Monday, November 07, 2011

obsessões

Quanto à espurcícia e "filha-da-putice" que grassa lá para os lados do campo dos calhaus, abstenho-me de tecer a mínima consideração...desde muito novo me ensinaram a desprezar a mediocridade.


Quanto às opções tácticas de Jorge Jesus, também não direi grande coisa - apenas, na minha perspectiva, o acerto - porventura exagerado - no onze inicial, que fazia antever uma estratégia de maior contenção e de aposta nas transições. Agora, depois de estar a perder, tirar Gaitán (literalmente), Witsel e Amorim (tacticamente) do jogo, mantendo Bruno e Nolito no banco até tão tarde, não me pareceu, de todo, a melhor opção. Mas, enfim, eu não faço parte da enorme legião que decidiu atirar pedras a um dos mais competentes treinadores (com as suas fraquezas, muitas já por aqui referidas) que passou pelo Benfica nos últimos anos...é que até parece que Quique Flores e Camacho passaram por ali na década de 90...


O que me moveu mais a escrever estas linhas, foi mesmo a crónica e patológica idiossincrasia do universo benfiquista relativa à necessidade da existência de um patinho feio a quem se possa atirar todas as pedras (as do campo do calhau e muitas mais). Sinceramente, ainda não entendi o que tem Emerson de mau? Falha um passe ou outro? Maxi não os tem falhado do outro lado?! Perde bolas!? Maxi não as tem perdido?! Aliás, se me pedirem para apontar um elo mais fraco da defesa do Benfica, nos últimos jogos, e do ponto de vista defensivo, terei que apontar, obviamente, Maxi Pereira, que, contudo, compensa com a sua vocação e iniciativa para participar nos processos ofensivos. Sinceramente, ontem, Emerson, com uma falha aqui e ali (todas a tiveram), teve uma prestação muito satisfatória. Se querem apontar erros, façam-no com fundamentação, e não apenas por causa de uma azia chamada Capdevilla. Mas será que os críticos do Emerson viram os últimos jogos do espanhol?! E será que viam nele, antes de vir para o Benfica, um grande lateral esquerdo? Muitos, certamente, nem nunca o viram jogar, e resguardam a sua argumentação no estatuto de campeão do mundo e da Europa... Eu, sinceramente, nunca achei Capdevilla um espanto de defesa lateral. Na selecção espanhola, pareceu-me ter sido sempre uma opção por falta de opções...Não quero dizer com isto que o espanhol seja mau jogador, não, nada disso, mas passar a vida a ignominiar Emerson por causa do estatuto do espanhol, parece-me algo muito pouco inteligente, Mas, sim, também sei que essa não é a característica distintiva dos adeptos do Benfica, e do futebol em geral!

PS: as críticas a Emerson no jogo de ontem não têm a ver com aquele penalty à Proença, pois não? Ah...bem me parecia


Wednesday, October 12, 2011

Admiração!?

Sinceramente não consigo entender a onda de indignação que tem assolado o universo benfiquista nos últimos dias, relativamente a este facto!

Por aqui, infelizmente, não espanta nada que o antigo moço de fretes seja agora um indefectível apoiante da manutenção do status quo em que impera o seu antigo amo. Mais uma década em que a correlação de forças penderá, naturalmente, para Norte. Cá em baixo? Batem-se palminhas...

Wednesday, August 24, 2011

A saga de Saraiva

A saga continua. Desta vez, na edição de hoje do Jornal Record, Saraiva dispara contra a selecção de sub-20, apelidando-a de “selecção negativa”. Antes de contra-argumentar, destaco a incoerência do senhor, que anda há que tempos a defender a existência de músculo e de capacidade de choque em detrimento de meias-lecas que fazem muitas tabelinhas, nas equipas de futebol –, portanto, ingredientes indispensáveis para conceber aquele futebol que ele agora vem criticar, recorrendo ao exemplo da selecção portuguesa de sub-20, que segundo ele, praticou um futebol assente em “tácticas defensivas” que são, pegando nas suas próprias palavras, “sempre condenáveis”, muito mais quando empregues com jogadores jovens.

Indo agora ao conteúdo da crítica, e assumindo a natureza polémica e subjectiva do tema, considero que uma equipa que privilegie a organização defensiva e que assente a organização ofensiva em métodos de contra-ataque ou ataque rápido, pode não ser tão entusiasmante, claro, mas esta opção é, naturalmente, tão válida como outra qualquer.

A velha discussão em torno do futebol espectáculo versus resultadismo é uma tremenda falácia, que cresce à medida que o contexto social e económico do jogo vai ficando cada vez mais complexo. Deixemo-nos de hipocrisias, ganhar é, obviamente, necessário, se puder ser à maneira do extraordinário Barcelona de Guardiola, tanto melhor, se não, que seja de outra maneira qualquer.

Aquilo que deve ser realçado na performance da selecção, é a “chapada de luva branca” dada ao país futebolístico que tem vindo, sistematicamente, a desprezar os jovens jogadores, em troca da bravata comissionista e de outras mais variadas negociatas.

Friday, August 12, 2011

Disparates (ou estupidez pura) de Jorge Jesus

Jorge Jesus é o paradigma do velho ditado - "burro velho não aprende línguas". Mais uma vez, depois de ter andado a ser sovado por tudo e todos na época passada, volta a apostar no seu ridículo e suicida 4x1x5. E este ano tem Witsel! O ano passado ainda havia a remota desculpa de não o ter,que sugeria a suspeita de que ele seria alheio ao facto de a saída de Ramires não ter sido colmatada. Este ano ficámos com a certeza de que o homem é mesmo um puro fanfarrão que acha que pode ser bem sucedido com um sistema de jogo que contempla apenas um médio centro, com esporádicos apoios do nº 10, no que à transição defensiva diz respeito. Na segunda parte, a substituição de Aimar por Witsel diz tudo sobre as possíveis aspirações do Benfica esta época, não que o belga não devesse ter entrado no jogo, mas nunca, nunca, para o lugar de Aimar. O Benfica dividiu o jogo com uma equipa que chegou este ano ao primeiro escalão, que tem um orçamento de pigmeu, e que se reforçou com jogadores dos distritais...Foi absolutamente confrangedor ver o Benfica a sofrer permanentes lances de perigo junto da sua grande área, durante todo o jogo. Os dois golos devem-se, exclusivamente, à qualidade individual dos jogadores, se não fosse isso, o resultado poderia ter sido histórico, para o Gil Vicente, claro.

Wednesday, August 03, 2011

Disparates semanais, por José António Saraiva, em jornal Record

Ainda na sequência da entrada anterior, apraz-me registar – há muito que ando para o fazer – mais uma colossal bordoada debitada por um tal de José António Saraiva, que, ao que parece, é director do semanário Sol, e vai brindando os leitores do Record com umas opiniões futebolísticas que eu apenas consigo apelidar de neenderthalescas. O senhor já disse os maiores disparates naquela coluna, sendo que, à cabeça, recordo a defesa da abolição da lei do fora-de-jogo! Relembrar todos os disparates seria, porventura, divertido, no entanto, o lote é tão extenso que correria o risco de incorrer num exercício fastidioso.

A pérola de hoje assenta numa ideia, já outras vezes referida, de que Aimar tem que ficar sentado no banco para dar lugar no onze a Witsel, isto porque, no entender do articulista, o belga tem mais poder de choque, não realiza infrutíferas tabelinhas, nem toques artísticos e privilegia aquilo que o senhor entende por futebol directo, algo que para ele é absolutamente melhor (objectivo é a palavra utilizada) que essa coisa aborrecida e inconsequente que é o futebol apoiado das tabelinhas e passes curtos…

Assim de repente, dá para questionar se este senhor vive mesmo nos tempos actuais, onde esse maçador Barcelona vai dominando tudo e todos e sacando tudo o que é taças e campeonatos, ou se adormeceu lá para os anos 70, algures nas ilhas britânicas, acordando apenas agora desde que o Record o convidou para comentar futebol…


PS: Apenas para ser preciso, importa referir que a opinião relativa à abolição da lei do fora-de-jogo, não foi expressa no Record, e sim numa revista suplementar de um jornal generalista, porventura o próprio Sol.

Thursday, July 28, 2011

Disparates

Ontem deparei-me com um conjunto de experts, num programa televisivo, a escalpelizarem o jogo entre o Benfica e o Trabzonspor; a dada altura afirmava um deles - e de imediato obteve o assentimento dos restantes - , que o Benfica não podia sustentar o seu futebol num jogador como Pablo Aimar, entretanto por ele apelidado de "fisicamente débil"... Este para mim é o paradigma da incompetência destes profissionais, que revelam, dia após dia, uma incapacidade gritante para entenderem o objecto central da sua profissão. Mas não contente com tão disparatada e infundada afirmação, o suposto especialista continuou a sua saga, passando do plano da especificidade para a generalidade, assumindo que o futebol moderno já não se compadece com jogadores como Aimar!!
Fantástico. Apenas me lembro de uma frase que li ou ouvi algures há uns tempos: "Que raio de jogo seria este quando se entender que não existe lugar lugar para os melhores?"...

Thursday, July 14, 2011

Leituras

A herança de Damásio, Vale & Companhia…

"Nós conhecemos bem a história, não a vou repetir. Em 1994 muda o presidente e treinador e tudo mudou. E mudou mesmo.

É consensual que foi um período trágico, em que mais do que as derrotas custou mesmo foi a perda de dignidade, internacional e nacional. Como já disse, vocês sabem a história. Naturalmente, duvido que muitos benfiquistas já tenham recuperado desse período. Mais até, os benfiquistas da minha geração têm até alguma dificuldade em saber como era o Benfica, qual era a nossa identidade antes de esta ter sido amarfanhada pelos ditos.

Esta introdução porquê? Bom, basicamente porque tenho passado os últimos tempos a remoer na enorme tolerância que há por parte dos benfiquistas à corrente gestão. Neste e noutros blogues gastam-se palavras a apontar e desmontar a parada de asneiras a que assistimos no Benfica e logo acorrem hordas de benfiquistas indignados a atirar pedras, revoltados com a traição.

A malta até comenta nos cafés, a malta critica enquanto encolhe os ombros, os jornais desdobram-se em bandas desenhadas carregadas de gozo e os adversários comentam com escárnio. Mas poucos se indignam. Pouquíssimos. A malta continua a ter esperança - pois claro, que é o Benfica, não haviam de ter – e vai-se aprendendo a achar normal as contratações disparatadas, as negociações intermináveis, as vendas pouco claras e trapalhonas, o tradicional enxovalho por parte do porto após nos termos posto de quatro atrás de um jogador por meses a fio que em segundos apanha a A1 para Norte. Tudo isto é normal, e se não for é por culpa dos adversários, dos empresários de jogadores, dos próprios jogadores ou do diabo em pessoa: o “bufas”, o “diabo”, o “papa”, o pinto da costa. É tudo culpa dele. Até sermos estúpidos é culpa dele.

E é aqui que chegámos. Esta foi a pior consequência daqueles anos negros. Não foram os 7-0 do Celta, o Leónidas ter vestido o manto sagrado ou o resenborg ter repescado o rushfeld depois das garantias bancárias terem batido na trave. Nada disso. Isso não foi o pior. O pior foi os benfiquistas terem-se esquecido do que é o Benfica, ou do que era o Benfica. O pior de tudo é malta já não se lembrar, ou nunca ter assistido, a um clube sóbrio, com identidade, com rigor, com gente com classe e, acima de tudo, com boa gestão, com um balneário forte e carregado de benfiquistas. Será a isto que se chamava mística? Mas ainda sabem o que é mística? Eu não – sou novo demais! – mas estes que lá estão, e vocês que os defendem, também não sabem."


Sérgio, em http://ontemvi-tenoestadiodaluz.blogspot.com/

Tuesday, July 12, 2011

Alguma lucidez e preocupação - raras no universo encarnado

"É realmente um regabofe! Por cada jogador que sai, vem dois ou três para substituir. E onde são precisos, nada de novo!
E na verdade, a maioria nem sequer alguma vez jogará pelo clube! São milhões e milhões, que darão por certo muitos milhares em comissões para engordar a conta bancária de Vieira, enquanto as finanças do clube mirram e minguam.
Mas nós sócios, assistimos a isto tudo com a passividade dos incapazes e dos condescendentes militantes! E o Rei Sol, lá vai fazendo o que lhe dá na real gana!
Ao que chegou o meu clube!"

Comentário de "Águia preocupada" ao post anterior

Regabofe III

Mais um médio (Witsel), e por um módico custo de 8 milhões!! Enquanto se assiste às aflitivas prestações do sector mais recuado (com o erro de casting Jardel à cabeça), o Benfica continua a contratar médios em catadupa.
O sector do meio-campo foi na época passada, de facto, um pouco deficitário no sistema de Jorge Jesus, mas daí a fazer-se este ano uma colecção de médios...
Entretanto, Mora também já foi recambiado!

PS: Nota para os enigmas que envolvem as atitudes de Luisão e Maxi, com destaque para o segundo, que o primeiro já é um dejá vu...

Thursday, July 07, 2011

Um "onze" de portugueses a jogar em Portugal

football formations

Regabofe II

Na senda do post anterior, o que chamar a isto? Incompetência? Amadorismo? Estupidez?

regabofe

No meio de tanta entrada de jogadores, continua o Benfica em défice de jogadores de qualidade para o sector defensivo. Sinceramente, o que chamar a isto? Incompetência, amadorismo, estupidez? De tudo um pouco. É que para além das resmas de jogadores contratados, sobretudo para o meio-campo ofensivo e ataque, em detrimento de jogadores para a defesa, dispensou-se Sídnei, e contratou-se um central por cerca de um milhão- Léo Kanu - para emprestar! Até a dispensa de Aírton é um disparate a este nível, pois se é para adaptar, este, pelo menos, já tem alguma experiência na posição ao serviço do Flamengo e já tem maior entrosamento com a equipa e os processos. E Maxi Pereira? Para quando a renovação do contrato?
A boa venda de Coentrão e a possível contratação de Garay não apagam as incursões erráticas no mercado, por parte de quem é responsável pelo clube.

Thursday, June 16, 2011

Obrigado Nuno


Começo este texto pelo mais importante.

Obrigado Nuno, pelas 12 épocas, pelos 165 golos, mas sobretudo pelo exemplo de profissionalismo, fair-play (dentro e fora do campo) e benfiquismo.

Tal como tu, não discuto a opção técnica, discuto sim, e com veemência, a forma rasteira como todo o processo foi conduzido – algo que contrasta em absoluto com a idiossincrasia benfiquista.

O Sport Lisboa e Benfica é (pelo menos para alguns) também uma comunidade emocional, repleta de emoções, claro, que constituem, justamente, o lastro das vitórias, das derrotas, das conquistas, das taças, dos campeonatos, das ligas e de tudo que ao longo destes 107 anos, a instituição viveu. Quando este basilar alicerce do clube começa a ser beliscado, está aberta a porta para a descaracterização e degeneração do mesmo.

Alguns – os que aplaudem, ou pelo menos não se mostram incomodados com o sucedido – dirão que os outros –, os que, como eu, criticam a situação – são histéricos, que referências sempre as houve, e muito maiores que as de agora, e acenam com os nomes de Eusébio, Torres e Colunas, e que estes ganharam mais; e fazem-no com a leviandade de ignorarem as abissais diferenças de contextos, entre outras imprudências argumentativas…e o mais irónico é que são depois estes mesmos adeptos que se excitam todos com a verborreia de um caxineiro qualquer, confundindo-a com benfiquismo e mística, para depois serem açoitados com a verdadeira crueza dos factos; são estes que depois choram pelo fim da mística, do amor á camisola e do inferno da Luz.

Eu cá, prefiro agradecer ao Nuno como já fiz no início, e lamentar, profundamente, a descaracterização progressiva do Sport Lisboa e Benfica.

Saturday, June 11, 2011

A companhia de circo que dirige o Benfica...

Mas será que ninguém põe cobro à palhaçada que grassa lá para os lados da Luz?
Comissões e outras patranhas?!Quarenta jogadores no plantel a 11 dias do início dos trabalhos?! Uma política de comunicação que envergonharia um clube como o Cultural da Pontinha (que por sinal até possui uma política)?! Aírton emprestado?! Sídnei emprestado?! Um camião de novos jogadores numa reedição da fabulosa política que imperou a partir de meados de 90?! Afinal qual o papel de Rui Costa, o ex-timoneiro de todo o futebol do Benfica, que num ápice passou a "estar em fase de aprendizagem", e que agora é responsável pelo insucesso da época passada, e que, também agora se lhe reconhece que poderia, afinal, ter trabalhado mais em prol do Benfica!!?? Vieira delegará menos?! Isto então é algo de aterrador...Mas será que ninguém acaba com isto?!

O segundo lugar no campeonato (e este vai dar muito trabalho pois espera-se um Sporting fortalecido), e mais uma taça da liga (se o F.C. Porto continuar a olhar de soslaio para esta imberbe competição) é o máximo a que o Benfica pode aspirar para a próxima época! Esta é a dura, triste, mas óbvia realidade.

Wednesday, May 11, 2011

Liderança esclarecida...

A grande conclusão retirada da eloquentemente esclarecida entrevista do grande líder benfiquista, é a de que, a partir de agora, vai ser o próprio Vieira a assistir aos jogos do canal PFC!
Jogadores como Sretenovic (o futuro Maldini), enquadram-se no potencial perfil de jogador a ser contratado, e agregado à já extensa lista de aquisições para a próxima época. Para o ano as expectativas são grandes e legítimas, até porque a conquista da taça da liga não implica grandes festejos...

Friday, May 06, 2011

Dúvida

Em quase uma década de Luís Filipe Vieira, no futebol, ostentam-se 2 campeonatos, três taças da liga, uma taça de Portugal e uma Supertaça. Isto é o Benfica?!

Leituras (de olhos abertos)

não. O que é humilhante, para mim e demais benfiquistas que se prezam, é levar um baile do Porto na Supertaça jogada em Agosto de 2010, com um frango daquele que é simultaneamente o pior e o mais caro guarda-redes que jogou em Portugal e cujo preço, dizem alguns, esconde uma negociata que muito prejudicou o Benfica mas beneficiou a empresa de construção do presidente do clube; são as três derrotas consecutivas com que o Benfica entrou na Liga e que o nosso treinador contava conquistar de caras; é o apelo que os dirigentes do Benfica fizeram aos adeptos para não irem aos jogos fora do Benfica, prejudicando jogadores e adeptos, e enfurecendo os clubes adversários que, não por acaso, mantêm relações próximas ou de simpatia com o nosso principal rival; é ser eliminado da Liga dos Campeões -- a mesma que o nosso actual treinador sabe que irá vencer -- na penúltima jornada e envergando uma camisola que celebra os cinquenta anos da primeira que o Benfica venceu, levando três secos de uma equipa chamada Hapoel e sendo repescado nos últimos minutos do último jogo por obra e graça de terceiros; é ser brindado com uma goleada nas Antas (cinco a zero) sem estar perto, sequer, de marcar um golo, e ouvir o estádio repleto de portistas cantar "a todos um bom Natal"; é saber que o clube gastou cento e tal milhões de euros para montar uma equipa que, contra os fracos, jogou muitíssimo bem durante a época passada e, depois da inarrável preparação de época imediatamente seguinte, assistir ao seu lento desmornamento e a uma desvalorização gravíssima dos principais jogadores; é saber que a SAD do Benfica decidiu, depois de vender os seus principais activos abaixo das cláusulas de rescisão, em desespero de causa e sem qualquer sucesso visível, tentar impingir 50 milhões de euros em papel comercial a um país em bancarrota; é saber que a equipa do próximo ano será maioritariamente constituída por jogadores contratados a custo zero e que o passe do Salvio, pelo qual o presidente do Benfica irá vergonhosamente e sem sucesso pedinchar ao Atlético de Madrid, clube no qual ainda hoje joga um jogador cujo passe é inutilmente detido por nós a 25%, só não acabará nas mãos do Porto se Pinto da Costa o não quiser; é perder a esperança de revalidar a Liga portuguesa após perder um jogo com o Braga, com um frango de Roberto e a expulsão de um jogador (Javi) que bem podia ter sido expulso nos dois jogos anteriores; é entregar o título ao Porto e a um treinador de 33 anos num jogo em casa, com um golo do Hulk, nova fífia de Roberto e um penalti inexistente a favor do Benfica, e que tudo isto aconteceu no único momento esta época em que nós, benfiquistas, nos podíamos arrogar de ter a melhor equipa em Portugal; é ter como um dos momentos mais altos da época uma vitória sobre o Marítimo, em casa, com um golo marcado no último minuto dos descontos; é ver o Porto festejar o título na Luz e que os dirigentes do Benfica, não contentes com o culminar de uma época enxovalhante, decidem apagar a luz do estádio e ligar o sistema de rega, oferecendo aos adversários um forte motivo para ridicularizarem o Benfica até ao fim dos tempos; é assistir à falta de brio de quem manda no clube e que acha normal, depois de perdido o título, baixar os braços, empatar com um Portimonense e um Olhanense, jogar miseravelmente com um Beira Mar e acabar a 21 pontos do campeão; é ver o Porto eliminar-nos da Taça de Portugal espetando-nos três golos na Luz e dando a volta a uma eliminatória que poucas equipas no mundo conseguiriam inverter, e nisto constatar que, nos dias que correm, ninguém no Benfica mostra ter alma para sequer lutar por algo semelhante; é ver o Porto golear os adversários fortíssimos que lhe aparecem pela frente com três jogadores que deveriam estar no Benfica (Álvaro Pereira, Falcão e James Rodriguez) e outro que por lá andou e não nos quis mais (Cristian Rodriguez); é saber que o Porto vai finalmente passar o Benfica em títulos e liderar o ranking por dois (com Taça, Supertaça e Liga Europa); é saber que o Porto dificilmente não termina esta época com o dobro dos títulos europeus do Benfica e que os respectivos dirigentes, não satisfeitos com isso, apostam em manter os principais jogadores de uma equipa que tem mais do que qualidade para ser campeã europeia; é saber que o Braga está dez lugares (33) acima do Benfica (44) no ranking da UEFA e que o Porto é, neste momento, o terceiro melhor clube do mundo; é, por fim, depois de tudo isto, sim, perder, e bem, no estádio do Braga e com o Sporting Clube de Braga, a possibilidade de ser goleado na final da Liga Europa pelo Porto, e acabar a noite a ouvir Pinto da Costa lamentar, com ironia, a eliminação do Benfica, e afirmar, carregado de razão, que o nosso clube seria o adversário mais fácil para o Porto.

Nenhum adepto do Benfica deve o quer que seja aos dirigentes e treinadores que por lá andam e serão precisas décadas para esquecer a humilhação que esta época representa. O Benfica já não é grande.


publicado por Jacinto Bettencourt no blogue 31 da Armada

Thursday, May 05, 2011

As maiores responsabilidades

As causas de uma das piores épocas de sempre do Sport Lisboa e Benfica são diversas, e distribuem-se por uma mão cheia de respectivos responsáveis. Assim a quente, e de repente, ocorrem-me duas. A parca flexibilidade táctica de Jorge Jesus, exímio na definição de um modelo que se revele profícuo e atractivo, mas sem capacidade para reagir a tempo no decurso dos jogos, quando estes não lhe correm de feição. A insistência na repetição do sistema táctico da época passada, sem ter todos os ingredientes necessários para que o mesmo seja bem sucedido. O permanente despovoamento do meio campo do Benfica – inexplicável, sobretudo, em jogos em que a equipa está em vantagem – foi sempre, ao longo de toda a época, um convite pleno às estocadas dos adversários, tendo dado até para humilhantes goleadas sofridas, já para não falar na medíocre fase de grupos na Liga dos Campeões - aquela que era para ganhar! Isto é tudo verdade, no entanto, como pano de fundo deste aspecto encontra-se um modelo de política e gestão desportiva que é totalmente desadequado para um clube com a dimensão do Benfica. E esse é da inteira responsabilidade de um indivíduo que de futebol percebe tanto, como eu percebo de física quântica. O presidente que antecipa eleições e blinda os estatutos do clube para que se perpetue, sem fim à vista, o seu inefável mandato, andou a passear-se pelo Brasil nesta altura tão crucial da época, provavelmente a desenvolver mais umas quantas negociatas à conta do Benfica. Este mandato que ele apelidou de desportivo, tem sido um enorme equívoco, e, acima de tudo, um verdadeiro manual de amadorismo. Momentos chave? São mais que muitos, e não me apetece escrever o maior post deste blogue hoje. Mas, também de repente, lembro-me da despromoção do Director desportivo em pleno programa televisivo na época passada e a transferência total de funções e responsabilidades para o treinador, ou seja, a carta branca total dada a Jorge Jesus no que respeita à política desportiva do clube - uma política que contempla um plantel com 6 avançados e um defesa direito! Uma coisa que não deve acontecer em nenhum clube profissional, quanto mais num clube com a dimensão do Benfica.

Mas quando 90% dos sócios não consegue compreender isto, não se pode esperar que ainda vejam mais além…


Nota: imagem tirada do Eternobenfica.blogspot

Wednesday, May 04, 2011

Histórias ibéricas cruzadas

Nos últimos tempos parece estar muito em voga lá para os lados de Madrid, a choradeira e lamechice – algo que choca profundamente com os genes senhoriais do clube madrileno. Se o jogo de ontem até mostrou uma objectiva razão de queixa para os merengues, também teve o condão de mostrar que com uma abordagem menos acobardada na primeira-mão, talvez fosse possível à equipa de Mourinho discutir a eliminatória. O queixume de Mourinho já cheira mal, bem como as críticas disparatadas que endereçou ao seu colega de profissão Pep Guardiola, até porque os pesos e medidas são sempre inquinado para o seu lado. Lembremo-nos dos quartos-de-final de 2003/2004, em Old Trafford, quando o árbitro anulou um golo “limpinho” a Scholes, que daria o 2-0 no jogo e posicionaria muito bem o clube inglês na passagem à fase seguinte…não, nessa altura, não foi a UNICEF, foram outras marcas, mais relacionadas com o gourmet e outros aperitivos, quiçá aquelas que fazem notícia em Espanha por estes dias.

Wednesday, March 09, 2011

Deixá-los definhar

O Benfica devia equacionar, seriamente, a possibilidade de abandonar este país que não o merece. Logo o Benfica que em tempos foi o elemento galvanizador de um país que perecia orgulhosamente só à beira-mar plantado. O Benfica que sustenta há vários anos este miserável futebol que por cá se vai fingindo jogar nos relvados. Este Benfica que é corrido a cânticos insultuosos pejados de ódio, a bolas de golfe e outros objectos, pelos vários campos do país, deveria abandonar toda esta malha de inveja e trapaça até que ela caminhe para o seu incontornável definhamento.

Neste país, onde a trapaça é rainha – no futebol e no resto, onde os batoteiros são bajulados e elogiados, é uma cretinice pensar em qualquer forma de competição sustentada em outros métodos.

Os tostões que o Benfica recebe de uma indústria, também ela comprometida com a batota, não correspondem, nem de perto nem de longe, às multidões que o clube empresta às bancadas dos recintos do país.

Por tudo isto e mais alguma coisa, que o Benfica vá para a liga espanhola, o que constituirá, na verdade, o maior interesse que os espanhóis terão para a criação de uma liga ibérica que tem andado por aí a ser cogitada.

Sunday, March 06, 2011

pequenez

É absolutamente incompreensível, o ódio que destilou hoje das bancadas daquele campo a que chamam de pedreira. Não sei se foi futurologia, mas, de facto, o epíteto até se adequa em função da quantidade de objectos que foram cuspidos pelos energúmenos que por lá passaram esta noite. É um clube rasteiro, gerido por gente rasteira e com uma equipa técnica e jogadores também rasteiros. Aquelas gentes nas bancadas, outrora benfiquistas e sportinguistas assumidos, que nos últimos anos se aperceberam que a cidade que habitam até tem um clube, vivem num permanente estado de frustração decorrente do facto de viverem paredes-meias com uma cidade que, essa sim, tem um clube a sério e que tem adeptos a sério desde a sua fundação. Depois da época risível que o dito clube da pedreira tem feito, juntou-lhe hoje esta vitória, ainda por cima adulterada, e a forma como a festejou, para mostrar ao país a sua ridícula pequenez.

Tuesday, February 22, 2011

Breves do Sporting e do Benfica

Todas e quaisquer dúvidas que ainda pudessem existir na cabeça de alguns sportinguistas relativamente à realidade do seu clube (tendo, sempre, como referência o Benfica), terão ficado dissipadas no jogo de ontem à noite. Para a maioria dos adeptos leoninos, uma vitória ontem seria a salvação da época. Colocar definitivamente um ponto final nas aspirações benfiquistas de vencer a liga, proporcionaria à nação verde e branca, um real momento de glória, mesmo encontrando-se essa nação mergulhada numa das maiores crises da sua existência.

Este choque com a realidade que está a assolar Alvalade, foi sendo adiado ao longo dos anos pela competência de um treinador, que também muitos daqueles que ontem quiseram imitar os terroristas das bolas de golf, e que acabaram a ser sovados por bastões, decidiram vaiar inúmeras vezes. Como esse próprio treinador afirmou após abandonar o clube, a sua prolongada permanência no cargo deveu-se, exclusivamente ao facto de ter ficado à frente do Benfica na classificação. Penso que esta asseveração é reveladora quanto à principal patologia sportinguista…

Relativamente ao Benfica, as imagens da última, quase vintena de jogos seria suficiente para calar os mais cépticos. Mas não. O ano passado, a meio da época, ainda havia uns quantos analistas que, estóicos, continuavam a ter visões apocalípticas sobre o momento da derrocada encarnada. Derrotados pelas evidências, mas não totalmente convencidos, este ano, após a entrada em falso – condimentada com algumas indecorosas arbitragens – do Benfica, deu-lhes a apetecida e ansiada represália. As capas do Jornal A Bola, foram do mais eloquentemente cáusticas que se possa imaginar, sobretudo no tratamento a Jorge Jesus. Agora, muitos estarão novamente a engolir o sapo.

Jorge Jesus demorou a acertar o passo. Não ficou isento de algumas críticas (inclusivamente por aqui), mas está a demonstrar à saciedade que é, de facto, de uma competência inatacável. Soube reconhecer alguns erros, e teve a paciência necessária para, em certa medida, com a mesma filosofia e algumas nuances ao modelo da época passada, devolver o futebol de nota artística elevada ao clube.

Importa também reconhecer a importância que teve a estrutura directiva para, no momento certo, saber defender e apoiar a equipa técnica. Também Luís Filipe Vieira soube aprender com erros do passado.

Thursday, February 03, 2011

Breves do clássico

Esta vitória do SL Benfica num campo tradicionalmente adverso tem muitos prismas de análise. Desde logo, a velha lengalenga das supostas invenções dos treinadores. Ontem, Jesus inventou Peixoto (grande risco sendo o jogador, como o próprio admitiu, o patinho feio do plantel) em detrimento de Aimar, mudando também a estrutura posicional da equipa, sobretudo para os momentos em que não teria bola. Se tem corrido mal, hoje o treinador do Benfica estaria a ver o seu nome ser inundado de impropérios oriundos de todos os quadrantes. Como correu bem, os epítetos vão de mestre a génio, e por aí fora…

Sobre a indiscutível vitória do Benfica, não há muito a dizer. Urge, no entanto, destacar algumas exibições individuais, não olvidando o facto da exibição e resultado se ter alicerçado, fundamentalmente, na organização colectiva e atitude de toda a equipa.

Sidnei: Enormíssima exibição, e já não é a primeira vez que denota este patamar de excelência naquele campo – fê-lo em 08-09, no empate a um golo. Também nessa noite, enfiou o – nessa altura, ainda mais circense – Hulk no “bolso”. Sidnei é a maior garantia de que David Luiz, não obstante ter sido transferido abaixo da cláusula de rescisão, acabou por ser bem vendido.

Fábio Coentrão: Está nos dois golos. Uma locomotiva que Paulo Baptista decidiu, pateticamente, retirar do espectáculo.

Javi Garcia: Muito provavelmente a próxima grande venda do Benfica (não contando com Coentrão, que segundo consta, já estará encaminhado para Madrid).

Luisão: O costume. A segurança absoluta. Este sim, se saísse, seria muito complicado suprir a sua falta.

Saviola: A par de Aimar, dos maiores luxos que o depauperado futebol luso poderia ter.

Monday, January 31, 2011

Breves do mercado

O mercado dá os últimos suspiros, e a notícia mais estrondosa é a saída de Liedson do Sporting! Depois disto o que se segue lá para os lados de Alvalade? Pior só o regresso de uma qualquer comissão presidencial composta por Sousa Cintra e Jorge Gonçalves…

Kléber seria um excelente substituto, mas esse já tem guia de marcha para o clube que servia de exemplo ao presidente que fugiu…

O definhamento do clube leonino chega a ser comovente…

Servirá, porventura, de consolo aos adeptos sportinguistas, o facto de não estarem sós no que respeita a tendências ruinosas. Lá por fora, o Liverpool parece estar em vias de ceder Fernando Torres ao Chelsea. Para já, está confirmada a aquisição de Andy Carrol ao Newcastle. O problema é que comparar o poste que tem marcado uns golitos para os magpies com El niño, é o mesmo que comparar patê de sardinha com caviar.

O Atlético de Madrid de Quique Flores também não se endireita desde que perdeu Simão Sabrosa para o magalómano projecto do Besiktas. O treinador também não dá grande ajuda quando se lembra de colocar um recém-contratado Elias – um dos melhores médios-centro brasileiros da actualidade – a jogar a extremo-esquerdo, ou defesa-direito…

Outra notícia, mais ou menos curiosa, é a saída de Carlos Freitas do Panathinaikos. Embora neste caso o que suscita maior interesse é estarmos perante mais um desaire de Jesualdo Ferreira – o segundo em cinco meses, o que só vem provar que, de facto, no clube portuense são as estruturas que mais ordenam, as legais e as outras…

Thursday, January 20, 2011

SSC Napoli: O despertar de um vulcão?


Distantes no tempo já começam a ficar as erupções que Diego Armando Maradona provocou no mítico S. Paolo e que agitaram toda uma cidade, já por si, dada a estes fenómenos. O vulcão S.Paolo, depois de um longo período de inactividade, e até adormecimento, parece estar a voltar a agitar o povo napolitano.

A glória da década de 80, em que o clube bateu o pé aos todo-poderosos do Norte, não será fácil de repetir, no entanto o clube azzurri, ostenta esta época uma equipa bastante interessante e que se encontra, para já, a discutir o título, posicionado na segunda posição da liga.

O mentor deste projecto dá pelo nome de Walter Mazzarri, e esta época tem sido a continuidade da época transacta, a qual desembocou numa posição europeia na tabela classificativa. A sua passagem em 2007/2008 e 2008/2009 na Sampdoria também já tinha dado boas indicações.
Desde logo, há que destacar uma particularidade técnico-táctica de Mazzarri: a sua preferência por sistemas de três centrais – foi assim em Génova, tem sido assim na cidade napolitana.

Paolo Cannavaro e Campagnaro têm, habitualmente, presença garatinda no eixo defensivo, sendo que a terceira posição tem vindo a ser ocupada alternadamente por Aronica e Grava. No meio-campo, ao centro, dois médios de contenção: Pazienza e Gargano (o benfiquista Yebda tem sido a alternativa mais recorrente); nos corredores laterais, dois alas “carrilleros”: Dossena na esquerda e Maggio na direita. No ataque reside a alma da equipa com o criativo Marek Hamsik, a alternar o seu posicionamento entre o corredor direito e o centro – o que faz oscilar o sistema entre o 3-4-3 e o 3-4-1-2 –, o velocíssimo e desequilibrador Ezequiel Lavezzi e o goleador Edinson Cavani (para já, melhor goleador do campeonato com 13 golos).

A equipa de Mazzarri, sobretudo quando joga em casa, costuma apresentar-se muito pressionante, compacta e sempre com a exploração da velocidade de Lavezzi – uma das suas maiores armas.
A construção de jogo passa, invariavelmente, pelos pés do eslovaco Hamsik, que, não raras vezes, costuma recuar no terreno para dar início a esse processo.

A única dúvida que resta relativamente às eventuais possibilidades de repetir as façanhas da década de 80, relaciona-se com a eventual falta de “banco” que o plantel napolitano tem, comparativamente com os colossos de Milão.