Tuesday, December 30, 2008

Ano novo e algumas lembranças do velho...


Tal como em muitas outras paragens, por aqui também se faz um esforço por recordar alguns factos futebolísticos assinaláveis neste ano que está a findar.

Foi ano de Campeonato da Europa, no qual a selecção espanhola tratou de desmontar o eterno mito da “fúria espanhola”, demonstrando ao planeta da bola, uma das mais belas lições de futebol. Ao leme da equipa esteve o velho Aragonês, algo que também contribuiu para desmistificar aquela velha lengalenga de que a ambição é um atributo exclusivo dos mais novos…
Por falar em mitos (e agora algo nada positivo), 2008 foi também o ano em que terminou um certo ciclo do futebol luso. Um ciclo de sucesso que terminou com o retorno de uma figura sistematicamente sobrevalorizada nos meandros do nosso futebol. Não foi preciso muito tempo para se perceber o tremendo erro que constituiu a aposta neste tão esperado regresso. Uma qualificação para o próximo Campeonato do Mundo, totalmente comprometida e uma humilhação apoteótica em terras de Vera Cruz frente a uma selecção brasileira que até se tem esforçado bastante por envergonhar a história do futebol canarinho…

Foi também o ano de Cristiano Ronaldo. Beneficiando de uma péssima época do Milan de Káká e de uma lesão que afastou Leo Messi durante a maior parte da temporada, Cristiano acabou por não ter rivais à altura na sua luta pela conquista de todos os prémios individuais. Diga-se, em abono da verdade, que o número de golos apontados na Liga Inglesa e na Liga dos Campeões são de facto algo que merece ser registado e que até apaga o mísero desempenho na Áustria e Suiça, pelo que os prémios acabam por ser justamente atribuídos ao jogador português. E Ronaldo que os aproveite bem, porque dificilmente voltará a estar próximo de os vencer de novo, sobretudo se Messi (e o Barcelona) continuar a jogar o que tem jogado…

Em 2008 terminaram as suas carreiras dois dos mais geniais jogadores portugueses de sempre. Ambos estão a ter brilhantes desempenhos nas actividades que entretanto abraçaram. João Pinto tem transportado a genialidade do jogador para o comentário e análise. Rui Costa foi capaz de trazer para o Benfica, mas sobretudo para o nosso depauperado futebol, jogadores com a classe de Pablo Aimar, José António Reyes e David Suazo. É obra…
Foi também em 2008 que se deram pequeninos, envergonhados, contudo assinaláveis passos (quiçá por serem os possíveis) no sentido de expurgar do futebol português a enorme podridão que há muitos anos o tem vindo a debilitar…

Este ano que termina dentro de algumas horas, foi também o ano em que a enorme “bolha” das finanças mundiais rebentou…algo que, naturalmente, também não deixou de afectar o futebol. Até Abramovich já pondera colocar o seu Chelsea no mercado…
Este assunto é propício para terminar este texto com aqueles lugares-comuns de votos de um ano melhor. Não vou por aí, é óbvio que se deseja um ano melhor, não apenas no que respeita às crises económicas e financeiras, mas em relação a tantas outras coisas que ano após ano constatamos estarem sempre na mesma, o que nos obriga a este repetitivo exercício dos votos e dos desejos contidos nas passas da meia-noite.

Resta-me desejar um óptimo 2009 a todos os que por aqui passam, e que a bola continue a rolar muito, pois acredito que o futebol continua a ser um dos melhores anti-depressivos para um mundo que constantemente se vai atormentando.

Tuesday, December 23, 2008

Desejo...

um óptimo Natal a todos os que por aqui passam.

Pés de barro...

O futebol luso despediu-se do ano de 2008 com um jogo onde o maior protagonista foi um árbitro que muitos teimam em considerar “o menos mau” do lote actualmente existente…

Este árbitro é, e sempre foi, uma enorme construção mediática, aliás, diga-se, tão à boa maneira portuguesa. Diz-se que apita “à inglesa...No fundo, ciente da sua enorme “boa imprensa”, o que este árbitro faz é gerir, quase sempre de forma desastrosa, esses predicados que lhe atribuem, acabando por denotar, em termos técnicos, enormes discrepâncias no que respeita à avaliação de muitas situações de jogo. Mas não pretendo dar mais importância àquilo que não a deveria ter num jogo de futebol.

Sobre o Benfica, é certo que mais uma vez jogou apenas meia parte do jogo. Persistem ainda muitos aspectos do futebol encarnado por definir e consolidar. No entanto, no jogo de ontem, muitos desses aspectos até nem foram muito evidentes, muito por força de ter tido como adversário uma equipa que representa bem um dos lados menos brilhantes do futebol português. Tenho alguma dificuldade em ouvir e ler certos comentários elogiosos acerca de Manuel Machado. As equipas orientadas por este treinador, até podem por vezes obter bons resultados, no entanto, um dos postulados da filosofia de jogo de Machado é o célebre e estafado “jogar para o pontinho”, algo que a pouco e pouco até tem vindo a ser alterado por acção de alguns novos treinadores que vão surgindo no nosso pequeno burgo.

Não vou criticar anacronismos tácticos como a marcação homem-a-homem e individual ou a alteração da estrutura posicional em função do adversário, pois cada um joga como pode e sabe, evidentemente, desde que dentro dos limites legais do jogo. No entanto, o que não está, de forma alguma, dentro desses limites é aquilo que comummente se designa por “anti-jogo”, algo em que as equipas orientadas por este treinador são useiras e vezeiras. Mas neste particular, a maior responsabilidade é, obviamente, da classe a que pertence o grande protagonista do jogo. A anuência sistemática deste tipo de abordagens, por parte dos homens do apito, é uma das principais causas de empobrecimento do nosso futebol.

Thursday, December 18, 2008

Exclamações

«Na Liga há pouco a discutir. Na Taça fizemos uma prova digna. A UEFA retrata o pior lado do da equipa. Esta competição é a que melhor retrata a imagem do Benfica dos últimos anos.»

Quique Flores, a seguir ao Benfica-Metalist



Há aqui qualquer coisa que não bate certo...

O ano passado, o Benfica ficou-se pelos oitavos-de-final da Taça Uefa.
Há duas épocas atrás, alcançou os quartos-de-final da mesma competição.
Há três épocas, chegou também aos quartos-de-final, mas da Liga dos Campeões.

Wednesday, December 17, 2008

Sobre o(s) momento(s) do Benfica

A esquizofrenia que circunda tudo o que se passa à volta do Benfica é algo com que o próprio Benfica tem que se habituar a conviver. Nem sempre é fácil, admite-se…
A imprensa desportiva é das coisas mais patéticas a este nível. As primeiras páginas com o tema Benfica são das coisas mais hilariantes que se possam imaginar. Se o Benfica ganha, logo emergem as referências à enorme sumptuosidade do futebol praticado, quer colectivo, quer ao nível do destaque a uma ou outra individualidade que também de imediato é colocada, com grande pompa, num altíssimo pedestal…
Se o Benfica perde, é o descalabro total. Tudo é posto em causa, desde o treinador, equipa, director desportivo, presidente, roupeiro…

Após a eliminação da Taça em Matosinhos, ainda por cima, frente à equipa da moda com o seu treinador da moda (a época passada era o Guimarães e Cajuda), tudo tem servido para arremessar ao clube encarnado. Uma das coisas que considero engraçadas, é aquela ideia de que o discurso de Quique Flores não foi suficientemente ambicioso e, como tal, não esteve à altura do clube – o treinador espanhol afirmou que houve melhorias da equipa neste jogo, face ao disputado para o campeonato e que o grande objectivo do clube, para esta época, é atingir um lugar que dê acesso à milionária Liga dos Campeões. É evidente que um clube com a dimensão do Benfica tem que ser sempre ambicioso, mal seria se um dia deixasse de o ser, contudo é necessário e até prudente contextualizar e relativizar as coisas, sob pena de se não o fizermos, cairmos no ridículo, que é o que acontece a muitos escribas que pululam por esta nossa redutora imprensa desportiva.

O Benfica esteve a saque durante 15 anos e conseguiu sobreviver, o que evidencia bem a sua dimensão. Dizem alguns, que esse facto obriga a que a lógica dos discursos e das acções dentro do clube se mantenha fiel ao contexto que antecedeu a era horribilis. Nada mais errado que este redutor e pouco avisado raciocínio. O facto de o Benfica resistir a 15 anos de pura pilhagem e consequente cataclismo futebolístico é sintomático da sua grandeza, mais ainda, se pensarmos que estamos a falar de um clube pertencente a um país como Portugal, e é aí que se encontra o busílis da questão. O Benfica é um clube português, não é inglês, espanhol ou italiano, nem mesmo alemão ou francês…
Um dos denominadores comuns dos clubes lendários é precisamente a capacidade de resistirem às grandes adversidades, a calamidades até. A diferença substantiva entre a crise de um Real Madrid ou de uma Juventus, comparativamente a uma crise do Benfica, reside na fase do recobro e aí entram os aspectos relacionados com o contexto socioeconómico em que os clubes se inserem. O restabelecimento do Benfica ainda está em curso e isso, tendo em conta o actual contexto social e económico do mundo em geral e do futebol em particular, é perfeitamente compreensível. Claro que para aqueles que têm na manipulação uma das mais importantes ferramentas do seu trabalho, isso não é assim tão óbvio…

Sunday, December 14, 2008

Regresso (com breves notas)

Depois de um interregno tão grande, torna-se um pouco complicado seleccionar um assunto que marque o retorno deste espaço. Assim, a opção é a de fazer uma breve e sintética resenha de diversos factos.

1 – A nível interno pouco há a destacar para além das façanhas do Leixões (que previsivelmente não persistirão durante muito mais tempo) e da genialidade de três reforços do Benfica para esta época, que pertencem claramente a uma dimensão muito distante da Liga Sagres.

2 – No Brasil terminou mais uma edição do Brasileirão. O São Paulo FC andou o campeonato toda numa descrição insuspeita, enquanto no topo da tabela se iam digladiando, essencialmente, Grémio e Cruzeiro, com Palmeiras e Flamengo à espreita. No entanto, na hora da verdade, lá apareceu, provavelmente, um dos clubes com melhor organização no mundo (no Brasil, seguramente o melhor a esse nível).

3- Em Itália a vida não é famosa para alguns emigrantes lusitanos. Quaresma, já se sabe, foi brindado com um galardão muito pouco prestigiante para quem até já teve uma aventura mal sucedida para além fronteiras…
Já quanto a Mourinho, não se pode dizer que a vida corra propriamente mal. O Inter lidera o campeonato e está apurado para os oitavos de final da Liga dos Campeões. O futebol da equipa é que é pouco mais que medíocre (e alguns resultados também têm merecido o adjectivo), sustentado em demasia em Ibrahimovic que se desgasta num sem-número de missões acabando por ser desperdiçado onde mais rende. Veremos que prendas de natal terá Moratti no sapatinho.

4 – O FC Barcelona está, muito provavelmente, a praticar o futebol mais espectacular desde o dream team de Cruyf f.

5 – Para finalizar, volta-se ao princípio. Carlos Queiroz continua a seu cruzada para destruir o que foi conseguido nos últimos anos, antes do seu catastrófico regresso a solo luso.