Tuesday, October 30, 2007

Adenda ao post anterior

Ainda relativamente ao assunto do post anterior, refira-se que F91 Dudelange (Luxemburgo) também se junta a F.C. Porto e AEK Atenas como equipa 100% vitoriosa nas ligas europeias.

Rigor

Porque o rigor deve ser um axioma por parte de quem tem a missão de informar, esclareça-se que, ao contrário do que foi dito ontem no programa Resultado final, o F.C. Porto não é a única equipa na Europa a contar por vitórias os jogos disputados na respectiva liga. Na Grécia, o AEK de Atenas também ostenta a mesma proeza - 6 vitórias em outros tantos jogos, e registe-se, sem golos sofridos.

Monday, October 29, 2007

Beto Acosta (Náutico)

Não, não é o "matador" que passou pelo futebol português há uns anos. No entanto a alcunha também encaixa bem neste homónimo do argentino que fez furor no Sporting.
À primeira vista parece meio desengonçado, mas estamos perante um avançado centro de grande qualidade. Acosta brilha no Náutico e esta época lidera a par de Josiel do Paraná, a lista dos melhores marcadores do Brasileirão. O uruguaio Acosta já fez balançar as redes adversárias por 18 vezes esta temporada. Alto e esguio, é um "rato de área" que também gosta de partir de zonas mais recuadas para transportar a bola até ao último reduto adversário. Tem mobilidade, técnica e a habitual "raça" sul-americana.
Reparei nele, num Cruzeiro-Náutico no qual marcou dois golos ao "time" da raposa.


Wednesday, October 24, 2007

Red Bull Boavista?


Apreensão é o que a maioria dos adeptos do Boavista F.C. estará a sentir com o regresso das notícias que dão conta das intenções da Red Bull em adquirir parte do capital social da SAD do clube. Atendendo a notícias recentes, o candidato Joaquim Teixeira estará interessado nessa eventual parceria com a multinacional austríaca. Ontem o jornal "A bola", adiantava que a empresa pretenderia alterar as cores do clube...

A situação financeira do clube do Bessa é crítica e a mesma serve para que se faça uma reflexão em torno do futebol português, designadamente no que respeita aos clubes "médios". É necessário que esses clubes não dêem passos maiores que as suas pernas, ou seja, não chega construir plantéis recheados de bons jogadores, é necessário criar as condições estruturais para que assim, possam alcançar, ainda que a médio / longo prazo, objectivos ambiciosos. Tudo o que se alcance sem esta premissa, só pode ser fruto de aspectos conjunturais, pelo que a sustentabilidade de qualquer projecto acaba por tornar-se complicada, pois faltam os alicerces que permitam até que sucessos dessa natureza não provoquem efeitos perversos, como está a acontecer no histórico clube axadrezado.

Wednesday, October 10, 2007

Leituras

O Sporting e a arbitragem (Luís Sobral, Maisfutebol, 2007/10/07)


"O comportamento de quem dirige o futebol do clube está a fazer lembrar outros tempos e outras práticas. Na realidade, traduz-se numa inaceitável pressão sobre os árbitros, que obviamente os condiciona e cria terreno propício a mais erros."



Falta seguida de falta… não é falta (João Querido Manha, zonadeataque.blogs.iol.pt, 2007/10/08)

Benfica em construção

Benfica-Shakthar. Momento do jogo: Já decorrida mais de metade da segunda parte, Maxi Pereira prepara-se para executar um lançamento de linha lateral, Camacho levanta-se retira a bola das mãos do uruguaio colocando-a nas mãos do colega de equipa Binnya para este a arremessar para a grande área adversária (excelente execução do camaronês!).

A ânsia de marcar um golo para evitar uma derrota que se adivinhava, era grande e isso sentia-se em cada milímetro de relvado e, já agora de bancada. Era já a fase em que o coração se sobrepunha à razão.

O Benfica está em construção, é esta a mensagem que o treinador espanhol está a transmitir desde que pegou na equipa encarnada.

Há quem estranhe o facto da reacção às críticas por parte do treinador espanhol conter tons críticos e irónicos, tendo em conta que é a sua segunda passagem pelo clube e como tal deveria conhecer a realidade que envolve o mesmo. Não tem nada de estranho. O Benfica, como qualquer grande clube tem essa sina, seja em que circunstância for. De qualquer maneira, a pressão agora tem uma dimensão muito maior. Camacho quando chegou ao Benfica, encontrou um clube depauperado, humilhado, cabisbaixo, com poucos recursos. Foi ele um dos obreiros do início da recuperação do clube. Naturalmente que adeptos e comunicação social souberam sempre dar um certo desconto relativamente a resultados menos conseguidos. Apesar de tudo, terá existido uma maior paciência por parte dos adeptos e também uma maior benevolência por parte da imprensa.

Hoje é totalmente diferente. Depois de Camacho, o Benfica tem-se vindo a aproximar cada vez mais do seu estatuto, com resultados internos e também no plano internacional.
O forte investimento feito esta época, associado a um discurso arrojado, e porventura, algo desmedido, por parte do presidente Luís Filipe Vieira, conduziram a um, também ele desmedido, estado de espírito na massa adepta do clube. A imprensa, já se sabe, centra-se sobretudo nas questões tácticas e no investimento dispendido em algumas onerosas contratações.

A única certeza que neste momento existe é a de que o Benfica é uma equipa em construção. Camacho ainda anda a “apalpar terreno”, quer a nível de conhecer os recursos que tem ao seu dispor, quer a nível táctico também.
Seria importante que Luís Filipe Vieira, o principal responsável pela situação, viesse clarificar isto junto dos associados e adeptos do clube da Luz.

Wednesday, October 03, 2007

Leituras

Futebol a olho nu (João Querido Manha - http://zonadeataque.blogs.iol.pt)


"A arbitragem submetida a meios electrónicos e audiovisuais seria altamente discriminatória para os clubes com mais exposição e interesse mediático e não seria aplicável em 99% dos campos de futebol. A solução passa pelo reforço do número de árbitros auxiliares."

Monday, October 01, 2007

O queixume do costume

Nesta última jornada sucederam em catadupa os queixumes sobre as arbitragens, com evidente destaque, invariavelmente, para o derby da Luz. É um facto indesmentível que muita coisa vai mal na arbitragem portuguesa e não é menos verdade que o problema não é de agora. No entanto há algo que começa a ser demasiado evidente. O Sporting tem já uma longa tradição nesta matéria, sendo que os eventuais erros de arbitragem são já argumento recorrente dos responsáveis leoninos para explicar ou desculpar resultados menos positivos. Quem não se recorda do folclórico luto pela verdade desportiva? Ou da inflamada cruzada contra o “sistema” levada a cabo por Dias da Cunha, o mesmo que umas épocas antes quando fora campeão aparecia de “braço dado” com aqueles que mais tarde viria a acusar de caudilhos do odioso sistema?

Na verdade, uma decisão que na perspectiva dos leões, penalize injustamente o clube desencadeia sempre uma convulsão que é capaz de durar uma época inteira. Tem sido assim esta época com o lance do dragão ocorrido à segunda jornada, e agora após o derby da Luz, Paulo Bento falou em vergonha e dirigiu mais uns quantos mimos aos árbitros e suas estruturas organizativas. Tudo isto roça o ridículo quando pensamos que ainda na penúltima jornada o clube de Alvalade foi objectivamente beneficiado com uma decisão da equipa de arbitragem, quando esta não assinalou uma grande penalidade (daquelas que não suscitam dúvidas nem discussão) a favor do Vitória de Setúbal. Nesse caso onde terá parado a vergonha? E existem muitos outros exemplos em que o Sporting saiu beneficiado, e na sequência dos quais, o silêncio ou o assobio para o lado foi a nota dominante por parte do clube de Alvalade. E desengane-se quem pense que este facto é algo de agora ou dos últimos anos. De facto esta idiossincrasia está inscrita no código genético da instituição. Nascido em berço de ouro, e como tal com tiques de fidalgo que espera sempre obter graça de outrem, o clube fundado pelo Visconde de Alvalade, desde muito cedo foi pródigo em manifestações de indignação sempre que os seus responsáveis entendiam que estariam a ser prejudicados. Foi assim no campeonato de Lisboa - época 1910/1911, em que os leões tiveram uma falta de comparência por alegadamente terem sido prejudicados num fora-de-jogo, precisamente num jogo frente ao Benfica. Nos primeiros passos do futebol lisboeta, dominados pelo popular Benfica, o Sporting sempre fez uso da sua maior riqueza material e influência para contestar tudo o que não lhe corria da forma que esperava.*

Houve um outro episódio interessante e pitoresco, que também encerra paralelismo com a actualidade, ocorreu num torneio lisboeta, em 1907 – ano em que o clube do Visconde de Alvalade conhecia a sua fase de expansão, quer em termos de infra-estruturas, quer ao nível da sua equipa de futebol, fruto da debandada de jogadores do Sport Lisboa (cerca de um ano mais tarde, Sport Lisboa e Benfica). Reza a história que num encontro frente ao Cruz Negra, após um remate de um jogador leonino a bola tabelou numa das árvores plantadas em redor do recinto de jogo, sendo depois devolvida para um remate que viria a resultar no golo dos sportinguistas. A comunicação que o clube mais tarde produziu em resposta a toda a polémica e discussão que naturalmente este lance provocou, foi a seguinte: «1º - O referee não apitou e, como tal, o jogo devia continuar; 2º - Em igualdade de circunstâncias, quando a bola bateu nas árvores do lado do campo, caindo na volta dentro do jogo, não era considerada fora.»*

Estes episódios pertencem a um passado longínquo, são história, contudo, esta não serve apenas para interpretar as acções passadas. A história também nos dá um enorme contributo para a análise e interpretação do presente.

Se o Sporting por vezes é prejudicado, também há outras em que é beneficiado, e não faz sentido algum assumir veementemente a postura moralista e de arauto da verdade desportiva na primeira situação, se na segunda se fala “baixinho” ou nem isso…


*Homero Serpa, História do Desporto em Portugal – Do Século XIX à Primeira Guerra Mundial, Instituto Piaget, Lisboa, 2007