Friday, August 27, 2010

Fatalismo estrutural


Ponto prévio: acredito firmemente que existem maiores probabilidades de sucesso com um treinador competente numa estrutura de clube fraca, do que o inverso.

Jorge Jesus foi o principal obreiro da brilhante época encarnada. Os elogios que foram feitos à estrutura (?) do futebol do clube da Luz foram apenas banha da cobra que foi e continua a ser, sistematicamente, vendida pelo jornal onde pontificam os maiores acólitos de Luís Filipe Vieira.

Este ano a máquina inquinou. Já se percebeu que a convicção referida no ponto prévio será posta à prova. Quando se sabe que Luís Filipe Vieira – invariavelmente aconselhado por elementos da SAD (!) – dá “negas” a jogadores pedidos pelo treinador, penso que está tudo dito quanto às reais capacidades que o clube terá para revalidar o título conquistado na época passada. A “substituição” de Ramires tarda em ser realizada (e já se diz que não irá ocorrer), enquanto isso, contratam-se Rodrigos e Alípios para pôr a rodar por aí…

O semblante de Jorge Jesus vale mais que mil palavras…

Juntando a isto tudo, a perda de crédito de Jorge Jesus, decorrente do seu bizarro fetiche com a altura dos guarda-redes, está composto o ramalhete para aqueles que, efectivamente, não percebem nada da poda, poderem desbaratar algo que foi tão brilhantemente conseguido na época anterior…veja-se o que aconteceu com Rui Costa que passou de uma época para a outra de responsável pelo futebol com plenos poderes, para uma “fase de aprendizagem”…

Claro que há, também, birrinhas evidentes, mas também é claro que essas, com uma estrutura à séria, também seriam facilmente resolúveis, nem que fosse ao estilo dos facínoras…

Posto isto tudo, e já à segunda jornada, apesar de ter o melhor plantel e o modelo de jogo mais consolidado e consistente, o Benfica dificilmente será bicampeão.

Tuesday, August 10, 2010

A chafurdice


Mais comovente que a patética prestação do seleccionado luso no último campeonato do mundo só mesmo ver Luís Filipe Vieira a ladear Pinto da Costa na defesa da mais pura das incompetências e patranhas que só têm paralelo – ou até ultrapassam, pelo menos em absurdo – com outras tramóias bem conhecidas, ocorridas há uns anitos atrás. Chega a ser tocante mesmo, ouvir Pinto da Costa (a mesma personagem das escutas do processo apito dourado) aparecer em público a utilizar, para defesa de Queiroz, o argumentário da credibilidade do futebol português!

Se a capacidade de Queiroz como seleccionador nacional – sempre camuflada com as baboseiras relacionadas com planos e projectos quinquenais que nunca ninguém, incluindo o próprio, soube explicar – fosse proporcional à sua capacidade para assinar contratos profícuos (ou neste caso concreto será mais correcto imputar responsabilidades ao chefe da confraria portuguesa de futebol?) e para sacar recursos (o maior investimento de sempre da confraria) e indemnizações, ficaria o país poupado a esta chafurdice toda.

Esta coisa da proporcionalidade tem, aliás, muito que se lhe diga. Basta recordar o linchamento desencadeado quando outro seleccionador tentou agredir um adversário, a quente, no meio de um jogo, e a indiferença obsequiada a outro que agride jornalistas em aeroportos e insulta médicos e responsáveis por organismos competentes na área do desporto.

No final disto tudo não nos admiremos se Queiroz ainda vier a colher mais uns trocos, surrealistamente, mantendo a ocupação que lhe permite continuar a brincar às selecções.

Tuesday, August 03, 2010

Notas de pré-época

Com o país a banhos, e na ressaca do Mundial de futebol, começou a silly season, no que ao futebol diz respeito, também.

Uma das coisas a merecer óbvio destaque é a aposta do campeão nacional na manutenção da estrutura que durante a época passada, brilhantemente, arrecadou o 32º título da história do clube. Futebolisticamente falando, do que se viu até agora, a máquina encarnada continua suficientemente oleada para que se reconheça, sem grande esforço, que a concorrência se encontra à distância. A considerável distância.

O Sp. Braga também mantém a sua aposta em reforços low cost que se destacaram a nível interno e a quem facilmente se antevêem épocas profícuas (Leandro Salino, Lima, Keita).

O Sporting tem apresentado um futebol razoavelmente organizado com alguns novos princípios de jogo já observáveis (pressão alta). Maniche e Pedro Mendes são um acrescento de algo que faltou em doses excessivas durante a época passada: experiência. No entanto, aquele 4x4x2 clássico levanta (pelo menos a mim) algumas reticências…

Quanto ao F.C. Porto, muito fraquinho. Ainda não se vislumbra rigorosamente nada de diferente, para melhor, relativamente à época passada. No torneio de Paris, viu-se uma equipa com imensas dificuldades na construção de jogo, sem zona de pressão definida e com um conjunto de jogadores para o sector defensivo que, no mínimo, deve deixar os adeptos portistas com os nervos em franja…

Do lado de lá do atlântico, a Confederação Brasileira de Futebol finalmente parece ter encontrado o caminho que fará regressar o futebol do país ao seu estado natural. Mano Menezes é um dos melhores treinadores brasileiros da actualidade. Quem viu o seu Grêmio e, mais recentemente, o seu Corinthians, percebe a enorme clivagem que existe entre as suas ideias e as que dominam o futebol brasileiro há décadas. Ninguém estará tão apetrechado como ele para encetar tamanha empreitada – o regresso do futebol-arte.