Monday, June 30, 2008

Espanha campeã da Europa

Confirmou-se. A Espanha é a actual campeã da Europa. Com um percurso irrepreensível, apenas com vitórias, sem golos sofridos na fase final, aquela que era reconhecida à partida, por muitos, como a selecção mais valiosa do ponto de vista das individualidades que a compunham, mostrou uma qualidade de jogo colectivo absolutamente inquestionável. Hoje, um pouco por todo o mundo, a selecção espanhola é alvo dos maiores elogios.

Em síntese, depois do que já foi escrito neste espaço, existem alguns aspectos dignos de uma nota final. Um deles diz respeito à solidez do modelo de jogo espanhol. Em 4-4-2 ou em 4-1-4-1, fosse qual fosse o adversário, a equipa manteve sempre os mesmos princípios, a mesma identidade. Outro aspecto tem a ver com a simplicidade de processos. Foi um futebol simples, atractivo, eficiente e eficaz aquele que foi praticado pelos actuais campeões europeus.

Thursday, June 26, 2008

OLÉ


Houve quem dissesse que o resultado do primeiro jogo entre as duas equipas havia sido algo “mentiroso”. Talvez, mas apenas nos números. Se dúvidas houvessem em relação à superioridade espanhola, elas dissiparam-se todas no jogo de hoje.

Penso naquela máxima que diz que uma equipa só joga aquilo que a outra deixa, que aqui se pode aplicar às duas equipas. Talvez haja uma maior tendência, atendendo às recentes e sensacionais exibições russas, para se pensar que os comandados de Hiddink hoje não estiveram no seu melhor. Também porque apesar de se reconhecer a enorme qualidade da equipa espanhola, parece-me ter prevalecido na mente de alguns analistas aquele estigma histórico da “fúria espanhola” que acaba sempre por fracassar nos momentos decisivos. No entanto, eu prefiro olhar sempre (salvo algumas óbvias excepções) para a perspectiva de quem vence, e foi notório que a superioridade técnica, táctica e criativa dos espanhóis, esterilizou por completo o futebol da equipa russa.

Ao contrário do que se passou no jogo frente à Holanda, desta vez os russos tiveram uma atitude mais expectante, sobretudo, os dois jogadores mais adiantados que não pressionaram tão alto. Terá sido uma opção estratégica, devido ao reconhecimento da enorme qualidade do sector intermediário espanhol, que é onde começa efectivamente a construção de jogo da equipa, através de Xavi e Senna. Também porque pressionar Sérgio Ramos, Marchena ou Puyol não garante a mesma eficiência e eficácia que pressionar Boulharouz, De Jong ou Mathijsen. O meio campo espanhol foi assim convidado a fazer o que mais gosta: ter a bola e fazê-la circular com precisão. E há um pormenor que faz muita diferença, é que os médios espanhóis jogam sempre de cabeça levantada.

A organização defensiva da Espanha foi também de uma enorme eficiência, juntando sempre duas linhas de jogadores muito próximas uma da outra, à frente da sua grande área. Os duelos individuais penderam também quase sempre para o lado espanhol, com destaque neste particular para a actuação de Sérgio Ramos que, para além do excelente jogo em termos ofensivos ainda secou ” Zirkhov - uma das maiores fontes de desequilíbrio do jogo russo.

Agora falta apenas um jogo, frente a uma Alemanha que escapou ilesa e vencedora de um sufocante “banho turco”, para nuestros hermanos conseguirem aquilo que procuram há muito tempo.

Wednesday, June 25, 2008

O mito Queiroz

Está em curso uma verdadeira campanha a favor da contratação de Carlos Queiroz para futuro seleccionador nacional. Há até quem vá mais longe e defenda que o actual adjunto de Alex Ferguson deveria ser o responsável por toda a “estrutura” do futebol de selecções…

Devo confessar que não tenho memória de ver um treinador adjunto tão glorificado como é Carlos Queiroz. A coisa é de tal modo exacerbada que até parece que o Manchester United só conquistou títulos desde que o treinador português lá aterrou.

A verdade é que o professor a nível de futebol sénior esteve sempre muito longe do sucesso. Como seleccionador nacional falhou a qualificação para o campeonato do mundo dos Estados Unidos. No Sporting, tendo ao seu dispor um dos melhores plantéis de sempre da história do clube, conquistou apenas uma Taça de Portugal. Foi seleccionador da África do Sul, conseguindo a qualificação para o Mundial 2010. Em Espanha, numa breve e fracassada passagem pelo Real Madrid, conquistou uma Supertaça. Esta é a realidade, o resto são fábulas.

Apontam ao professor a "paternidade" de uma geração de futebolistas brilhantes, aquela que ficou conhecida por geração de ouro. Pois é, ele estava lá, em Riad e em Lisboa, e claro que neste particular não se pode escamotear o mérito nos sucessos alcançados. Agora, daí a dizer-se que Queiroz foi o visionário que inventou a formação no nosso país, é que me parece uma ideia alucinada. Então e os clubes? Não formaram jogadores, muitos dos que compuseram a dita geração dourada? E não têm continuado a fazê-lo? E já não o faziam antes de Queiroz ter passado pelos quadros da FPP?

Fernando Pessoa escreveu que criar mitos é o mistério mais alto que a humanidade pode realizar.

De facto, há mistérios insondáveis…

Sunday, June 22, 2008

Espanha: vencendo o destino


Quando Fabregas enfiou a bola dentro da baliza de Buffon, não foi apenas a Itália que acabou derrotada, foram as superstições, as premonições, em suma, a fatalidade que tem sempre perseguido nuestros hermanos nestas competições.

A Espanha foi a única equipa, das que tiveram uma fase de grupos tranquila, a passar os quartos-de-final e ontem, não obstante ter sido a equipa que mais procurou a vitória, também teve o mérito de o ter feito sem cair na tradicional fúria que tantas vezes a traiu no passado.

Dos quatro semi-finalistas, a equipa de Aragonés, é aquela que para além de juntar o melhor conjunto de individualidades, também tem demonstrado uma qualidade muito interessante ao nível do seu jogo colectivo, com princípios bem definidos. Marcos Senna, mais posicional à frente da defesa é o garante dos equilíbrios do onze; de perfil com o brasileiro naturalizado espanhol, Xavi é invariavelmente o grande responsável pelo início da construção de jogo. Nas alas, Silva e Iniesta, procuram os movimentos interiores e combinações simples com os dois avançados, Villa e Torres, que não dão apenas profundidade mas também largura ao processo ofensivo, através da permanente mobilidade, que os faz aparecer muitas vezes nos corredores laterais. Este tem sido o retrato dos espanhóis ao longo dos quatro jogos já disputados.

Até as alterações que têm sido feitas no decorrer dos jogos, parecem respeitar um plano de jogo prévia e escrupulosamente concebido, com os jogadores que entram a terem exactamente os mesmos desígnios dos que saem: Xavi por Fabregas, Iniesta por Cazorla (neste caso dando mais profundidade ao corredor direito) e troca de um dos avançados. Fica a dúvida de saber se o plano compreende soluções para a hipótese de ter que dar a volta a uma desvantagem…

Saturday, June 21, 2008

A Rússia é que é mecânica!






Guus Hiddink


Há muito tempo que não via uma equipa tão empolgante quanto esta Rússia de Hiddink. É um facto que não começaram o torneio da melhor maneira, mas aos poucos, têm vindo a revelar um futebol extremamente interessante. A laranja, que muitos se apressaram a apelidar de mecânica, foi espremida por uma equipa russa, essa sim, com muito de mecânica, na forma como abordou este jogo. Desde logo na forma como os dois avançados móveis e “defensivos” caíam em cima dos defesas laranjas assim que estes tentavam iniciar a primeira fase de construção e também na forma apoiada e harmoniosa como construíram as suas jogadas ofensivas. A Holanda, tal como já tinha escrito aqui, é uma equipa cujo modelo de jogo, em termos ofensivos, assenta no método do ataque rápido e do contra-ataque, algo que os russos nunca lhes permitiram explorar, fruto de uma consistente transição defensiva.

A equipa de Hiddink dominou e controlou o jogo. O seu ponto menos forte foram as bolas paradas, tendo sido através desses esquemas tácticos que os holandeses criaram as suas maiores situações de perigo, chegando mesmo a concretizar uma delas. No entanto, os primeiros minutos do prolongamento mostraram que muito dificilmente a vitória escaparia a quem mais fez por ela.


Guus Hiddink continua a obter resultados assinaláveis. Quem tem acompanhado o seu percurso, reconhece facilmente neste futebol, a marca do treinador holandês.

Arshavin é simplesmente brilhante. Com apenas dois jogos realizados já conquistou lugar de honra na história deste europeu, para além de ser já o mais sério candidato a melhor jogador do torneio.

Friday, June 20, 2008

Contra factos não há argumentos. Obrigado Scolari e boa sorte

O primeiro jogo de uma equipa nacional vestindo uma camisola com as cinco quinas gravadas ocorreu em Dezembro de 1921.
Das 18 edições de campeonatos do mundo de futebol, Portugal teve lugar em apenas 4, sendo que o melhor resultado alcançado foi um 3º lugar em Inglaterra, no ano de 1966. Depois dessa data, a selecção lusa só voltaria a marcar presença no dito certame, 20 anos depois, em 1986, no México, tendo-se aí feito notar mais pelo que se passou fora dos relvados do que dentro deles, numa epopeia que ficou vergonhosamente conhecida como o caso Saltillo. A partir daí, falharam-se três qualificações (90, 94 e 98). Apenas voltaríamos a marcar presença na maior competição futebolística do planeta, em 2002 na Coreia/Japão – prestação inglória, novamente manchada com episódios rocambolescos pouco relacionados com a bola e os relvados.

No que respeita a campeonatos da Europa, a nossa selecção esteve presente apenas em três edições: em 1984 onde chegámos às meias-finais, o que até terá sido quase um milagre face aos conflitos de interesses e às rivalidades clubísticas que minavam o seleccionado luso e que tiveram enormes repercussões, muitas das quais só conhecidas anos depois. A equipa portuguesa só voltaria a marcar presença num campeonato da Europa, 12 anos depois, ou seja, três edições depois, em 1996 em Inglaterra atingindo os quartos de final da prova. Em 2000, na Bélgica/Holanda, a equipa das quinas voltaria a ter sucesso, alcançando as meias-finais.


Desde que Scolari chegou à selecção, na sequência da vergonha que ocorreu em terras asiáticas, a equipa portuguesa atingiu a final do Europeu em 2004, realizado no nosso país. De seguida foi conseguida a qualificação para o campeonato do mundo de 2006, no qual foi alcançado o 4º lugar. E por último, após conseguir a qualificação para o Europeu que actualmente decorre na Áustria e Suiça, acabámos por sucumbir nos quartos de final da prova.

Em termos temporais, os dois primeiros parágrafos dizem respeito a 82 anos. O último apenas se refere a 4 anos. Julgo que não será preciso acrescentar mais nada.

Para além dos resultados, Scolari conseguiu colmatar e disfarçar as fragilidades de uma federação que nunca passou de uma autêntica confraria, promotora de favores e de obscuros interesses pessoais e/ou institucionais.
A selecção nacional foi sempre uma plataforma por onde gravitaram esses mesmos interesses, o que conduziu muitas vezes aos já mencionados acontecimentos que envergonharam o povo português. Também desta forma se foi desenvolvendo, ao longo dos anos, um enorme distanciamento entre os portugueses e a selecção nacional, algo que, como facilmente se reconhece, se alterou substancialmente com Scolari.


Contestar estas evidências é de um autismo tão atroz que nem vale a pena rebatê-lo.

Por tudo isto, eu como tenho memória e sei ser grato, digo: muito obrigado Luiz Felipe Scolari e boa sorte em Londres.





Thursday, June 19, 2008

A grande razão do adeus lusitano


Não interessa muito analisar se as bolas paradas foram defendidas à zona, ao homem, ou num misto das duas coisas.

Não é de grande importância estar a analisar os erros individuais e colectivos.

Não será agora pertinente constatar que se esperava mais deste ou daquele jogador.

A conversa sobre a ida do seleccionador para o Chelsea é uma patetice.

Mais importante que essas coisas todas - que serão escalpelizadas até à exaustão nos próximos dias - e acima de tudo, o que é lúcido, é reconhecer que o homem da fotografia foi o grande vencedor do primeiro jogo dos quartos de final da prova. Este foi um exemplo claro de um caso em que o sistema de jogo (disposição de base dos jogadores em campo) foi determinante para o que sucedeu no jogo. E não só, claro...

Tuesday, June 17, 2008

Que jogos anda a ver Menotti?

César Menotti escreve hoje no jornal Record o seguinte: "...Quando recebe a bola [Ronaldo],conta-os. Se forem menos de quatro pela frente, ataca-os. Se forem mais de quatro entrega ao lado e fica a olhar. Deco, quando tem a bola controlada, pensa no passe mágico. Se o somarmos a Simão, que quer sempre mostrar que é habilidoso e a Nuno Gomes, que pensa sempre como goleador e não como avançado, então percebemos como se ressente o colectivo..."

César L. Menotti, Afinal sabem jogar, in Jornal Record, 17 Junho de 2008


Os jogos que tenho visto levam-me a discordar rotundamente de Menotti.
Ronaldo ataca sempre, mesmo que sejam 11 à frente dele... Deco, antes de ter a bola já está a pensar (ou já pensou) no passe mágico. Quanto a Simão, Menotti deve tê-lo confundido com Quaresma. Com Nuno Gomes passa-se precisamente o oposto do que diz o argentino.

Sunday, June 15, 2008

Notas do Euro

Li no jornal A Bola, que não haveria um português que não estivesse feliz com o afastamento dos gregos. Enganam-se, há pelo menos um português que não partilha desse sentimento, muito menos o entende.
A Grécia nunca ganharia um concurso de beleza futebolística, é certo, mas ganharam o último europeu com todo o mérito. Isto parece-me mais que óbvio. No dia em que a finalidade do jogo não passe exclusivamente por introduzir a bola o maior número de vezes possível na baliza adversária, evitando que a mesma entre na própria baliza e seja criado um júri que faça uma espécie de avaliação técnica como na patinagem artística, então talvez possamos questionar o triunfo grego, e muitos outros alcançados ao longo da história do futebol…

Anda toda a gente maravilhada com a selecção holandesa. Também acho a equipa muito interessante, no entanto daí a fazerem-se comparações com a laranja mecânica de Rinus Michels, muito mais que um exagero, é quase um sacrilégio.
É mais um lugar-comum clássico. Tal como a Itália, na cabeça de muita gente, é e será sempre olhada à luz do catenaccio, os holandeses são e serão sempre olhados à luz do futebol total

A Filosofia futebolística que celebrizou a selecção holandesa do mundial de 74 e também da que foi campeã europeia em 88 e que lhes valeu o epíteto de laranja mecânica (mais à primeira), assentava no axioma da posse e circulação de bola, com permanentes variações do ângulo do jogo, produzindo um futebol fluído, ofensivo e espectacular. O futebol total foi uma revolução táctica que marcou indelevelmente o jogo.

Esta equipa orientada por Van Basten, não é uma equipa eminentemente ofensiva, sendo que um dos pontos de destaque até é precisamente a sua consistência defensiva. A equipa raramente se desequilibra, fruto de uma linha defensiva que, com excepção de Van Bronckhorst, a espaços, raramente se envolve em acções ofensivas. No lado direito da defesa joga um central, Boulahrouz, que se preocupa essencialmente em fechar o seu corredor. À frente deste quarteto, está um duplo pivot também essencialmente com missão defensiva. Desta forma, soltam-se a criatividade e capacidade técnica de Sneijder (uma das grande figuras do torneio até ao momento) e Van Der Vaart. Os processos ofensivos até assentam no contra-ataque e no ataque rápido (5 dos 7 golos marcados derivaram deste tipo de acções), não que a equipa não seja forte em posse, mercê da referida qualidade dos seus jogadores, sobretudo os da segunda linha do meio campo. Mas até as opções de Kuiyt e Sneijder nos corredores laterais denotam uma preocupação defensiva. O primeiro pela cultura de transição defensiva apreendida e aprendida no Liverpool onde também joga muitas vezes nos corredores laterais e o segundo pelo facto de também estar habituado a ocupar a zona central do campo, zona habitual de pressão, onde joga com eficiência .

Suiça 2-0 Portugal: para acalmar e para não tirar grandes conclusões


Resultado óptimo para refrear certos ânimos. No entanto, daqui não se tirem ilações precipitadas tais como a de se pensar que não existe “segunda linha” na selecção. Um onze que inicia o jogo com 8 alterações face à equipa habitual, não é a mesma coisa que um desses jogadores da chamada segunda linha entrar a meio de um jogo que está a ser jogado pelos habituais titulares.

Em termos colectivos, o meio campo com jogadores mais posicionais como Meira e Veloso acabou por se revelar pouco proficiente em termos de construção, isto apesar de Meira ter cumprido razoavelmente a sua missão. Meireles, o mais dinâmico dos três também acabou por não aparecer no jogo. A entrada de Moutinho explicou bem o que estava a faltar naquele meio campo.

Os processos ofensivos ficaram assim, à semelhança do que já sucedera muitas vezes na fase de qualificação, muito previsíveis, com bolas longas para os alas que facilmente se perdiam, quer por via da acção dos defesas suíços, quer por via das, por vezes, inconsequentes acções dos jogadores que ocupavam essas posições.
Em termos individuais, destaque para Hélder Postiga que esteve em alguns dos melhores lances ofensivos da equipa, tendo inclusive marcado um golo que foi mal anulado pelo árbitro.

Thursday, June 12, 2008

Áustria 1-1 Polónia: a vontade de reentrar na história


Em teoria, os nomes das duas selecções não faziam antever um espectáculo de grande pompa, no entanto, acabou por ser um jogo bastante interessante de seguir.

A primeira parte mostrou-nos a equipa da casa a lutar contra o adversário, mas sobretudo contra as suas próprias limitações, contra a descrença do seu povo e contra o rótulo de “patinho feio”, como que a querer fazer lembrar-nos que em tempos idos, o patinho já foi um belo cisne. A equipa polaca parecia confusa em campo com a avalanche ofensiva dos austríacos que faziam desse modo jus à célebre frase: “ A melhor defesa é o ataque”, proferida pelo seu conterrâneo e mítico treinador do início do século passado, Hugo Meisl. É certo que no meio dessa vontade, luta, e sucessivos ataques à baliza polaca, houve alguma ingenuidade, inexperiência e também alguma falta de capacidade técnica e táctica que acabaram por contribuir para a dura punição do golo que acabariam por sofrer.

A segunda parte foi diferente, o corpo e principalmente a alma foram-se desvanecendo e o adversário foi controlando um jogo que cada vez mais parecia correr-lhe de feição. Só que já nos descontos, o apito do árbitro a assinalar uma grande penalidade, soou como uma trombeta divina a querer aplicar alguma justiça. Agora, as hipóteses de fazer história passam por uma missão muito difícil: vencer a vizinha e nem sempre simpática Alemanha. Mas vasculhando na história destes dois vizinhos do centro da Europa, encontram-se alguns episódios de missões difíceis, impossíveis até, como aquele ocorrido em 1941 em que o Rapid Vienna - o mais emblemático clube austríaco, então incorporado no campeonato alemão, por via da anexação austríaca - foi campeão da Alemanha.

Wednesday, June 11, 2008

[Portugal 3-1 R. Checa] Homem do jogo: Deco, sem dúvida


Se no jogo frente à Turquia, foi o colectivo que mais mereceu destaque, neste jogo, para além do desempenho colectivo ter sido consistente, há um destaque individual que merece, sem sombra de dúvida, ser feito.

Deco, pelo que jogou, pelo que fez jogar, pela inteligência, visão de jogo, capacidade técnica e muito mais. Foi ele o grande dínamo que acelerou o ritmo de jogo da equipa portuguesa e que mais contribuiu para desmontar o organizado bloco defensivo checo.

O mediatismo de Ronaldo acabou por pesar mais para a UEFA...

Tuesday, June 10, 2008

Espanha 4-1 Rússia: a beleza das coisas simples


Poder-se-á falar em algumas facilidades concedidas por parte dos comandados de Hiddink, no entanto, também será justo dizer que a equipa espanhola fez aquilo que por vezes se torna mais complexo num jogo de futebol, ou seja, as acções simples. É um paradoxo, mas quantas vezes já não observámos situações de jogo onde a solução para uma determinada jogada nos aparece com uma evidência excessivamente óbvia? E não raras vezes, essa solução não se concretiza acabando a jogada por desembocar no insucesso. A este respeito, o segundo golo da Espanha é paradigmático: passe vertical de ruptura efectuado pelo portador da bola, diagonal de um jogador que está próximo, no limite do fora-de-jogo e finalização. Parece fácil, mas não será tanto assim. A jogada implica uma total coordenação entre os dois jogadores. Uma linha de passe nasce a partir do momento em que Iniesta executa o passe em simultâneo com a desmarcação de Villa. É claro que aqui entram as rotinas sistematizadas no treino, as capacidades dos jogadores e um conjunto de outras variáveis, não esquecendo, naturalmente, aquelas que dizem respeito à equipa adversária. Importa referir que esta não foi uma jogada isolada ao longo do jogo.


Foi apenas o primeiro jogo e nuestros hermanos já nos habituaram a estas entradas de rompante que depois acabam por redundar em enormes fracassos, contudo, uma equipa com um meio campo onde pontificam a criatividade e capacidade de passe de Xavi, Iniesta e Fabregas, e que conta com uma dupla de atacantes como Torres e Villa, tem que ser considerada como uma das fortes favoritas a vencer o torneio.

Monday, June 09, 2008

Portugal 2-0 Turquia: afinal há equipa


Para mal dos pecados daqueles que passam a vida a emitir opiniões depreciativas acerca de Scolari e das suas opções, a selecção nacional juntou ao bom resultado, uma consistente exibição no seu jogo inaugural. Apesar do foco excessivo e obsessivo que desde o início do estágio, tem sido apontado para Cristiano Ronaldo, o destaque neste jogo frente à Turquia tem que ser atribuído ao colectivo e não a Ronaldo ou a outra qualquer individualidade, não obstante o lance chave do jogo, ter nascido de um típico movimento de desequilíbrio individual.

A equipa portuguesa esteve bem em termos de organização defensiva (e note-se, foi a equipa e não apenas os defesas), e em termos ofensivos, também houve movimentações que fugiram bastante à previsibilidade patenteada nos últimos jogos da fase de qualificação. A tónica tem que ser posta no colectivo, contudo, penso que para além do excelente jogo de Pepe e Moutinho, há dois jogadores que devido às dúvidas que muitos colocaram face às suas titularidades ou até mesmo convocações, merecem uma nota de destaque: Petit e Nuno Gomes. O primeiro pela sua entrega e disponibilidade, pelas suas acções quer em termos defensivos, quer em termos de pivot, por onde passa muitas vezes a primeira construção de jogo. Quanto a Nuno Gomes, também se deve referir a inteligência habitual, nos movimentos, na leitura de jogo e na finalização, pois as bolas nos ferros são apenas azar…

Tuesday, June 03, 2008

Um treinador especial num clube especial



Quanto toda a gente esperava uma manifestação “à Mourinho”, eis que o treinador português surpreende tudo e todos afirmando, num italiano fluente, que não pretende ser especial, pois o clube sim, esse é que é especial.
De facto assim é. O FC Internazionale é um clube lendário, o clube de Helenio Herrera, Facchetti, entre outros. Uma realidade muito diferente daquela que envolve o Chelsea FC. Ao reconhecer isto, Mourinho foi especial recusando assumir-se como tal.

O técnico português também afirmou que dentro em breve, o Calcio tem todas as condições para voltar a ser o melhor campeonato do mundo. Para já, a sua presença, com certeza dará um enorme contributo para tal.
Pode ver aqui na íntegra a conferência de imprensa de José Mourinho.