Monday, January 26, 2009

Apreensão benfiquista

Antes de mais devo dizer que tenho imensa dificuldade em entender críticas públicas de um treinador dirigidas aos seus atletas. Ainda por cima neste caso em concreto, tendo em conta o desempenho do jogador em campo, durante os jogos, não se vislumbram fundamentos plausíveis que possam tornar essas críticas toleráveis. Diz Quique Flores que sobram capas de jornais a Reyes, em contraponto ao seu rendimento. Ora, esta mesma frase encaixaria também muito bem no próprio treinador. Não tenho memória (com excepção de Queiroz) de um treinador tão bem tratado pela nossa imprensa desportiva como Quique Flores, sendo que até uma biografia de Quique foi para as bancas, pouco tempo depois do espanhol aterrar em Portugal. Hoje mesmo, há um jornal que praticamente aplaude a atitude "disciplinadora" do treinador espanhol na conferência de imprensa do Restelo.

A verdade é que, em 5 meses de trabalho, o futebol do Benfica não entusiasma o menos exigente dos adeptos benfiquistas. Existe um extenso rol de aspectos de ordem técnico-táctica que levantam as mais sérias dúvidas e que causam algumas perplexidades a quem segue com atenção os jogos do clube encarnado. Entre outros, destaco a insistência num sistema táctico cujas fraquezas parecem ser exponenciadas no contexto do nosso futebol; para além do sistema, que como se sabe é apenas uma parte da equação, refira-se que em termos de modelo de jogo, a situação também não é muito diferente, com o processo ofensivo a centrar-se quase exclusivamente na profundidade de David Suazo; em termos de método, a aposta também ela restrita no ataque rápido e no contra-ataque, o que para um clube como o Benfica, parece algo curto; David Luiz a defesa- lateral esquerdo, parece-me ser uma má ideia (individual e colectiva); a aposta persistente em Bynia para a zona central do campo, onde Rúben Amorim, um dos melhores nesse sector, nunca mereceu uma oportunidade. Depois há o ostracismo a que certos jogadores do plantel foram/são votados, alguns sem que se perceba muito bem as razões para tal medida.
Para além disto tudo, é preciso também lembrar a deplorável campanha europeia que não pode ser branqueada com a posição no campeonato interno…

São sinais pouco tranquilizadores, diria mesmo que são sinais, que a juntar a este - que acabou por passar em claro, graças a mais uma gentileza da imprensa portuguesa para com Quique – acabam por causar muita e justificada apreensão no universo benfiquista.

Sunday, January 25, 2009

Parabéns...

...ao melhor futebolista português de todos os tempos e um dos melhores do mundo.


Memória eterna


Saturday, January 24, 2009

O grande circo...

O circo do futebol português continua. É preciso elogiar o arrojo e a falta de vergonha presentes nas actuações fantásticas de Jesualdo e Jorge Jesus na jornada de hoje. Já nem falo de outros patetas, pois relativamente a esses, ainda sou tentado a ter a esperança de que não se prestem – mais ainda – a figuras tristes.

A prestação de Jorge Jesus na conferência de imprensa foi quase comovente. Após ter visto (provavelmente por via do seu sistema on line) o saque a que a sua equipa foi sujeita, não lhe restou alternativa e sentiu-se obrigado a fazer referência a cada um dos casos do jogo, não obstante a parcimónia com que o fez, em contraponto à gritaria da última jornada…de facto, comovente.

Jesualdo, esse teve requintes da mais pura hipocrisia. Quando instado a comentar a arbitragem, esquivou-se, visivelmente incomodado, argumentando que isso é assunto que não é da sua conta. Esqueceu-se foi de dizer que tal constitui uma novidade. Então mas não foi Jesualdo quem ainda na última jornada comentou de forma crítica a arbitragem do jogo da sua equipa? E não satisfeito com isso, ainda se lembrou de comentar e avaliar a arbitragem do jogo de outra equipa, jogo esse que tinha acabado instantes antes do início do seu próprio jogo…então não foi ele que na antevisão do jogo que findou há pouco em Braga, falou em facturas de árbitros e coisas do género…patético.

Sempre quero ver como vai decorrer a ressaca da jornada durante a semana. Espero ansiosamente pelas reacções daqueles que não têm mais nada a que se agarrar que não seja o desgraçado do Calabote.

Monday, January 19, 2009

A vida difícil de Mourinho

A primeira volta da Liga Italiana chegou ao fim, e com uma estrondosa derrota do Inter de Milão em Bérgamo, frente à Atalanta, que só não foi mais humilhante por acaso. Apesar disso, os nerazurri de Mourinho persistem na liderança, agora com a Juventus mais próxima. O jogo deste fim-de-semana teve também a curiosidade de ter colocado frente a frente nos bancos das duas equipas, Mourinho e o seu sucessor no FC Porto, Del Neri.
Foi o pior resultado da época para o Inter, no entanto, a exibição dos nerazurri foi igual a muitas outras, ou seja, muito pobre, não obstante ter que se atribuir mérito à equipa de Bérgamo, que realizou uma grande partida.

Os últimos jogos do Inter para o campeonato têm sido extremamente complicados. Há duas jornadas, o empate em casa frente ao Cagliari foi bastante lisonjeiro para a equipa de Mourinho, que se livrou de uma humilhação embaraçosa graças a um lance de inspiração individual de Crespo e à inépcia dos atacantes da equipa da Sardenha…

Isto, já para não falar da enorme quantidade de jogos ganhos pela diferença mínima, com golos nos últimos minutos, e em alguns casos até irregulares, como aconteceu em Siena.

A liga italiana é mais complicada que a portuguesa ou até mesmo a inglesa, sobre isso não parecem existir grandes dúvidas e até já Mourinho deu conta disso publicamente.
Por exemplo, ao contrário de outras ligas, onde existe um padrão táctico perfeitamente reconhecido (em Inglaterra o 4-4-2 clássico, em Portugal o 4-3-3 e agora os híbridos 4-4-2 losango), no Calcio “tacticista”, temos de tudo um pouco, o 4-3-3 da Lazio, o 3-4-3 do Génova, o 3-5-2 do Nápoles, o 4-4-2 clássico da Atalanta que saiu vencedor no duelo com a outra variante do sistema (losango), precisamente no jogo a que se aludiu no início do texto. É a liga das “velhas raposas” do futebol, onde pontificam nomes como Delio Rossi (Lazio); Gasperini (Génova) ou Edoardo Reja (Nápoles), entre outros. Foi também por estes motivos que José Mourinho se quis juntar a esta liga, ciente porém, do desafio que iria encontrar.

Mas voltando ao futebol do Inter. De facto, qualquer semelhança com o FC Porto ou o Chelsea orientados pelo treinador português, é mera coincidência. As dificuldades começaram logo a fazer-se sentir ao nível da definição de um sistema de jogo. É sabida – sobretudo, olhando para trabalhos anteriores – a predilecção de Mourinho pelo 4-3-3, pelo menos numa primeira época. Depois, tal como o próprio já fez questão de afirmar num dos muitos livros escritos sobre ele, numa segunda época, dá preferência a outro dispositivo táctico, mais complexo, e como tal, que permita manter a motivação e a concentração da equipa. Essa opção tem sido o 4-4-2 losango. Tendo em conta estas premissas, e como o Inter não dispunha de médios-ala para além de Figo, contrataram-se Mancini e Quaresma para compor, assim, o 4-3-3. Acontece que o talento de Quaresma eclipsou-se mais uma vez após atravessar a fronteira. Depois há Ibrahimovic e Adriano (este, por si só, constituindo outra complexidade), duas fortes razões para o abandono do 4-3-3, algo que de facto se veio a verificar. O problema é que, olhando para o tal losango, não se consegue vislumbrar uma pontinha de criatividade, o que, obviamente, tem tido custos evidentes ao nível da construção do processo ofensivo. O ganês Muntari (outro reforço de Mourinho) parece também ter sido contratado na óptica do 4-3-3, sobretudo para dar robustez ao trio do meio campo. O futebol nerazurri tem assim vivido dos recuos de Zlatan Ibrahimovic para a zona de criação/construção e da profundidade dada por Maicon ao corredor lateral direito. Estes são os únicos movimentos que se vêem sistematizados na equipa, o resto tem sido a inspiração individual dos jogadores. Pressing? Nem vê-lo! Alto, médio ou baixo, nada que se assemelhe.

O sector defensivo (eventualmente com excesso de veterania) também necessitaria, porventura, de “sangue novo”, para responder de forma mais profícua aos imperativos da pressão alta. Ao que parece, o mercado não será parte da solução para estes problemas, pelo menos a avaliar pelos discursos de Mourinho e do presidente do clube.
Presume-se, também, que Para o treinador português não será fácil assumir a necessidade de recorrer ao mercado, o que seria o mesmo que reconhecer os seus erros de casting do início da temporada…

Apesar deste quadro pouco animador, o clube segue líder, e os principais rivais também têm as suas lacunas, para além disso, estamos a falar de um dos melhores treinadores da actualidade, pelo que as cenas dos próximos capítulos se revestem de um enorme interesse, sem dúvida.

Wednesday, January 14, 2009

A grande farra, os oportunistas e o cuspir para o ar...

Tenho andado entretido e, naturalmente divertido, com o patético alarido que se criou relativamente a uma, obviamente má arbitragem, mas que não merece, de forma alguma, tamanha algazarra.

Tem dado para tudo, desde o confrangedor balbuciar de Jorge Jesus e do seu presidente, às despudoradas e absurdas intervenções de um indivíduo com responsabilidades ao mais alto nível no futebol, e que, diga-se, a esse nível tem um passado muito pouco limpo, bem como a outros níveis…

Um dos lances ocorridos no Benfica-Braga que mais tem sido objecto de gritaria, foi o do golo validado. Dizem muitos que foi um lance “escandaloso”…

Ironicamente, ontem, a nossa arbitragem mostrou-nos o que é, de facto, um golo irregular escandaloso. Não é preciso explicar, pois não? Engraçado também, foi o facto de esse golo ter beneficiado um clube que, como é hábito, não perdeu muito tempo para se juntar à gritaria em torno do outro jogo…

Tuesday, January 13, 2009

Leituras

O moço de recados


Não conseguindo arranjar, em tão curto espaço de tempo, um excremento que se faça passar por livro para, sob o pretexto do seu lançamento num qualquer espaço cultural portuense de distinto recorte, vir vomitar a sua ‘fina ironia’, o indivíduo que manda no futebol português – e que foi condenado por corrupção - mandou um dos seus capangas vir a público vomitar um rol de alarvidades e lançar suspeitas idiotas. O lacaio em questão é Presidente de uma Câmara Municipal de uma bela cidade do Norte e, em tempos, como dirigente do Braga, acedeu a jogar uma final da Taça de Portugal com o clube condenado por corrupção nas Antas, o que é interessante.
Interessante também é o facto de, coincidência das coincidências, sob a sua presidência na Câmara, o clube da cidade ter o estádio pago exclusivamente com dinheiros públicos (à semelhança de uma outra infra-estrutura paga pelo erário público situada em Gaia) e depois fazer-se uso de um subterfúgio contratual para o usar como seu. Como interessante é o facto da promiscuidade entre o poder político e o futebol permitir que determinados autarcas (com cargos quase vitalícios) canalizem dinheiros públicos para orçamentos de clubes e SADs (de que a situação entre o Governo Regional da Madeira e o Marítimo também é um exemplo absolutamente atordoante) e promovam a concorrência desleal com clubes que vivem das suas fontes legítimas de receitas.

Diria que ataques ao Glorioso vindos de uma personagem deste calibre só podem significar que estamos no bom caminho.

Ah, só mais um pequeno pormenor. Este idóneo personagem é Presidente da Assembleia Geral da FPF e andou a fazer de anjo da guarda do Gonçalves Pereira (o famoso moço que gostava de brincar ao Terceiro Reich no Conselho de Justiça da FPF) até ao limite do nojo. Parece uma piada, mas não é. O país em que vivemos, esse sim, é uma piada. De mau gosto.



Gwaihir, Tertúlia Benfiquista

Monday, January 05, 2009

Pior que a lástima da Trofa...




"Quiero abrir mi carrera a Europa"

Quique Flores, ao El País


Sobre a exibição patética do Benfica na Trofa, não há muito a acrescentar ao que a generalidade dos comentadores disse ou escreveu. As debilidades e inconsistências que a equipa tem relevado também toda a gente as vislumbra com a maior das facilidades. Portanto, não haveria grandes novidades no dia seguinte ao jogo. No entanto, eis que surge esta extraordinária entrevista do treinador Quique Flores, cujo título é muito bem conseguido...
Apenas me ocorre uma palavra para descrever esta "descontraída conversa" do treinador espanhol: perturbante! Isto, claro, na perspectiva do adepto benfiquista.

Esta entrevista permite-nos ter mais informação relativamente ao pensamento do espanhol.
Ficamos a saber, entre muitas outras coisas, que Portugal fica no continente americano ou africano, ou então que é, quiçá, uma província de Espanha... Ficamos também a saber que a aspiração de Quique em rumar à Europa implica a necessidade de aprender línguas, e pela seguinte ordem: inglês, alemão e por último português...fantástico!

Ficamos a saber também que, para Flores, Reyes tem tendência a ser irregular, Capello, Wenger e Aguirre não conseguiram alterar isso, portanto...

Por último fica o elogio à cidade "muita aberta ao mar que oferece muitas expectativas" - talvez para partir para a Europa, acrescentaria eu..."Há que desfrutar da cidade", refere o espanhol. Pois...isso é que já não sei se será bem assim. É que os adeptos do Benfica não têm desfrutado de nada para além de uma mediocridade absoluta...