agora há uns dias, o Sport Clube Beira-Mar – agora sob a presidência de Artur Filipe - celebrou um acordo com uma empresa, a Inverfutbol, que pertence ao Grupo Cursach, com sede em Palma de Maiorca. Consequências imediatas? A saída de Carlos Carvalhal do comando técnico do clube e a contratação de um anónimo treinador espanhol, Francisco Soler, ex-jogador do Maiorca, que ao que parece, vai dar agora os seus primeiros passos na carreira de treinador. Os jornais apontam novos reforços como o ponta de lança sérvio, Delibasic e o, guarda-redes internacional argentino do River Plate, Lux.

Será esta a melhor saída da crise financeira? Um exemplo bem recente, diz-nos que nem por isso, aliás, o que não faltam são exemplos, também alguns deles bem recentes, de clubes com historial no futebol português que acabaram por sucumbir…

Friday, January 05, 2007

Incongruências

Laurentino Dias diz que defende a verdade desportiva acima de tudo, chegando a garantir que o Governo "fez o seu trabalho".

"...Incumbe-nos, em relação à matéria de interesse público que é o doping, trabalhar e não falar. Incumbe-nos sobretudo ter uma atitude de responsabilidade e não uma atitude desculpabilizante ou tolerante..."

Notícia completa aqui


Já no que toca às decisões relativas à arbitragem, o secretário de Estado do Desporto, entende que o governo não deverá intervir nas mesmas, e sim cooperar. Seria interessante deslindar esta questíuncula semântica...
Num seminário realizado ontem pela Liga, Laurentino Dias manifestou o seu cepticismo relativamente a um modelo (o inglês, leia-se a profissionalização dos árbitros), dizendo, a respeito, que "mais do que profissionalizar, importa oferecer melhores condições para a prática da arbitragem". Esqueceu-se foi de dizer quais seriam essas condições. Ficamos à espera que o governo faça o seu trabalho, ou que coopere...
O estilo evasivo, vago e desconchavado do secretário de Estado já não constitui novidade, basta recordar a triste figura que exibiu no programa televisivo Prós e Contras, quando interpelado pelo Major Valentim Loureiro...

É que ainda há a «caixa de Pandora» que o senhor secretário de Estado fez o favor de abrir. Ou não...

«Entrelinhas»

"...Laurentino Dias, quando tomou a decisão política de respaldar o envio, para instâncias internacionais, de um caso [caso Nuno Assis] já decidido pelo órgão de recurso português, deveria saber que estava a abrir a caixa de Pandora..."

«Declaração de Guerra», por José Manuel Delgado, (Jornal A Bola, 05-01-2007)

Wednesday, January 03, 2007

Também marca golos...

Quando tanto se fala da veia goleadora de Pepe como uma das muitas justificações para a sua convocação para a selecção portuguesa, lembrei-me se porventura alguém na nossa estimada imprensa desportiva já reparou na veia goleadora do defesa central do Sporting de Braga, Paulo Jorge? Quer-me parecer que não…

O que é facto é que o central que veio substituir Nunes, agora no Maiorca (outro bom defesa central português, titularíssimo no clube espanhol) está a fazer uma época muito interessante e com esse extraordinário feito de ter apontado quatro golos na liga portuguesa.

Refira-se ainda que também na Taça Uefa, Paulo Jorge fez jus a essa veia goleadora.
Mas também nas suas mais importantes funções, o jogador bracarense tem evidenciado bons pormenores: forte na marcação, na antecipação e no jogo aéreo. Paulo Jorge, depressa fez esquecer o seu ex-colega Nunes no clube minhoto.

Tuesday, January 02, 2007

Votos de um óptimo 2007 futebolístico e o "onze" da primeira volta da liga Bwin

Após uma ausência algo prolongada, venho deixar votos de um excelente ano de 2007 para todos os colegas da blogosfera que partilham comigo esta paixão pelo futebol. Particularmente, gostaria assim de endereçar estes mesmos votos para espaços que habitualmente visito como sejam o jogo directo, catennacio e vedeta da bola.

Agradeço ao Filipe do Jogo directo, o seu voto no apenasfutebol para a categoria “blog revelação do ano” da FBF. Esta distinção, vinda daquele que é para mim um dos melhores blogues futebolísticos, constitui um grande incentivo para continuar com este espaço.
Já agora, e sem qualquer favor, o jogo directo teve o meu voto para a categoria "blog do ano", que foi a única para a qual votei. Infelizmente, por falta de tempo não me inteirei com rigor acerca do respectivo processo de eleição e como tal acabei por não participar devidamente no mesmo, penso até que terei dado esse voto na qualidade de leitor do Sportugal e não como Blogger...

Voltando ao futebol, deixo aquele que é para o apenasfutebol, o onze da liga Bwin, da primeira volta, não obstante faltar uma jornada para a mesma ficar formalmente concluída. Esta selecção fundamenta-se na qualidade dos desempenhos, associada à regularidade dos mesmos.



Wednesday, December 13, 2006

Taxativo

"Infelizmente, há gente em Portugal que graças ao facto de conhecer as pessoas certas nos sítios certos têm palco em jornais, rádios e televisões. Podem dizer e escrever os maiores disparates que ninguém contesta e ainda são pagos para isso!"

«Opinadores azuis e brancos », por Pedro Guerra (Sportugal, 12-12-2006 ).

"Eu, Carolina" - Adenda

No anterior post faltou referir que este livro, no que respeita às questões que são de facto relevantes, não traz muita coisa de novo. Apenas algumas novas nuances que compõem e completam o já vasto leque de matéria informativa que as escutas da polícia judiciária já tinham revelado. Não se compreende, portanto, a atitude de espanto de alguns...


Para finalizar, um momento de sobriedade que infelizmente não tem tido muito eco...

Tuesday, December 12, 2006

"Eu, Carolina"

É evidente que Carolina Salgado não escreveu nenhuma obra literária, na verdadeira acepção do conceito, também é perfeitamente razoável concluir que há revelações que evidenciam que o livro é um acto vingativo, nomeadamente aquelas que se prendem com aspectos da esfera íntima do, outrora, casal, sendo que nem mesmo as sórdidas revelações acerca das maleitas intestinais do presidente do F.C. Porto são poupadas na narrativa.

Contudo reduzir este tema às motivações que levaram a cidadã Carolina Salgado a escrever este livro é escamotear o que verdadeiramente é relevante. O livro da antiga namorada do presidente do F.C. Porto poderá ter o mérito de vir a constituir um importante contributo para que o processo "apito dourado" não seja - a coberto de uma ardilosa manobra jurídica - vergonhosamente engavetado e esquecido...

Aqui ficam alguns excertos do dito livro.


"Sempre que [...] o Jorge Nuno achava que o árbitro tinha prejudicado o FCP, ligava ao senhor José António Pinto de Sousa, [...] começando por manifestar a sua indignação [...] mas acabando sempre por marcar um jantar para fazer as pazes"

"Os árbitros Martins dos Santos e Augusto Duarte, entre outros, eram visitas da casa. Eram levados pelo empresário António Araújo, bebiam café e comiam chocolatinhos"

"O Araújo funcionava como uma ponte entre o Jorge Nuno, o Reinaldo e os árbitros, disponibilizando-lhes simpatias, tais como raparigas e outros bens"

"Se o Jorge Nuno ficasse detido, contava com o apoio dos Super Dragões para o tirarem lá de dentro."

"Dizia-me [...] que era preciso dar uma lição ao doutor Ricardo Bexiga [...] Prontifiquei-me a tratar do assunto. O serviço custava dez mil euros"

“Foi o doutor Lourenço Pinto quem, às sete da manhã, nos telefonou para casa avisando que o major, o doutor Pinto de Sousa e alguns funcionários da Câmara de Gondomar tinham recebido a visita da PJ. O Jorge Nuno ficou deveras perturbado com o que estava a acontecer ao major. Receava que o major ou Pinto de Sousa falassem de mais. Esta era a sua preocupação”


Monday, December 11, 2006

F.C. Porto: o eterno retorno ou mais uma ausência de análise racional


Há por aí, agora, uma nova verdade absoluta que tudo e todos teimam em repetir: o F.C. Porto é a única equipa portuguesa com capacidade europeia – seja lá o que isso for.

Jornalistas, analistas e adeptos partilham esta convicção, sustentada também pelo próprio discurso de Jesualdo Ferreira e de alguns jogadores portistas.

Por parte da imprensa e de alguns comentadores, parece existir uma espécie de nostalgia em relação aos feitos recentes do F.C. Porto de José Mourinho, tendo-se já chegado ao ponto de terem sido feitas comparações de desempenhos entre esse Porto e o Porto de agora. É mais uma prova daquilo que, em algumas ocasiões tenho tido oportunidade de destacar, ou seja, a falta de racionalidade com que as matérias futebolísticas são tratadas. Não se busca apenas um novo Mourinho, agora também se procura um novo F.C. Porto de Mourinho…

Este espaço foi criado sem grandes pretensões, sem cor clubista e com o propósito único de escrever sobre futebol – aquele que se joga entre as quatro linhas, contudo, esse propósito tem sido desvirtuado – reconheço – por força de algumas circunstâncias que fazem reflectir todos aqueles que gostam de futebol. Uma dessas circunstâncias é a falta de qualidade da nossa imprensa desportiva e de muitas das análises e comentários que são feitos diariamente pelos opinion makers que em Portugal parecem ter um feed-back mais imediato e bem sucedido que em outros locais.

Sobre este assunto da capacidade europeia do F.C. Porto, pegue-se nos factos. Evidentemente que, tal como em outras paragens, a subjectividade não deixará se fazer parte da análise. A diferença estará porventura no facto de aqui ser assumida.

Tenho alguma dificuldade em definir – salvo algumas excepções óbvias - o que é um colosso do futebol europeu, contudo parece-me que serão as performances na liga dos campeões, nos últimos anos, um dos critérios utilizado por quem utiliza o chavão.
Nesse sentido, o único colosso com quem o F.C. Porto jogou nesta primeira fase foi o Arsenal – finalista vencido da última edição da prova. O saldo dos dois jogos resultou em uma derrota clara em Londres e num empate no Porto, em que ambas as equipas não se encontravam pressionadas para jogar futebol.

Não pretendo de maneira nenhuma retirar mérito ao F.C. Porto pelo feito de passar aos oitavos de final da prova, apenas penso que haverá por aí alguma falta de racionalidade e prudência em algumas análises que têm sido feitas.

Thursday, December 07, 2006

Notas finais da fase de grupos da Champions League


Sporting: pouco mais há a acrescentar ao que já foi dito no post anterior. No entanto, a título de nota final, deve dizer-se que a equipa leonina – não contando com a última jornada – teve uma prestação para além do que era expectável, sobretudo no início da prova e quando defrontou os mais fortes adversários do grupo. O Sporting surpreendeu com a vitória frente ao Inter, e abriram-se expectativas relativamente à passagem à fase seguinte. Paradoxalmente, no que era esperado que acontecesse – a qualificação para a taça Uefa – a equipa acabou por claudicar na última jornada.

Benfica: Começo de prova titubeante, não tanto (como foi sugerido por muitos) pelo empate na Dinamarca, já que o Benfica acabou por ser a única equipa do grupo que ali pontuou. O resultado na Luz, frente ao Manchester United é que terá tido peso significativo nas aspirações encarnadas. Ainda assim, seguiram-se duas vitórias concludentes em casa, frente ao Kopenhagen e Celtic, que vieram abrir a porta da qualificação. Tendo as decisões finais ficado reservadas para a derradeira jornada – fruto de resultados de terceiros que não beneficiaram a equipa de Lisboa, com a agravante de ter de realizar o jogo decisivo em Old Trafford com a equipa inglesa ainda não apurada - , o Benfica acabou por atingir o objectivo mínimo que é a qualificação para a taça Uefa.

F.C. Porto: À semelhança do Benfica, também não começou bem a prova mas acabou por conclui-la de forma bastante consistente. As vitórias concludentes em Hamburgo e na Rússia foram determinantes no apuramento para a fase seguinte. Na última jornada, as circunstâncias levaram a que tivesse havido um jogo de “gestão” no estádio do dragão.
Agora nos oitavos de final, a equipa portista terá adversário de respeito: Chelsea, Liverpool, M. United, Bayern, Valência, Lyon ou AC Milan, uma destas equipas discutirá o acesso aos quartos de final com o F.C. Porto.

Em termos globais, há que referir que este ano a primeira fase da prova não trouxe grandes surpresas. Seguem em frente os clubes dos principais campeonatos europeus: A Inglaterra com quatro clubes (Chelsea, M. United, Liverpool e Arsenal), a Espanha com três (Barcelona, Real e Valência) e Itália também com três (AC Milan, Inter e Roma). A Alemanha terá o Bayern como o seu único representante. O Hamburgo terá sido a grande desilusão da prova e o Bremen estava inserido em grupo muito forte. Restam assim dois clubes franceses: o Lyon, um crónico dos últimos anos e o Lille que já na época passada discutiu a passagem até ao fim, tal como ocorreu este ano. PSV Eindhoven, F.C. Porto e Celtic de Glasgow completam o lote de apurados.

Tuesday, December 05, 2006

O Sporting e a falta de uma análise racional


O Sporting tem sido nos últimos tempos um clube que colhe a simpatia/empatia de muitos analistas, mesmo daqueles que não vestem as suas cores.

Estou convicto que essa simpatia assenta raízes no facto de o clube possuir uma equipa composta por muitos jogadores jovens formados na sua academia, o que poderá ser considerado como algo de valoroso tendo em conta os tempos que correm, onde os clubes de países economicamente mais débeis não podem ombrear com os seus congéneres dos países mais ricos. O clube de Alvalade tem assumido, de facto, uma aposta clara na formação e essa é sem dúvida uma das formas de conseguir manter a competitividade num futebol onde, cada vez mais, são os ditames do dinheiro a dar o mote.

A época passada, após vários desaires no seu início acabou por não ter sido considerada negativa, a equipa, desde que Paulo Bento a assumiu, passou a pautar-se pela regularidade em termos de resultados, tendo discutido o título nacional até às últimas jornadas. Paulo Bento também personifica bem o projecto leonino: jovem, ex-jogador do clube e a iniciar a sua carreira de treinador. Pode dizer-se também que o jovem técnico tem aquilo que se costuma designar de “boa imprensa”.

A pré-época correu muito bem, com várias vitórias e conquistas de torneios amigáveis, o campeonato nacional também está longe de estar a ser mal sucedido, e sobretudo, apesar do desaire da não qualificação para a fase seguinte, a campanha na Liga dos Campeões também não pode ser considerada como um insucesso, isto, claro está, se exceptuarmos alguns casos onde o irrealismo da análise, de tão desconchavado que foi, apregoava a possibilidade de o clube leonino ter um percurso mais ambicioso na mesma prova – a título de exemplo, chegou a haver quem escrevesse numa revista desportiva que se a equipa leonina tivesse um goleador do calibre de Didier Drogba, poderia aspirar a conquistar a liga dos campeões!

É evidente que – e não contrariando uma admirável capacidade lusitana – já há quem esteja agora, depois da derrota com o Benfica, e do afastamento da liga dos campeões, a questionar a valia, quer dos jogadores, quer do próprio treinador…

A questão central a que quero chegar é apenas uma e assenta precisamente naquilo a que chamo a admirável capacidade lusitana, que consiste em analisar (e agir em função) na forma extremista do “oito ou oitenta”.

O que é facto é que, não pondo em causa a enorme valia de um plantel com muitos jovens talentosos, nem a valia de um treinador bastante promissor, o Sporting foi sobreavaliado, sobretudo a partir da importante e meritória vitória sobre o Inter de Milão. O que é preciso referir é que, nos últimos anos, face a imperativos de ordem económica, vários jogadores com qualidade foram saindo e entrando para os seus lugares – numa política de contratações de custo zero – alguns elementos cuja qualidade está longe de ser uma certeza. Os jovens Moutinho, Nani, Miguel Veloso, entre outros, com a atenuante da curta experiência em termos de alta competição e com as vicissitudes próprias da idade, têm atenuado essas carências, contudo, não podem de maneira nenhuma corresponder às exageradas expectativas de alguns analistas da nossa praça. É ponto assente que este Sporting, com qualidade em alguns sectores, se encontra bastante desprovido da mesma em outros, o que se tem reflectido sobremaneira no rendimento da equipa, observado nos últimos jogos.

Monday, December 04, 2006

Notas do "derby"

Não querendo repetir muito do que já foi dito e escrito acerca do derby de Lisboa, não posso deixar de salientar alguns aspectos que me parecem de assinalar.

1) A maior sagacidade de Fernando Santos na abordagem ao jogo, com a colocação de Nuno Gomes na posição “10”, soltando Simão e Miccoli na frente de ataque – uma forma de tirar partido da velocidade e da capacidade técnica destes dois elementos junto da defesa sportinguista.

2) A forma como o pressing benfiquista foi efectuado – arrastando os jogadores leoninos até às linhas laterais.

3) As transições rápidas para o ataque por parte da equipa benfiquista, bem patenteadas no lance do segundo golo e naquele que desembocou numa bola enviada à trave por Miccoli.

4) Ambas as equipas jogaram sem médios ala, no entanto, a profundidade pelos corredores laterais – sobretudo o direito com Nélson – foi muito mais proficiente na equipa encarnada.

5) A forma como a equipa “encarnada” controlou o jogo na segunda parte, dando o domínio do mesmo ao adversário, domínio esse que apenas causou verdadeiro perigo uma única vez, num remate de Djaló, a que Quim correspondeu com boa defesa.

6) Nuno Assis: foi brilhante a sua actuação em Alvalade. A sua movimentação sem bola, a forma como anulou João Moutinho, as suas habituais acelerações (com bola), desenhando as suas, também famosas diagonais, manietaram o último reduto do adversário de forma proeminente. Cada vez mais um jogador em destaque neste Benfica, apesar de os “holofotes” não estarem tão virados na sua direcção.