Wednesday, December 13, 2006

Taxativo

"Infelizmente, há gente em Portugal que graças ao facto de conhecer as pessoas certas nos sítios certos têm palco em jornais, rádios e televisões. Podem dizer e escrever os maiores disparates que ninguém contesta e ainda são pagos para isso!"

«Opinadores azuis e brancos », por Pedro Guerra (Sportugal, 12-12-2006 ).

"Eu, Carolina" - Adenda

No anterior post faltou referir que este livro, no que respeita às questões que são de facto relevantes, não traz muita coisa de novo. Apenas algumas novas nuances que compõem e completam o já vasto leque de matéria informativa que as escutas da polícia judiciária já tinham revelado. Não se compreende, portanto, a atitude de espanto de alguns...


Para finalizar, um momento de sobriedade que infelizmente não tem tido muito eco...

Tuesday, December 12, 2006

"Eu, Carolina"

É evidente que Carolina Salgado não escreveu nenhuma obra literária, na verdadeira acepção do conceito, também é perfeitamente razoável concluir que há revelações que evidenciam que o livro é um acto vingativo, nomeadamente aquelas que se prendem com aspectos da esfera íntima do, outrora, casal, sendo que nem mesmo as sórdidas revelações acerca das maleitas intestinais do presidente do F.C. Porto são poupadas na narrativa.

Contudo reduzir este tema às motivações que levaram a cidadã Carolina Salgado a escrever este livro é escamotear o que verdadeiramente é relevante. O livro da antiga namorada do presidente do F.C. Porto poderá ter o mérito de vir a constituir um importante contributo para que o processo "apito dourado" não seja - a coberto de uma ardilosa manobra jurídica - vergonhosamente engavetado e esquecido...

Aqui ficam alguns excertos do dito livro.


"Sempre que [...] o Jorge Nuno achava que o árbitro tinha prejudicado o FCP, ligava ao senhor José António Pinto de Sousa, [...] começando por manifestar a sua indignação [...] mas acabando sempre por marcar um jantar para fazer as pazes"

"Os árbitros Martins dos Santos e Augusto Duarte, entre outros, eram visitas da casa. Eram levados pelo empresário António Araújo, bebiam café e comiam chocolatinhos"

"O Araújo funcionava como uma ponte entre o Jorge Nuno, o Reinaldo e os árbitros, disponibilizando-lhes simpatias, tais como raparigas e outros bens"

"Se o Jorge Nuno ficasse detido, contava com o apoio dos Super Dragões para o tirarem lá de dentro."

"Dizia-me [...] que era preciso dar uma lição ao doutor Ricardo Bexiga [...] Prontifiquei-me a tratar do assunto. O serviço custava dez mil euros"

“Foi o doutor Lourenço Pinto quem, às sete da manhã, nos telefonou para casa avisando que o major, o doutor Pinto de Sousa e alguns funcionários da Câmara de Gondomar tinham recebido a visita da PJ. O Jorge Nuno ficou deveras perturbado com o que estava a acontecer ao major. Receava que o major ou Pinto de Sousa falassem de mais. Esta era a sua preocupação”


Monday, December 11, 2006

F.C. Porto: o eterno retorno ou mais uma ausência de análise racional


Há por aí, agora, uma nova verdade absoluta que tudo e todos teimam em repetir: o F.C. Porto é a única equipa portuguesa com capacidade europeia – seja lá o que isso for.

Jornalistas, analistas e adeptos partilham esta convicção, sustentada também pelo próprio discurso de Jesualdo Ferreira e de alguns jogadores portistas.

Por parte da imprensa e de alguns comentadores, parece existir uma espécie de nostalgia em relação aos feitos recentes do F.C. Porto de José Mourinho, tendo-se já chegado ao ponto de terem sido feitas comparações de desempenhos entre esse Porto e o Porto de agora. É mais uma prova daquilo que, em algumas ocasiões tenho tido oportunidade de destacar, ou seja, a falta de racionalidade com que as matérias futebolísticas são tratadas. Não se busca apenas um novo Mourinho, agora também se procura um novo F.C. Porto de Mourinho…

Este espaço foi criado sem grandes pretensões, sem cor clubista e com o propósito único de escrever sobre futebol – aquele que se joga entre as quatro linhas, contudo, esse propósito tem sido desvirtuado – reconheço – por força de algumas circunstâncias que fazem reflectir todos aqueles que gostam de futebol. Uma dessas circunstâncias é a falta de qualidade da nossa imprensa desportiva e de muitas das análises e comentários que são feitos diariamente pelos opinion makers que em Portugal parecem ter um feed-back mais imediato e bem sucedido que em outros locais.

Sobre este assunto da capacidade europeia do F.C. Porto, pegue-se nos factos. Evidentemente que, tal como em outras paragens, a subjectividade não deixará se fazer parte da análise. A diferença estará porventura no facto de aqui ser assumida.

Tenho alguma dificuldade em definir – salvo algumas excepções óbvias - o que é um colosso do futebol europeu, contudo parece-me que serão as performances na liga dos campeões, nos últimos anos, um dos critérios utilizado por quem utiliza o chavão.
Nesse sentido, o único colosso com quem o F.C. Porto jogou nesta primeira fase foi o Arsenal – finalista vencido da última edição da prova. O saldo dos dois jogos resultou em uma derrota clara em Londres e num empate no Porto, em que ambas as equipas não se encontravam pressionadas para jogar futebol.

Não pretendo de maneira nenhuma retirar mérito ao F.C. Porto pelo feito de passar aos oitavos de final da prova, apenas penso que haverá por aí alguma falta de racionalidade e prudência em algumas análises que têm sido feitas.

Thursday, December 07, 2006

Notas finais da fase de grupos da Champions League


Sporting: pouco mais há a acrescentar ao que já foi dito no post anterior. No entanto, a título de nota final, deve dizer-se que a equipa leonina – não contando com a última jornada – teve uma prestação para além do que era expectável, sobretudo no início da prova e quando defrontou os mais fortes adversários do grupo. O Sporting surpreendeu com a vitória frente ao Inter, e abriram-se expectativas relativamente à passagem à fase seguinte. Paradoxalmente, no que era esperado que acontecesse – a qualificação para a taça Uefa – a equipa acabou por claudicar na última jornada.

Benfica: Começo de prova titubeante, não tanto (como foi sugerido por muitos) pelo empate na Dinamarca, já que o Benfica acabou por ser a única equipa do grupo que ali pontuou. O resultado na Luz, frente ao Manchester United é que terá tido peso significativo nas aspirações encarnadas. Ainda assim, seguiram-se duas vitórias concludentes em casa, frente ao Kopenhagen e Celtic, que vieram abrir a porta da qualificação. Tendo as decisões finais ficado reservadas para a derradeira jornada – fruto de resultados de terceiros que não beneficiaram a equipa de Lisboa, com a agravante de ter de realizar o jogo decisivo em Old Trafford com a equipa inglesa ainda não apurada - , o Benfica acabou por atingir o objectivo mínimo que é a qualificação para a taça Uefa.

F.C. Porto: À semelhança do Benfica, também não começou bem a prova mas acabou por conclui-la de forma bastante consistente. As vitórias concludentes em Hamburgo e na Rússia foram determinantes no apuramento para a fase seguinte. Na última jornada, as circunstâncias levaram a que tivesse havido um jogo de “gestão” no estádio do dragão.
Agora nos oitavos de final, a equipa portista terá adversário de respeito: Chelsea, Liverpool, M. United, Bayern, Valência, Lyon ou AC Milan, uma destas equipas discutirá o acesso aos quartos de final com o F.C. Porto.

Em termos globais, há que referir que este ano a primeira fase da prova não trouxe grandes surpresas. Seguem em frente os clubes dos principais campeonatos europeus: A Inglaterra com quatro clubes (Chelsea, M. United, Liverpool e Arsenal), a Espanha com três (Barcelona, Real e Valência) e Itália também com três (AC Milan, Inter e Roma). A Alemanha terá o Bayern como o seu único representante. O Hamburgo terá sido a grande desilusão da prova e o Bremen estava inserido em grupo muito forte. Restam assim dois clubes franceses: o Lyon, um crónico dos últimos anos e o Lille que já na época passada discutiu a passagem até ao fim, tal como ocorreu este ano. PSV Eindhoven, F.C. Porto e Celtic de Glasgow completam o lote de apurados.

Tuesday, December 05, 2006

O Sporting e a falta de uma análise racional


O Sporting tem sido nos últimos tempos um clube que colhe a simpatia/empatia de muitos analistas, mesmo daqueles que não vestem as suas cores.

Estou convicto que essa simpatia assenta raízes no facto de o clube possuir uma equipa composta por muitos jogadores jovens formados na sua academia, o que poderá ser considerado como algo de valoroso tendo em conta os tempos que correm, onde os clubes de países economicamente mais débeis não podem ombrear com os seus congéneres dos países mais ricos. O clube de Alvalade tem assumido, de facto, uma aposta clara na formação e essa é sem dúvida uma das formas de conseguir manter a competitividade num futebol onde, cada vez mais, são os ditames do dinheiro a dar o mote.

A época passada, após vários desaires no seu início acabou por não ter sido considerada negativa, a equipa, desde que Paulo Bento a assumiu, passou a pautar-se pela regularidade em termos de resultados, tendo discutido o título nacional até às últimas jornadas. Paulo Bento também personifica bem o projecto leonino: jovem, ex-jogador do clube e a iniciar a sua carreira de treinador. Pode dizer-se também que o jovem técnico tem aquilo que se costuma designar de “boa imprensa”.

A pré-época correu muito bem, com várias vitórias e conquistas de torneios amigáveis, o campeonato nacional também está longe de estar a ser mal sucedido, e sobretudo, apesar do desaire da não qualificação para a fase seguinte, a campanha na Liga dos Campeões também não pode ser considerada como um insucesso, isto, claro está, se exceptuarmos alguns casos onde o irrealismo da análise, de tão desconchavado que foi, apregoava a possibilidade de o clube leonino ter um percurso mais ambicioso na mesma prova – a título de exemplo, chegou a haver quem escrevesse numa revista desportiva que se a equipa leonina tivesse um goleador do calibre de Didier Drogba, poderia aspirar a conquistar a liga dos campeões!

É evidente que – e não contrariando uma admirável capacidade lusitana – já há quem esteja agora, depois da derrota com o Benfica, e do afastamento da liga dos campeões, a questionar a valia, quer dos jogadores, quer do próprio treinador…

A questão central a que quero chegar é apenas uma e assenta precisamente naquilo a que chamo a admirável capacidade lusitana, que consiste em analisar (e agir em função) na forma extremista do “oito ou oitenta”.

O que é facto é que, não pondo em causa a enorme valia de um plantel com muitos jovens talentosos, nem a valia de um treinador bastante promissor, o Sporting foi sobreavaliado, sobretudo a partir da importante e meritória vitória sobre o Inter de Milão. O que é preciso referir é que, nos últimos anos, face a imperativos de ordem económica, vários jogadores com qualidade foram saindo e entrando para os seus lugares – numa política de contratações de custo zero – alguns elementos cuja qualidade está longe de ser uma certeza. Os jovens Moutinho, Nani, Miguel Veloso, entre outros, com a atenuante da curta experiência em termos de alta competição e com as vicissitudes próprias da idade, têm atenuado essas carências, contudo, não podem de maneira nenhuma corresponder às exageradas expectativas de alguns analistas da nossa praça. É ponto assente que este Sporting, com qualidade em alguns sectores, se encontra bastante desprovido da mesma em outros, o que se tem reflectido sobremaneira no rendimento da equipa, observado nos últimos jogos.

Monday, December 04, 2006

Notas do "derby"

Não querendo repetir muito do que já foi dito e escrito acerca do derby de Lisboa, não posso deixar de salientar alguns aspectos que me parecem de assinalar.

1) A maior sagacidade de Fernando Santos na abordagem ao jogo, com a colocação de Nuno Gomes na posição “10”, soltando Simão e Miccoli na frente de ataque – uma forma de tirar partido da velocidade e da capacidade técnica destes dois elementos junto da defesa sportinguista.

2) A forma como o pressing benfiquista foi efectuado – arrastando os jogadores leoninos até às linhas laterais.

3) As transições rápidas para o ataque por parte da equipa benfiquista, bem patenteadas no lance do segundo golo e naquele que desembocou numa bola enviada à trave por Miccoli.

4) Ambas as equipas jogaram sem médios ala, no entanto, a profundidade pelos corredores laterais – sobretudo o direito com Nélson – foi muito mais proficiente na equipa encarnada.

5) A forma como a equipa “encarnada” controlou o jogo na segunda parte, dando o domínio do mesmo ao adversário, domínio esse que apenas causou verdadeiro perigo uma única vez, num remate de Djaló, a que Quim correspondeu com boa defesa.

6) Nuno Assis: foi brilhante a sua actuação em Alvalade. A sua movimentação sem bola, a forma como anulou João Moutinho, as suas habituais acelerações (com bola), desenhando as suas, também famosas diagonais, manietaram o último reduto do adversário de forma proeminente. Cada vez mais um jogador em destaque neste Benfica, apesar de os “holofotes” não estarem tão virados na sua direcção.