Monday, June 22, 2009

A caneta de aluguer

Quando não se está a refastelar em almoçaradas ou jantaradas (habitualmente pagas) no restaurante Catedral, no estádio da Luz, José Manuel Delgado é a voz do "dono" nas páginas do jornal “A Bola”. Isto é do conhecimento geral e portanto não espanta muito. No entanto, e como nos últimos tempos, a estratégia do “dono” é a do vale tudo, Delgado lança hoje nas páginas do jornal onde escreve, uma teoria da conspiração digna de poder – com um pouco mais de esforço, diga-se – dar corpo a uma série televisiva que possa ombrear com um qualquer prison break. A história que Delgado conta começa logo com um título pomposamente ridículo, fazendo alusão a um período da história do país – o período filipino e a um assalto espanhol ao Sport Lisboa e Benfica. Segundo fontes "altamente colocadas" – não se sabe muito bem onde, mas também não interessa muito – haveria uma operação, altamente complexa – de facto, a complexidade da tese é tanta que não se chega a perceber grande coisa da mesma – com várias entidades, fusões entre elas, algumas dessas fusões encontrando-se ainda no plano das previsões, empréstimos bancários. Enfim, uma salganhada apenas passível de ser engendrada por um jornalista (?!) como Delgado. A coisa mete a Prisa, a Cofina, a Mediacapital/TVI, uma tal de Mediapro, outras entidades que ainda não existem, e por aí fora, pelo meio José Eduardo Moniz é, para o articulista, o facilitador do negócio que viabilizaria a venda dos direitos televisivos dos jogos do Benfica à TVI. E Delgado até adianta, sem explicar como lá chega, o valor da negociata – oito milhões de euros / época!! Mas a tese não fica por aqui, não, isto ainda não é nada. Segundo as mesmas fontes “altamente colocadas”, O futebol do Benfica com Moniz seria colocado nas mãos de investidores privados…mais uma vez, a caneta de aluguer de Vieira se esquece de, para uma conclusão desta espécie, estabelecer um nexo de causalidade minimamente congruente e coerente, basta a garantia das fontes e da sua alegada boa “colocação”. Isto é o jornalismo que se pratica no jornal que em tempos chegou a ser uma referência da comunicação social, e até, da cultura portuguesa.

Mas José Manuel Delgado, não contente ainda com esta história fabulosa, na última página do jornal, no seu habitual espaço de opinião, tem o fantástico descaramento de pedir ao presidente demissionário da Assembleia Geral – aquele que compactuou com o maior golpe anti-democrático que o Benfica já viveu – para que seja benevolente para com Bruno Carvalho, no sentido de permitir a viabilização da sua candidatura, isto em nome da tradição democrática do clube, que merece ter um acto eleitoral que não seja de candidato único. Dá para acreditar nisto?!!

Thursday, June 18, 2009

A deriva benfiquista continua...

Hoje ficou a saber-se que a deriva desportiva do Sport Lisboa e Benfica irá continuar, para grande júbilo dos seus adversários e simultaneamente para grande desalento dos benfiquistas mais esclarecidos.
A “chico-espertice” de Luís Filipe Vieira deu este fruto e, portanto, o objectivo da mesma foi alcançado. No entanto, na cabeça dos mais esclarecidos, este atropelo da cultura e história do clube, não será esquecido tão cedo. Não bastava a Vieira ser o presidente cujo número de treinadores contratado é superior aos anos que leva de presidência do clube, não lhe bastava ser o presidente com piores resultados desportivos (numa lógica de rácio entre anos de presidência e títulos) da história do clube, não, Vieira tinha também que perpetrar este golpe baixo, que, repito, manchará indelevelmente a sua história no clube.

Agora resta ir assistindo a um filme que já é mais visto que a “Música no Coração”.
Todos os anos se vão vendendo novas ilusões, vai-se acenando com a obra feita (mas que raio, mal feito fora se em oito anos não houvesse obra para apresentar), e com um discurso demagógico assente num maniqueísmo patético de que de um lado está o único indivíduo competente e sério e do outro apenas se encontra uma legião de abutres, pára-quedistas, oportunistas e outras coisas que tais…no fim, o resultado é sempre o mesmo: o Benfica perde, a culpa é sempre de alguém, menos, claro está, do seu inimputável presidente.

Já o disse, e nunca é demais repetir, Vieira foi o homem providencial que teve um papel crucial numa fase muito delicada da vida do clube. É impossível não reconhecer isto. Contudo, este facto não pode fundamentar quase uma década de equívocos em termos de política desportiva e, pior ainda, a perpetuação de Vieira no cargo de presidente do Sport Lisboa e Benfica. Segundo esta lógica, António de Oliveira Salazar ou Adolf Hitler também se deveriam ter perpetuado no poder, afinal ambos recuperaram os respectivos países de situações profundamente caóticas sob quase todos os pontos de vista…

Monday, June 15, 2009

Leituras

"(...)Tivesse Vieira para as coisas do futebol, a intuição animal e o saber prático, intratável, que tem para estas coisas da política interna, e o Benfica já somaria um ror de títulos nacionais e internacionais.
Ou seja… se o presidente do Benfica fizesse gato-sapato dos adversários externos como faz dos adversários internos… imaginem, caros benfiquistas, como ia bordejado a ouro, a diamantes e a tacinhas de todos os tamanhos e feitios, o nosso palmarés desportivo dos últimos anos.(...)"


Leonor Pinhão, A BOLA, 11 de Junho 2009

Monday, June 08, 2009

Um grande apego...

Ora aqui está um acto de grande apego ao Sport Lisboa e Benfica. Um apego exagerado. Um apego que já é tudo menos desinteressado. Um apego que já é algo que não se coaduna com a história e cultura democráticas do clube encarnado. Este apego déspota e desenfreado revela, como todos os despotismos, que a sua única prioridade é a perpetuação do poder do apegado, mostrando também, de forma inequívoca, o seu temor em enfrentar possíveis candidatos num acto eleitoral que se deveria pretender de discussão salutar e imbuído do tal espírito que faz parte da genética benfiquista.

Sunday, June 07, 2009

Leituras

"(...) A verdade é que o prof. Carlos Queiroz é um treinador único. Sobretudo no sentido em que é o único treinador que eu conheço que, tendo à disposição simão Sabrosa e Nani, escolheria Luís Boa Morte como primeira opção. É possível que haja apenas uma posição nas qual a selecção de Portugal não tem qualquer problema: a de extremo. Carlos Queiroz conseguiu arranjar um. É preciso talento.
Quando se lamenta a escolha de Quique Flores para treinador do Benfica, é importante não esquecer que Carlos Queiroz chegou a ser hipótese. Muita sorte tivemos nós."


Ricardo Araújo Pereira, A BOLA, 7 de Junho 2009

Thursday, June 04, 2009

Never Ending Story

O Sport Lisboa e Benfica é como a água, está sempre em constante renovação. A coisa já é um lugar-comum.
Desde a época 2005-2006, que os disparates vêm sucedendo a um ritmo frenético. Contudo, neste momento só há um adjectivo capaz de qualificar a situação do clube: caótico.
Oficialmente o clube tem contrato com um treinador que já sabe há cerca de um mês ou mais (ele e o mundo) que não irá terminar o seu vínculo contratual. Enquanto clube e treinador se vão tentando entender quanto ao valor da indemnização, já se sabe (também há muito tempo) quem irá ser o seu sucessor, que entretanto também continua ao serviço de outro clube, com o qual tem contrato em vigor. Pelo meio desta salganhada, também já se contrataram dois ou três jogadores, não se sabe é se foram contratados com o aval do treinador em exercício ou do treinador a exercitar, ou, mais ridículo ainda, se sequer tiveram aval de algum deles.
Até o já clássico “roubo” de contratação, perpetrado pelo clube ressentido do norte, teve lugar.

A situação financeira, após uma época de avultado investimento, e sem qualquer retorno em termos de resultados, obriga a vender uma ou mais jóias da coroa – fala-se em Luisão, Cardozo e Dí Maria…tiros no pé, portanto.

O presidente quer a demissão dos órgãos sociais para provocar eleições antecipadas e com isso minar as hipóteses dos seus adversários, salvaguardando o seu absolutismo obsessivo que é pródigo em delírios com abutres e conspiradores vindos de todos os lados e outros tiques autocráticos.

No que respeita à gestão do futebol do Benfica, em traços gerais, a situação objectiva e conhecida é esta. E isto é a balbúrdia total que se tem repetido época após época. É uma história interminável, tal como indica o título deste texto. A diferença é que o Never Ending Story que foi um sucesso nas salas de cinema durante a década de 80 teve um final feliz, o mesmo não se poderá dizer desta história que o clube da Luz vai vivendo.
Naturalmente que deste quadro não se pode augurar nada de bom, nem sequer razoável. Mas atenção, parece que o clube foi distinguido pela terceira vez, como sendo marca de excelência

Todos os benfiquistas estarão seguramente satisfeitos com o novo estádio, com o centro de estágio, com o projecto olímpico, com a revitalização das modalidades, com o aumento do número de sócios, com a clínica e o canal Benfica, etc.
Mas…e o futebol? Como tem sido gerido o core business da empresa Benfica? Está á vista de todos. Quer dizer…nem todos, basta ler uma entrevista de Domingos Soares Oliveira no último número da revista mística, onde o guru se multiplica em considerações vácuas acerca da saúde empresarial do clube.

Importa abrir um parêntesis para deixar bem claro o seguinte: Luís Filipe Vieira foi o homem providencial numa fase terrível da vida do clube. Não o nego e sempre soube reconhecer essa importância. No entanto, dos muitos ciclos que o Benfica tem vindo a iniciar e a acabar, o ciclo do presidente é o único que justifica uma conclusão. O projecto desportivo para o futebol tem sido permanentemente adiado. O Benfica clube não ganha e com isso, a prazo, o Benfica empresa também estará em dificuldades. Não é preciso ser guru da Gestão para alcançar tão óbvia constatação.