Monday, June 28, 2010

Resta Messi

A partir de hoje a única coisa de jeito que resta a este Mundial, chama-se Lionel Messi.
A Holanda rendeu-se ao pragmatismo e ao bloco baixo, provavelmente é a aplicação do ditado “se não podes com eles junta-te a eles”! A Argentina vive da vertigem que Messi lhe imputa. A Espanha não sabe jogar mal, está lá o tiki-taka, porém é uma sombra da selecção campeã europeia em 2008. Do Brasil não é preciso dizer nada pois não? Desde 1982 que o futebol-arte leva pontapés e outros maus tratos das botas de Dungas e Filipes Melos.

O Chile perdeu. Vai embora. Bielsa é louco e será criticado por muitos pelo facto de ser fiel a um estilo e a uma ideia de jogo que encantou, tendo à sua disposição jogadores da segunda divisão inglesa e espanhola. Pena para o Chile? Não. Pena para o Mundial.

Thursday, June 17, 2010

[Mundial 2010] Chile: Afinal havia outra 'Roja'


É uma das minhas favoritas para sensação da prova.
A fase de qualificação (2º lugar a um ponto do 1º classificado) é um excelente cartão de visita. Tem um treinador que é dos mais competentes no seu país, mas sobretudo, tem uma conjunto de jogadores que transborda de talento. Matias Fernandez, Valdívia, Alexis Sanchez, Isla, entre outros, apresentaram ontem um futebol dos melhores que já se observou neste, para já, sensaborão torneio. Para uma maior solidez falta a esta selecção uma alternativa ao goleador Humberto Suazo, como ontem, também, facilmente se pôde constatar.

Tacticamente, a equipa chilena apresenta-se sempre muito bem organizada, e com uma estrutura e dinâmica altamente ofensivas. O sistema de jogo preferencial de Bielsa é o 3-4-3 com losango no meio campo. Foi esse o sistema mais recorrente durante a a fase de qualificação. Ontem o Chile entrou em campo, com uma linha de quatro defesas, e com dois “10” titulares – Valdívia e Matias – , um luxo! Na segunda parte, actuou com os três defesas.

Seguramente para acompanhar o percurso do sonho chileno.

Tuesday, June 15, 2010

Dúvida

Qual destes dois treinadores que hoje (também) se defrontaram - Eriksson ou Queiroz - é que trabalha há umas semanas com a sua equipa? É a grande dúvida que surge após visionar a prestação ridícula que foi oferecida ao mundo, pela selecção de Queiroz, esta tarde, algures na África do Sul...

Tuesday, June 08, 2010

[Mundial 2010] Espanha: Enfim favorita


É provavelmente o maior lote de talento presente no torneio, no entanto, só após o último Europeu, que conquistou com brilhantismo, é que começou a granjear o respeito e admiração da crítica. O mito da “fúria” foi varrido pelo vendaval de futebol ofensivo que “La Roja” exibiu pela Áustria e Suíça há dois anos atrás. A actual selecção espanhola continua fiel a esse estilo, e liderados pelo experiente Del Bosque, com um futebol, em boa medida, decalcado do brilhante tiki-taka do F.C. Barcelona, vai seguramente procurar o seu Olimpo na África do Sul.

Tacticamente quase que apetece resumir a coisa à mobilidade, e ao axioma da posse de bola, pois é isso que, acima de tudo, melhor define o futebol espanhol. E na realidade, durante a fase de qualificação houve alguma alternância das estruturas onde estes princípios couberam. Do 4-3-3 ao 4-4-2 clássico, passando pelo 4-2-3-1, Del Bosque sempre soube organizar a fabulosa matéria prima de que dispõe para dar corpo a um apuramento que se saldou por um pleno de vitórias (28 golos marcados e 5 sofridos). Quem tem Iniesta, Xavi, Silva, Villa, Torres e companhia, ainda por cima enquadrados numa consistente organização colectiva, só pode aspirar ao pleno de conquistar o ceptro mundial.

[Mundial 2010] Argentina: O génio e o caos


O génio e o caos são coisas que costumam andar lado a lado, e no Mundial de África do Sul também teremos a parelha presente na figura da selecção argentina. Bilardo oferece préstimos sexuais em conferências de imprensa, Maradona inicia os treinos de charuto na boca…assim entra a selecção das pampas no torneio mundial. Custa bastante entender as razões que estarão na origem das ausências de Cambiasso, Zanetti, ou Lucho González, bem como as chamadas de Véron, ou mais incompreensivelmente, de Martin Palermo. Na realidade, era possível fazer uma selecção argentina com não convocados que se poderia bater de igual para igual com a “mundialista”, senão vejamos: Garay, Zanneti, Cambiasso, Lucho, Riquelme, Aimar, Saviola, entre tantos outros. Cabe agora ao genial Maradona provar que as suas excêntricas opções foram as acertadas. Se acontecer, todos os críticos terão “que la chupar”!!

Do ponto de vista táctico não se espera grande organização e processos desta equipa argentina. A fórmula há-de ser a de 86, a que valeu o seu último título mundial, não estivessem agora ao leme da actual equipa, os mentores dessa conquista – Maradona e Bilardo. As escolhas para o meio campo são elucidativas. Rigidez defensiva assente no músculo e agressividade para soltar a velocidade e a criatividade dos avançados. Quanto a favoritismos, apesar de todo o caos, a Argentina é sempre uma clássica favorita, ainda para mais porque quem conta com Messi, Dí Maria, Aguero, Tévez, Milito e por aí fora, pode mesmo sonhar. Em 86 também foi mais ou menos assim, e aí havia só (!) o génio de Maradona.

[Mundial 2010] Holanda: A eterna laranja mecânica


É incontornável. A selecção holandesa normalmente costuma colher os maiores elogios, não raras vezes merecidos, diga-se. Sempre que oferecem um cheirinho daquele futebol móvel, ofensivo e criativo que se lhe colou como rótulo desde há muitas décadas, logo o mundo se apressa a puxar da memória – sem grande nexo por vezes – pela Holanda, o Ajax e o futebol total que encantou e revolucionou o mundo do futebol na década de 70.

Apesar dos exageros, é do conhecimento geral que, de facto, o futebol holandês tem “escola”, algo que é fielmente retratado pela sua selecção nacional e por muitos dos seus clubes. Salvo raras excepções, há na maioria dos treinadores holandeses uma preocupação evidente com a dimensão estética do jogo.

Neste mundial, espera-se uma Holanda um pouco parecida com aquela que nos foi apresentada no último Europeu. Uma equipa carregada de talento e criatividade do meio campo para a frente e com menor dose desses atributos atrás dessa linha, onde predomina, sobretudo, o músculo. Em 2008, apesar do brilho de Sneijder, Van Der Vaart, Kuiyt, e companhia, a equipa em campo dividia-se, muitas vezes, em dois blocos estanques – um que só atacava e outro que só defendia. Esta característica do seu jogo foi brilhantemente explorada – com alguma dose de ironia – pelo holandês e sagaz Hiddink, e a selecção laranja acabou por abandonar o certame mais cedo do que alguma crítica já fazia prever.

Na África do Sul, o lote de futebolistas não mudou muito, o seleccionador é, porém outro e aguarda-se com alguma curiosidade pelo desfecho desta participação.
Bert Van Marwijk, vencedor em 2002 da Taça Uefa ao serviço do Feyenoord, é agora o homem que comandará o sonho laranja.

Tacticamente espera-se uma Holanda que continuará a carrilar jogo pelas alas, apesar das dúvidas em torno de um dos seus melhores ocupantes (Arjen Robben), mas em que, à semelhança do que já ocorreu em 2008, o duplo pivô à frente do quarteto defensivo parece ser uma ideia firme, invertendo assim, aquilo que é a tradicional opção da dita escola holandesa, do 4-3-3 mais clássico, com apenas um pivô defensivo. Esta opção não deixará de estar relacionada com a necessidade de dar maior cobertura a uma linha defensiva que não acompanha o brilhantismo do sector mais avançado da equipa. Ainda assim, arrisco afirmar que, seguramente, haverá espectáculo nos jogos da equipa de Van Marwijk. Quanto ao favoritismo, não. A Holanda não é historicamente favorita. Espera-se dela o já referido espectáculo mas que, contudo, não passa de alimento para os românticos, pois o alcance do título mundial será sempre, na mente de muitos, uma eterna quimera para os estéticos holandeses. Eu acredito que um dia, à semelhança do que aconteceu com a "fúria" espanhola, este mito em torno do futebol holandês acabará por cair e consagrar este futebol como ele efectivamente merece.