Thursday, December 30, 2010

FELIZ 2011


Monday, December 06, 2010

Fluminense campeão brasileiro


O Fluminense sagrou-se ontem campeão brasileiro. A vitória é, antes de mais, uma resposta ao grande rival Flamengo que tinha conquistado há um ano a mesma prova, mas é, também, e sobretudo, a ultrapassagem de um trauma do clube e de alguns dos jogadores que vestem a tricolor das laranjeiras. Em 2008, o Fluminense após participar numa campanha verdadeiramente brilhante na Libertadores, acabou por baquear na final, naquilo que muitos apelidaram de segundo “maracanazzo”. A partir daí, o clube e equipa começaram a decair, atingindo o seu ponto mais baixo durante o campeonato passado andando na cauda da tabela a lutar para não descer. Esta época, o Fluminense, comandado pelo treinador mais vencedor do Brasil nas últimas épocas (Muricy ramalho), desde o início da prova que mostrou que a sua candidatura ao título não era brincadeira. Dário Conca, Washington, Fernando Henrique e colegas, não deram tréguas a Corinthians e Cruzeiro (mais directos adversários na tabela) e venceram aquele que é um dos mais competitivos campeonatos do mundo – há quem lhe chame o melhor campeonato do mundo. Subscrevo.

Tuesday, November 30, 2010

Os moralistas do comunicado de Aveiro - Best Of

Pedido emprestado ao "Tertúlia Benfiquista"

Monday, November 29, 2010

Cilindro

O Barcelona é um hino ao futebol. E desmonta os pressupostos em que o futebol moderno assenta - a velocidade, a força, a acutilância, o choque e o físico - tudo treta!
O Barcelona é a maior evidência de que este jogo não é para fortes e atletas. É para tecnicistas, criativos, e acima de tudo, inteligentes. Os modernos continuarão a vangloriar um defesa atlético e forte como Vidic, ao mesmo tempo que desprezam um Piqué! Elucidativo.

Dá-me gozo bestial ver aquele bando de baixinhos a rabiarem os atletas todos do Real. Porque, sim! Porque eu também aprendi a gostar de futebol com o Brasil de 82 e com o Barcelona de Cruyff.

Thursday, November 25, 2010

Até quando?

Derrota humilhante e trágica do Benfica na Liga dos Campeões.

A época já vai com 8 derrotas. Pior só naquela época do 6º lugar. Mas tendo em conta o que ainda falta jogar, esse número não estará assim tão inatingível…

Jorge Jesus é parte do problema, obviamente, mas não é o problema. É muito importante que se atente nisto.

No Benfica, há sensivelmente 10 anos que as culpas dos insucessos são atribuídas a jogadores, treinadores, directores desportivos, imprensa, adversários, roupeiros etc. Ao longo deste tempo, só uma pessoa – por sinal, apenas o responsável máximo do clube – passa sempre incólume pelas tempestades.

O Benfica é uma espécie de retrato do país, ou não fosse o clube mais representativo do mesmo – entre queixumes e lamúrias, lá nos vergamos ao peso da austeridade do Estado e dos Bancos, em bom português, comemos e calamos. Até quando?

Thursday, November 18, 2010

Desabafo sobre a competência


Em contraponto ao post anterior, e sobretudo, ao tempo do anterior seleccionador.


De facto, chega a ser gritante, e até desconcertante, a mutação ocorrida com o seleccionado luso.

Aquele futebol medonho que nos foi oferecido por Carlos Queiroz, foi substituído por um futebol alegre, fluído, de processos simples, e que até é capaz de espetar uma "chapa 4" na selecção campeã da Europa e do Mundo.


Mérito a Paulo Bento.

Sunday, November 07, 2010

Desabafo sobre a incompetência

E siga para Angola que há negociatas e outras lavagens em curso...

Inadmissível a incompetência de Jorge Jesus. O F.C. Porto ganharia este jogo de qualquer forma, quer-me parecer a mim e a toda a gente que vê pelo menos 90 minutos de futebol português por semana. Apesar disto, sem a ajuda de Jorge Jesus, não é crível que a coisa fosse tão fácil, e sobretudo, com contornos de humilhação.

Já não é a primeira vez que Jorge Jesus desenterra os pecados de Quique Flores e os resultados são , naturalmente, um desastre, foi assim em Anfield - embora, em boa verdade, não tenha achado nessa altura que a coisa tenha descambado por aí! - e hoje, então, não sobram dúvidas.

Se tenho criticado Jorge Jesus por algum descuido na abordagem estratégica que tem feito, sobretudo na Europa, isto é, numa certa insistência em jogar sem meio campo, achando que ramires e Dí Maria são substituíveis com facilidade, hoje sou obrigado a apontar-lhe o dedo em sentido inverso, ou seja, quando não havia necessidade de inventar, inventou, ou melhor, copiou opções que se viram desastradas vezes sem conta na era Quique, copiou uma opção que era o mote do anterior treinador do adversário de hoje, sobretudo na Europa - montou um "onze" e uma estratégia fundamentada no medo, no medo de um jogador. E isso normalmente não dá resultado.

Mas não se deve apontar o dedo só a Jesus. A abordagem a este jogo começou por ser logo um disparate em termos da sua organização logística. Toda a verborreia presidencial sobre a segurança ou falta dela nas deslocações ao Norte, bem como todo o aparato terceiro-mundista criado na sua sequência foram mais pontos entregues ao adversário.

Mas, tudo bem, os adeptos do Benfica podem ficar orgulhosos, pois têm um centro documental, o que, na opinião do presidente, vale mais que dois campeonatos...


Parabéns ao F.C. Porto (treinador e equipa) pelo futebol praticado esta época, não obstante os empurrões arbitrais (para a frente a uns e para trás a outros) do início.

Thursday, October 21, 2010

S.L. Benfica: uma análise


Tenho evitado comentar o percurso errático do Benfica neste início de época por razões diversas que não importa agora referir. No entanto, ontem tocou a sirene e não posso deixar de esboçar aqui o meu ponto de vista sobre a matéria.

Reconheci vezes sem conta (neste espaço também) Jorge Jesus como o grande obreiro da brilhante época passada, por isso sinto-me à vontade para lhe reconhecer a exclusiva responsabilidade naquilo que tem sido esta caricatura de Benfica.

Jorge Jesus continua a ser um treinador competente (para mim a seguir a Mourinho, o mais competente cá do burgo), no entanto, tem um pecado capital: a teimosia. Essa característica aliada a alguma basófia tem sido “a morte do artista”.

Jorge Jesus não abdica do seu modelo de jogo, que continua, diga-se, a ser fortíssimo, no entanto, por via da repetição, um processo torna-se facilmente mais compreensível, e os adversários do Benfica estarão esta época muito mais preparados para os jogos com os encarnados. Isto para além da óbvia necessidade de introduzir novos estímulos nos jogadores para que essa mesma repetição não os deixe demasiado relaxados – lembro a este propósito José Mourinho na segunda época do F.C. Porto em que alterou o sistema de jogo para que, precisamente, os jogadores mantivessem níveis de concentração (nos treinos e na competição) consentâneos com os objectivos da equipa.

Ora, Jorge Jesus não fez nada disto. Esboçou na pré-época um novo sistema de jogo, que, entretanto, engavetou algures. As saídas de Dí Maria e Ramires não foram devidamente acauteladas – aqui, porventura, não será apenas a Jorge Jesus que terão que ser assacadas responsabilidades…Se a ideia era replicar o “jogar” da época passada, a saída, sobretudo de Ramires, teria que ser colmatada. Não foi. Com os jogadores que tem, Jorge Jesus tem insistido na réplica da época passada. Até se pode compreender que, na essência, se mantivesse o modelo de jogo, mas as ausências de dois elementos tão estruturantes como eram Dí Maria e Ramires exigiam a introdução de algumas nuances estratégicas no modelo. O que se tem visto recorrentemente neste Benfica – e que nos jogos da Liga dos Campeões se torna demasiado evidente – é um meio-campo com menor capacidade de pressão, um meio-campo que após a perda da bola, seja em que zona do terreno for, expõe demasiado a equipa. O problema está na transição defensiva, o meio-campo não sustém o contra-golpe adversário. Isto associado ao facto de a equipa persistir no princípio de pressionar alto, conduz àquilo a que comummente se chama de “jogo partido”. Qualquer perda de bola no meio-campo ofensivo conduz invariavelmente a lances de perigo junto à grande área encarnada. Este é o problema que depois, naturalmente, faz sofrer a linha defensiva e conduz a análises desacertadas sobre a incapacidade da defesa e outras baboseiras que se ouvem e lêem por aí…

Jorge Jesus não pode continuar a jogar desta forma, sobretudo na Liga dos Campeões, onde até uma mente rígida e seguramente também teimosa, como Alex Ferguson, faz alterações estruturais na sua equipa, normalmente, retirando um avançado para poder reforçar o meio-campo. Ontem em Lyon então foi uma verdadeira façanha, com menos um jogador o treinador encarnado manteve um suicidário 4x3x2, contra um adversário que povoava muito bem a zona central do terreno. O Benfica ficou sem meio-campo, e os dois avançados na frente tornaram-se inócuos, só depois do segundo golo é que isto foi percebido, ou então foi para o desastre não ter outra expressão numérica no placard, aliás, pelas declarações no final do jogo, parece ter sido essa a ideia…

A questão que se coloca, e que muita gente tem oportunamente identificado, consiste na necessidade de dar ao meio-campo do Benfica uma maior capacidade defensiva e de pressão. Há Airton no banco, será que não cumpriria esse desiderato? Nem seria preciso alterar estruturalmente a equipa, poderia ocupar a posição que Ramires ocupava a época passada. Se tem servido para lateral direito não poderia servir para médio interior? Javi Garcia e a defesa do Benfica agradeceriam.

Jorge Jesus tem que perceber isto, sob pena de ficar na história do clube pelas melhores (já está) e pelas piores razões. O Benfica continua a ter excelente jogadores, continua a ter um modelo de jogo consistente, de longe o mais consistente da liga portuguesa com a mesma organização ofensiva da época passada, no entanto, há que corrigir este aspecto, e há, na minha perspectiva, condições e recursos para isso, basta apenas o treinador ter vontade de o fazer, porque competência não a perdeu de uma época para a outra.

Friday, September 10, 2010

ROUBALHEIRA

A merda que se viu hoje num estádio situado nesta merda de país, não tem qualificação.
Mas no fundo percebe-se. A corrupção, a podridão, os roubos, as frutas, todas as “filhas da putice” perpetradas por esta máfia toda que se encontra instalada no futebol português há décadas a fio, acabaram por passar todas impunes. Pinto da Costa anda aí à solta com a sua fina ironia a que uma cambada de acólitos jornalistas e outros passa a vida a bajular. O ladrão de apito que actuou hoje em Guimarães, foi há dias homenageado por um bando de desprezíveis trapaceiros, como Lourenço Pinto entre outros espécimes. Por isso é tudo normal. Este é o país do caso Casa Pia, do caso Freeport, dos Ministros que forjam licenciaturas e usurpam o erário público e privado, dos autarcas do saco azul, é o país onde vale a pena ser um enorme larápio. Quem quiser ascender na escala social com honestidade, que emigre, porque aqui nesta pocilga chamada Portugal, não se safa. Ora, o futebol não podia ser diferente. A merda é a mesma. O Porto tem que ser campeão este ano. Depois de um ano sem Champions League há que repor equilíbrios, os nomes são sempre os mesmos: Pinto da Costa, Lourenço Pinto, Joaquim Oliveira, o actual presidente da Liga de clubes, e até corre o rumor de que será José Lello o próximo presidente da Confraria Portuguesa de Futebol…

Isto só mudaria à laia de uma espécie de justiça popular. Algumas destas desprezíveis figuras merecia levar um aperto dos grandes, talvez seja a única maneira de alguma coisa mudar, porque senão, os roubos, os embustes, as fraudes, as corrupções e toda a espécie de patifarias continuará a ser desenvolvida com a maior das impunidades.

O Benfica tem uma força social tremenda e incomparável. Em um outro contexto histórico, social e cultural, potencialmente essa força materializar-se-ia em movimento social com a respectiva dinâmica. Mas vivemos na mais completa anomia, a que alguns chamam de pós-modernismo, ou de fim da história, entre outras tolices, daí as possibilidades dadas a todas as criaturas que nos vão trapaceando diariamente…

Sunday, September 05, 2010

Friday, August 27, 2010

Fatalismo estrutural


Ponto prévio: acredito firmemente que existem maiores probabilidades de sucesso com um treinador competente numa estrutura de clube fraca, do que o inverso.

Jorge Jesus foi o principal obreiro da brilhante época encarnada. Os elogios que foram feitos à estrutura (?) do futebol do clube da Luz foram apenas banha da cobra que foi e continua a ser, sistematicamente, vendida pelo jornal onde pontificam os maiores acólitos de Luís Filipe Vieira.

Este ano a máquina inquinou. Já se percebeu que a convicção referida no ponto prévio será posta à prova. Quando se sabe que Luís Filipe Vieira – invariavelmente aconselhado por elementos da SAD (!) – dá “negas” a jogadores pedidos pelo treinador, penso que está tudo dito quanto às reais capacidades que o clube terá para revalidar o título conquistado na época passada. A “substituição” de Ramires tarda em ser realizada (e já se diz que não irá ocorrer), enquanto isso, contratam-se Rodrigos e Alípios para pôr a rodar por aí…

O semblante de Jorge Jesus vale mais que mil palavras…

Juntando a isto tudo, a perda de crédito de Jorge Jesus, decorrente do seu bizarro fetiche com a altura dos guarda-redes, está composto o ramalhete para aqueles que, efectivamente, não percebem nada da poda, poderem desbaratar algo que foi tão brilhantemente conseguido na época anterior…veja-se o que aconteceu com Rui Costa que passou de uma época para a outra de responsável pelo futebol com plenos poderes, para uma “fase de aprendizagem”…

Claro que há, também, birrinhas evidentes, mas também é claro que essas, com uma estrutura à séria, também seriam facilmente resolúveis, nem que fosse ao estilo dos facínoras…

Posto isto tudo, e já à segunda jornada, apesar de ter o melhor plantel e o modelo de jogo mais consolidado e consistente, o Benfica dificilmente será bicampeão.

Tuesday, August 10, 2010

A chafurdice


Mais comovente que a patética prestação do seleccionado luso no último campeonato do mundo só mesmo ver Luís Filipe Vieira a ladear Pinto da Costa na defesa da mais pura das incompetências e patranhas que só têm paralelo – ou até ultrapassam, pelo menos em absurdo – com outras tramóias bem conhecidas, ocorridas há uns anitos atrás. Chega a ser tocante mesmo, ouvir Pinto da Costa (a mesma personagem das escutas do processo apito dourado) aparecer em público a utilizar, para defesa de Queiroz, o argumentário da credibilidade do futebol português!

Se a capacidade de Queiroz como seleccionador nacional – sempre camuflada com as baboseiras relacionadas com planos e projectos quinquenais que nunca ninguém, incluindo o próprio, soube explicar – fosse proporcional à sua capacidade para assinar contratos profícuos (ou neste caso concreto será mais correcto imputar responsabilidades ao chefe da confraria portuguesa de futebol?) e para sacar recursos (o maior investimento de sempre da confraria) e indemnizações, ficaria o país poupado a esta chafurdice toda.

Esta coisa da proporcionalidade tem, aliás, muito que se lhe diga. Basta recordar o linchamento desencadeado quando outro seleccionador tentou agredir um adversário, a quente, no meio de um jogo, e a indiferença obsequiada a outro que agride jornalistas em aeroportos e insulta médicos e responsáveis por organismos competentes na área do desporto.

No final disto tudo não nos admiremos se Queiroz ainda vier a colher mais uns trocos, surrealistamente, mantendo a ocupação que lhe permite continuar a brincar às selecções.

Tuesday, August 03, 2010

Notas de pré-época

Com o país a banhos, e na ressaca do Mundial de futebol, começou a silly season, no que ao futebol diz respeito, também.

Uma das coisas a merecer óbvio destaque é a aposta do campeão nacional na manutenção da estrutura que durante a época passada, brilhantemente, arrecadou o 32º título da história do clube. Futebolisticamente falando, do que se viu até agora, a máquina encarnada continua suficientemente oleada para que se reconheça, sem grande esforço, que a concorrência se encontra à distância. A considerável distância.

O Sp. Braga também mantém a sua aposta em reforços low cost que se destacaram a nível interno e a quem facilmente se antevêem épocas profícuas (Leandro Salino, Lima, Keita).

O Sporting tem apresentado um futebol razoavelmente organizado com alguns novos princípios de jogo já observáveis (pressão alta). Maniche e Pedro Mendes são um acrescento de algo que faltou em doses excessivas durante a época passada: experiência. No entanto, aquele 4x4x2 clássico levanta (pelo menos a mim) algumas reticências…

Quanto ao F.C. Porto, muito fraquinho. Ainda não se vislumbra rigorosamente nada de diferente, para melhor, relativamente à época passada. No torneio de Paris, viu-se uma equipa com imensas dificuldades na construção de jogo, sem zona de pressão definida e com um conjunto de jogadores para o sector defensivo que, no mínimo, deve deixar os adeptos portistas com os nervos em franja…

Do lado de lá do atlântico, a Confederação Brasileira de Futebol finalmente parece ter encontrado o caminho que fará regressar o futebol do país ao seu estado natural. Mano Menezes é um dos melhores treinadores brasileiros da actualidade. Quem viu o seu Grêmio e, mais recentemente, o seu Corinthians, percebe a enorme clivagem que existe entre as suas ideias e as que dominam o futebol brasileiro há décadas. Ninguém estará tão apetrechado como ele para encetar tamanha empreitada – o regresso do futebol-arte.

Monday, July 12, 2010

Espanha campeã do mundo: o triunfo de um futebol de autor

E pronto, terminou o Mundial, coroando aquela que foi a mais a mais forte equipa nele presente. A verdadeira Espanha, aquela que quase embriaga quem os vê jogar – que o diga Joakim Low – apareceu na meia-final, vulgarizando a até então muito incensada selecção alemã. Apenas o resultado pecou por escasso, pois o ritmo e a cadência da criação de oportunidades foram esmagadores.

Em síntese, este foi um Mundial pouco espectacular. Salvou-se esta Espanha que apareceu tarde, mas ainda a tempo; o sensacional e romântico (há muito que o epíteto não servia tão bem) Chile de El Loco Bielsa; e no que toca a equipas é tudo, pois o que se retém para além disto são desempenhos individuais: Messi, Fórlan, Muller, Ozil, Sneijder, Fábio Coentrão, Lahm, e claro, quase todos os espanhóis.

Esta selecção espanhola merecia ficar na história e juntar-se a Alemanha e França no grupo da “dobradinha”. Não apenas o grupo de brilhantes jogadores, mas também, e sobretudo, uma ideia futebolística, que é, em parte, decalcada do fabuloso tiki-taka catalão e que merece, e deve, ficar bem estampada na gesta dos mundiais de futebol. Diga-se em boa verdade que ontem houve um holandês que não terá ficado totalmente frustrado. A final do Soccer City escondeu uma interessante ironia. Esta pouco aparatosa Holanda com um futebol que envergonharia os seus antecessores (marcações individuais aos criativos espanhóis e uma desproporcionada agressividade) defrontava um futebol que deve bastante a um dos nomes máximos do “futebol total”. Johann Cruyff, e a filosofia que implementou na Catalunha, e que ainda hoje é sua marca distintiva, ontem foi derrotado e simultaneamente também um pouco vencedor.

Monday, June 28, 2010

Resta Messi

A partir de hoje a única coisa de jeito que resta a este Mundial, chama-se Lionel Messi.
A Holanda rendeu-se ao pragmatismo e ao bloco baixo, provavelmente é a aplicação do ditado “se não podes com eles junta-te a eles”! A Argentina vive da vertigem que Messi lhe imputa. A Espanha não sabe jogar mal, está lá o tiki-taka, porém é uma sombra da selecção campeã europeia em 2008. Do Brasil não é preciso dizer nada pois não? Desde 1982 que o futebol-arte leva pontapés e outros maus tratos das botas de Dungas e Filipes Melos.

O Chile perdeu. Vai embora. Bielsa é louco e será criticado por muitos pelo facto de ser fiel a um estilo e a uma ideia de jogo que encantou, tendo à sua disposição jogadores da segunda divisão inglesa e espanhola. Pena para o Chile? Não. Pena para o Mundial.

Thursday, June 17, 2010

[Mundial 2010] Chile: Afinal havia outra 'Roja'


É uma das minhas favoritas para sensação da prova.
A fase de qualificação (2º lugar a um ponto do 1º classificado) é um excelente cartão de visita. Tem um treinador que é dos mais competentes no seu país, mas sobretudo, tem uma conjunto de jogadores que transborda de talento. Matias Fernandez, Valdívia, Alexis Sanchez, Isla, entre outros, apresentaram ontem um futebol dos melhores que já se observou neste, para já, sensaborão torneio. Para uma maior solidez falta a esta selecção uma alternativa ao goleador Humberto Suazo, como ontem, também, facilmente se pôde constatar.

Tacticamente, a equipa chilena apresenta-se sempre muito bem organizada, e com uma estrutura e dinâmica altamente ofensivas. O sistema de jogo preferencial de Bielsa é o 3-4-3 com losango no meio campo. Foi esse o sistema mais recorrente durante a a fase de qualificação. Ontem o Chile entrou em campo, com uma linha de quatro defesas, e com dois “10” titulares – Valdívia e Matias – , um luxo! Na segunda parte, actuou com os três defesas.

Seguramente para acompanhar o percurso do sonho chileno.

Tuesday, June 15, 2010

Dúvida

Qual destes dois treinadores que hoje (também) se defrontaram - Eriksson ou Queiroz - é que trabalha há umas semanas com a sua equipa? É a grande dúvida que surge após visionar a prestação ridícula que foi oferecida ao mundo, pela selecção de Queiroz, esta tarde, algures na África do Sul...

Tuesday, June 08, 2010

[Mundial 2010] Espanha: Enfim favorita


É provavelmente o maior lote de talento presente no torneio, no entanto, só após o último Europeu, que conquistou com brilhantismo, é que começou a granjear o respeito e admiração da crítica. O mito da “fúria” foi varrido pelo vendaval de futebol ofensivo que “La Roja” exibiu pela Áustria e Suíça há dois anos atrás. A actual selecção espanhola continua fiel a esse estilo, e liderados pelo experiente Del Bosque, com um futebol, em boa medida, decalcado do brilhante tiki-taka do F.C. Barcelona, vai seguramente procurar o seu Olimpo na África do Sul.

Tacticamente quase que apetece resumir a coisa à mobilidade, e ao axioma da posse de bola, pois é isso que, acima de tudo, melhor define o futebol espanhol. E na realidade, durante a fase de qualificação houve alguma alternância das estruturas onde estes princípios couberam. Do 4-3-3 ao 4-4-2 clássico, passando pelo 4-2-3-1, Del Bosque sempre soube organizar a fabulosa matéria prima de que dispõe para dar corpo a um apuramento que se saldou por um pleno de vitórias (28 golos marcados e 5 sofridos). Quem tem Iniesta, Xavi, Silva, Villa, Torres e companhia, ainda por cima enquadrados numa consistente organização colectiva, só pode aspirar ao pleno de conquistar o ceptro mundial.

[Mundial 2010] Argentina: O génio e o caos


O génio e o caos são coisas que costumam andar lado a lado, e no Mundial de África do Sul também teremos a parelha presente na figura da selecção argentina. Bilardo oferece préstimos sexuais em conferências de imprensa, Maradona inicia os treinos de charuto na boca…assim entra a selecção das pampas no torneio mundial. Custa bastante entender as razões que estarão na origem das ausências de Cambiasso, Zanetti, ou Lucho González, bem como as chamadas de Véron, ou mais incompreensivelmente, de Martin Palermo. Na realidade, era possível fazer uma selecção argentina com não convocados que se poderia bater de igual para igual com a “mundialista”, senão vejamos: Garay, Zanneti, Cambiasso, Lucho, Riquelme, Aimar, Saviola, entre tantos outros. Cabe agora ao genial Maradona provar que as suas excêntricas opções foram as acertadas. Se acontecer, todos os críticos terão “que la chupar”!!

Do ponto de vista táctico não se espera grande organização e processos desta equipa argentina. A fórmula há-de ser a de 86, a que valeu o seu último título mundial, não estivessem agora ao leme da actual equipa, os mentores dessa conquista – Maradona e Bilardo. As escolhas para o meio campo são elucidativas. Rigidez defensiva assente no músculo e agressividade para soltar a velocidade e a criatividade dos avançados. Quanto a favoritismos, apesar de todo o caos, a Argentina é sempre uma clássica favorita, ainda para mais porque quem conta com Messi, Dí Maria, Aguero, Tévez, Milito e por aí fora, pode mesmo sonhar. Em 86 também foi mais ou menos assim, e aí havia só (!) o génio de Maradona.

[Mundial 2010] Holanda: A eterna laranja mecânica


É incontornável. A selecção holandesa normalmente costuma colher os maiores elogios, não raras vezes merecidos, diga-se. Sempre que oferecem um cheirinho daquele futebol móvel, ofensivo e criativo que se lhe colou como rótulo desde há muitas décadas, logo o mundo se apressa a puxar da memória – sem grande nexo por vezes – pela Holanda, o Ajax e o futebol total que encantou e revolucionou o mundo do futebol na década de 70.

Apesar dos exageros, é do conhecimento geral que, de facto, o futebol holandês tem “escola”, algo que é fielmente retratado pela sua selecção nacional e por muitos dos seus clubes. Salvo raras excepções, há na maioria dos treinadores holandeses uma preocupação evidente com a dimensão estética do jogo.

Neste mundial, espera-se uma Holanda um pouco parecida com aquela que nos foi apresentada no último Europeu. Uma equipa carregada de talento e criatividade do meio campo para a frente e com menor dose desses atributos atrás dessa linha, onde predomina, sobretudo, o músculo. Em 2008, apesar do brilho de Sneijder, Van Der Vaart, Kuiyt, e companhia, a equipa em campo dividia-se, muitas vezes, em dois blocos estanques – um que só atacava e outro que só defendia. Esta característica do seu jogo foi brilhantemente explorada – com alguma dose de ironia – pelo holandês e sagaz Hiddink, e a selecção laranja acabou por abandonar o certame mais cedo do que alguma crítica já fazia prever.

Na África do Sul, o lote de futebolistas não mudou muito, o seleccionador é, porém outro e aguarda-se com alguma curiosidade pelo desfecho desta participação.
Bert Van Marwijk, vencedor em 2002 da Taça Uefa ao serviço do Feyenoord, é agora o homem que comandará o sonho laranja.

Tacticamente espera-se uma Holanda que continuará a carrilar jogo pelas alas, apesar das dúvidas em torno de um dos seus melhores ocupantes (Arjen Robben), mas em que, à semelhança do que já ocorreu em 2008, o duplo pivô à frente do quarteto defensivo parece ser uma ideia firme, invertendo assim, aquilo que é a tradicional opção da dita escola holandesa, do 4-3-3 mais clássico, com apenas um pivô defensivo. Esta opção não deixará de estar relacionada com a necessidade de dar maior cobertura a uma linha defensiva que não acompanha o brilhantismo do sector mais avançado da equipa. Ainda assim, arrisco afirmar que, seguramente, haverá espectáculo nos jogos da equipa de Van Marwijk. Quanto ao favoritismo, não. A Holanda não é historicamente favorita. Espera-se dela o já referido espectáculo mas que, contudo, não passa de alimento para os românticos, pois o alcance do título mundial será sempre, na mente de muitos, uma eterna quimera para os estéticos holandeses. Eu acredito que um dia, à semelhança do que aconteceu com a "fúria" espanhola, este mito em torno do futebol holandês acabará por cair e consagrar este futebol como ele efectivamente merece.

Saturday, May 29, 2010

A contenda sem fim e sem vencedor

Não obstante o Mundial de futebol estar mesmo aí à porta, o mundo futebolístico centra-se na contratação de Mourinho por parte do Real Madrid. Isto, por si só, revela quem é, ou o que é o treinador português no actual contexto do futebol mundial. O vídeo do comovente abraço a Materazzi que circula por aí, também é bastante revelador.

Devolver o título europeu ao Inter, após 45 anos de desesperada espera, não tem paralelo com outros feitos do setubalense. É que o F.C. Internazionale não é o Chelsea ou o F.C. Porto – clubes cuja afirmação tem uma vintena de anos. O clube de Milão é um clube lendário, é o clube de Herrera, de Fachetti, de Meazza, é um dos colossos do futebol italiano. Para além disso, o percurso na competição europeia este ano, teve muito mais brilho do que aquele que foi trilhado na anterior conquista em 2003/2004. A equipa italiana, esta época, afastou da competição os dois maiores favoritos a conquistá-la: o Chelsea e sobretudo o axiomático Barcelona.

No entanto, a opinião pública caminha em dois prismas de análise. O comum adepto, sem fazer grande análise ou reflexão, exalta esta vitória de Mourinho com grande entusiasmo patriótico. Depois há aqueles que, por obrigação, ou por prazer, se dedicam a reflectir qualquer coisinha acerca da bola que rola e dos homens responsáveis por isso. E neste grupo não há unanimismos, o que há, por assim dizer, são dois subgrupos, o dos resultadistas e o dos românticos. A velha e gasta discussão do futebol, a única contenda que nunca terá uma final nem um vencedor. O maniqueísmo da superioridade moral de um modelo de jogo face a outro é apanágio dos românticos que vêem no actual Barcelona o grande e insofismável paradigma. O pragmatismo relativista que advoga a subalternização dos meios ou da forma para que o objectivo do jogo – que é a vitória – seja alcançado é apanágio dos resultadistas, que este ano tiveram na equipa de Mourinho o seu grande paradigma. Naturalmente que, a variável patriotismo não pode ser excluída da equação argumentativa dos resultadistas, já que muitos dos que agora rejubilam com a conquista interista são os mesmos que vociferaram todo o tipo de injúrias relativamente à Grécia de Reaghel no Euro 2004.

Mas voltando ao confronto das duas facções. Afinal quem tem razão? Há várias categorias de argumentos a servir os dois lados da barricada. O argumentário estético e o científico, são, porém, os mais aproveitados. Quanto à questão estética, a coisa assemelha-se a dois homens casados. A mulher de um deles é uma top model, bela e curvilínea, a mulher do outro é mais vulgar, bonita mas não deslumbrante. No entanto, os dois homens são felizes na mesma medida. E, quanto à colagem da estética para este assunto fiquemo-nos por aqui, pois, naturalmente, não é meu objectivo trazer para a discussão conceitos como a estética ou a felicidade, já que isso obrigaria a um outro texto, uma outra reflexão.

Em relação à questão científica – chamemos-lhe assim – a discussão pode ser mais profunda. Van Gaal, no final do jogo afirmou, com uma indisfarçável azia, que vencer como o Inter tinha vencido era mais fácil. Será que trabalhar uma equipa com foco acentuado na organização defensiva é mais fácil do que trabalhar mais a organização ofensiva? O actual treinador campeão nacional, dizia há uns tempos que o papel do treinador é sobretudo mais determinante no trabalho ao nível da organização defensiva, pois a outra, está muito mais dependente da capacidade técnica e criatividade dos jogadores. Também Platini em tempos afirmou mais ou menos a mesma coisa. Para ele o trabalho do treinador circunscreve-se à organização ofensiva. A outra, a ofensiva, depende muito mais das capacidades dos jogadores.

Esta discussão jamais terá fim, e também jamais terá um detentor da razão. A única coisa válida que se pode extrair desta altercação toda é que para a história fica o incontestável título do Inter, genialmente conquistado. Por outro lado, o brilhante e sedutor futebol do Barcelona também não fica minimamente beliscado ou posto em causa em função da eliminatória que perdeu para a equipa italiana.

Saturday, May 22, 2010

Leituras [genial]

Rap Queiroz *


Hi guys, Olá pessoal!
Eu sou o Carlos Queiroz Treinador de Portugal
I got a feeling, um pressentimento!
Só nos falta entrosamento
O início foi mau, muito passe errado
Talento não se compra no supermercado
Não posso dizer que jogámos bem
Começámos nervosos, inseguros

Sem pontas-de-lança puros
Mas está tudo programado
Não temos medo de nada
Tivemos os jogos na mão
O árbitro não marcou penálti
Futebol é agonia, há noites assim
Contra a Dinamarca, 37 remates
E no fim só deu empate

Ficámos muito desiludido
No Brasil, golos patéticos

Derrota pesada, frustrações
O Quim não tem futuro, yooooooo O Quim não tem futuro, yeaaahhh
Trocas de palavras azedas, empurrões
Correr com comentadores e jornalistas
Mas tudo normal com o Baptista
Pois são as más finalizações
Que me fazem cair o cabelo
Não conseguimos ganhar
Não sei como fazê-lo
Marcar golos e vencer
Se não alimentar a vaca
O leite vai secar
Ficaram cinco penáltis por marcar
Mas acredito que podemos lá chegar
Estamos a construir equipa sólida
A estratégia está montada
Para correr muito sem bola
sentir-me realizadoBastaram-me 45 minutos
Para ver que o Coentrão
Dava um belo lateral
E, olhem, nem estou a contar
Com o Pepe a defesa-central
Descobri no Simão

Bom intérprete do losango
João Moutinho uma encarnação
De caráter e talento
Sem espaço pelo regulamento
Liedson garante mais competência
Deco é uma referência
Eduardo o número um
Manuel Fernandes o lapso 51
Mas toda a minha esperança
É o Ronaldo fazer a diferença
O Quim não tem futuro, yooooooo O Quim não tem futuro, yeaaahhh
Ganhámos motivação
Nem queria estar na pele dos albaneses
Olhem nos olhos deles, Portugueses
Para verem a determinação
Grande coração
E também muita alma
Vitória arrancada a ferros
Cometemos muitos erros
Mas é preciso ter calma
É preciso sofrer
É preciso lutar
Correr com os talibãs
Que criticam a Seleção
Só volto a fazer a barba
Quando dois golos marcar
Nem que seja com ajuda
De Nossa Senhora de Nampula
Na Covilhã em altitude

Jogadores são gigantes
Com raça, entrega e atitude
Nalguns períodos brilhantes
Futebol sempre positivo
Muito consistente

Equipa serena e inteligente
Sabemos que o mais ganhar sem sofrer golos
Devemos sentir orgulho
Fazer estágio longe do barulho
Sem assobios nem lenços brancos
Quem não acredita fique em casa
Será diferente no Mundial
Vou mudar o chip mental
O Eriksson já comprou Comprimidos para a dor
No Brasil, cada jogador
Vai ter um Dunga na cabeça
E que ninguém se esqueça Que a Coreia corre todo o dia,
Nunca se cansa

Estamos no grupo da morte
Mas como nos mostrou a Bósnia
Levar três bolas no poste
Faz parte desta vida
Também é preciso sorte
Obrigado a quem confia
Se não fosse para ser campeão
Ter este sonho, esta ambição
De Manchester não saía
Só o Quim não tem futuro, yooooooo Só o Quim não tem futuro, yeaaahhh

* Co-autoria virtual com o Professor Carlos Queiroz, verdadeiro criador dos versos, ao longo dos últimos dois anos e ao ritmo de altos e baixos como a Seleção que dirige.

Autor: JOÃO QUERIDO MANHA Data: Terça-Feira, 18 Maio de 2010 - 18:00, in jornal Record

Tuesday, May 11, 2010

Benfica campeão 2009/2010




Sobre a conquista do 32º título do Sport Lisboa e Benfica – o maior e mais popular clube de Portugal – pouco há a acrescentar ao que já foi exaustivamente dito, com excepção, naturalmente, da prosápia néscia dos ressentidos do costume. O clube encarnado foi de uma superioridade avassaladoramente brilhante, pelo que, esta conquista foi o corolário dessa excelência que, jornada após jornada, nos foi oferecida por esses campos do país.

A festa foi bonita, e é, de facto, impressionante, voltar a constatar a força social desta centenária instituição, sobretudo se atentarmos à dimensão do país que a acolhe.
Cabe agora ao clube da Luz não deixar emperrar esta mola, tal como aconteceu após o título de 2004/2005, e continuar nesta senda que tem como destino, que é natural, a hegemonia em Portugal, e também, o regresso em força ao topo do futebol europeu.

Tuesday, April 13, 2010

Taxativo

«A entrada do Aimar foi determinante, mas o Sporting também não foi a mesma equipa na segunda parte. A sua primeira linha defensiva durante a primeira parte foi muito agressiva, não deixando o Benfica construir como está habituado. Tivemos dificuldades em passar a primeira linha defensiva do Sporting, mas sabíamos que, face à qualidade dos nossos jogadores, se colocássemos o adversário a correr defensivamente, não conseguiriam manter esse ritmo na segunda parte. Por isso, dominámos praticamente até chegarmos ao 2-0.»

Jorge Jesus

Friday, April 09, 2010

Disparates

Fazer análises por cima – tendo apenas como pano de fundo - dos resultados é para além de simplista, redutor. Que isso é o mote da generalidade da nossa imprensa desportiva, já todos o sabem. Ainda assim, é humanamente impossível ignorar a ignorância de uns quantos apaniguados que vão escrevinhando e tagarelando sobre os assuntos da bola.

Mas vamos aos disparates.

O défice físico da equipa do Benfica. Destaco-o como o primeiro disparate, pois uma equipa que esteve o jogo todo a procurar atacar a baliza adversária, que teve mais posse de bola e que correu mais que o adversário só poderá estar incapacitada fisicamente na cabeça de um tolinho.
As mexidas na defesa do Benfica. Não foi, naturalmente, por aí que o Benfica perdeu o jogo. É, repito, fácil, simplista, redutor, e até intelectualmente desonesto, analisar o jogo por esse prisma. O Benfica não foi suficientemente forte em transição defensiva porque do outro lado estava uma das equipas mais – e agora aproveito para usar uma expressão tão vulgarmente utilizada pelos analistas – cínicas do actual futebol europeu. O veneno do contra-ataque já deu uma Liga dos Campeões a este Liverpool de Bénitez, e logo contra o A.C. Milan.~

Os “reds” esperaram sossegadinhos pelo ataque dos “encarnados” que entraram em Anfield para marcar um golo e “matar” a eliminatória, e serviram-lhes o prato preferido do seu treinador – o veneno do contra-ataque. No entanto é preciso referir que o resultado começou a ser construído com um golo impossível de acontecer a este nível. Terá sido por aí – pela baliza – que o Benfica começou a perder o jogo. Mas mesmo nesse particular não é honesto questionar a opção do treinador encarnado, tendo em conta que o ex-guardião do Botafogo fez a carreira europeia toda até ontem, sem grandes sobressaltos.

Este foi o jogo que eu vi.

Monday, March 22, 2010

Brilhante

Dar a volta a um resultado e a uma eliminatória, na Liga Europa, frente a uma forte equipa que luta pelo título francês, e com um nível de brilhantismo que ficou patente desde o primeiro minuto do jogo no vélodrome, e já agora, contra uma arbitragem escandalosa. Entretanto, uns dias depois, aplicar uma "chapa três" no F.C. Porto, sem ser necessário acelerar muito, com 4 habituais titulares no banco e com o Bruno Alves à solta durante os 90 minutos. É obra!

Thursday, March 11, 2010

Regresso. Com algumas notas soltas

Após o maior interregno que este espaço já sofreu, e tendo, naturalmente, em conta a dificuldade em seleccionar um só tema para a sua revitalização, não me resta alternativa que não a de lançar umas quantas ideias soltas.

1) O último texto foi sobre vergonhas do nosso futebol, como tal, e para manter uma certa linha de coerência, nada como abrir com mais uma monumental vergonha, nomeadamente aquela que, em pleno aeroporto de Lisboa, nos revelou a mais pura face desse gentleman a que chamam professor Queiroz, e a quem, inusitadamente, atribuem a realização de uma revolução no futebol luso. Curioso o silêncio do seu mais afamado acólito na imprensa desportiva, logo esse que não poupou energias para provocar o maior arrufo moralista aquando do episódio de Scolari com Dragutinovic.


2) Continuando com a temática da selecção luso-brasileira, importa pensar na enorme incapacidade futebolística que nos foi mostrada no jogo contra a China. De facto, após tanto tempo de devaneios "queirozianos", custa a aceitar que ainda não exista uma ideia de equipa, um onze base consistente, já para não falar das inaceitáveis escolhas e ostracizações do peculiar seleccionador...


3) Na Liga Sagres, continua o S.L. Benfica a espalhar classe pelos relvados do burgo. Os detractores amparam-se agora, esgotada que está aquela caricata ideia da prova dos nove a que os encarnados teriam que estar sujeitos até sabe-se lá quando, numa estapafúrdia tese de que o clube da Luz tem sido beneficiado pela Comissão Disciplinar da Liga pelo facto de esta ter punido um jogador que segundo eles diziam, naturalmente antes da sua patética prestação em Londres, era um elemento muito influente no futebol portista. Claro que já só um ou dois tontinhos se atrevem a alimentar esta estapafúrdia teoria, a maioria tem optado por se calar para que não sejam objecto de natural e óbvia galhofa.

Tuesday, January 12, 2010

A falta de vergonha

Quando um dirigente que é sobejamente conhecido por ter sido o grande promotor da corrupção no futebol português nas últimas décadas, anda num rodopio verborreico que chega a roçar o ridículo de tão insistente que tem sido, está tudo dito quanto aos verdadeiros motivos e motivações da criatura. Houve tempos em que esta lengalenga surtia o efeito desejado. Agora, não se sabe se ainda surtirá, apenas o tempo o poderá esclarecer, contudo, uma coisa é certa, independentemente de tudo o resto, para além da óbvia falta de vergonha, falta também a autoridade desses outros tempos, e há um desespero e uma já muito evidente senilidade em toda a representação. A soma deste indicadores todos evidencia que, finalmente, algo está a mudar...

Saturday, January 02, 2010

Algumas notas de 2009

Do melhor que se viu em termos futebolísticos no ano findo, foi, inequivocamente, o futebol praticado pelo F.C. Barcelona, seguramente algo que ganhou um lugar na história do futebol. Depois da glorificação do “defensivismo” que tem vindo a crescer ano após ano, sensivelmente desde a década de 80, era necessário que surgisse um projecto futebolístico como é o de Pep Guardiola, e como também foi o do seu antecessor e mestre Cruiyff. Mas mais importante que isso é o facto de este projecto ser bem sucedido, isto é, ter resultados, e este Barca alcançou todos os títulos que poderia alcançar. Fantástico!

Se este ano os culés manterão essa bitola, é que já é algo que faz suscitar algumas reticências. Desde logo devido à eterna cultura de conflito instalada na instituição, que é, no fundo, uma das grandes razões da sua existência, senão a única mesmo – a afirmação perante o poder centralizador de Madrid, e que no futebol, é representado pelo Real Madrid. Normalmente depois de uma ou duas épocas de sucesso, o clube catalão afunda-se com imbróglios internos, politiquices e outras coisas do género, algo que não passa, afinal, do esvaziamento do balão da afirmação perante os rivais. Foi assim no tempo de Cruyff, foi assim há bem pouco tempo com Rijkaard, e este ano, já se começam a fazer sentir alguns sintomas disso mesmo. Basta andar atento à imprensa desportiva do país vizinho. É como diz um amigo meu: “o Barcelona não sabe ser feliz”.

Por cá, depois do rotundo falhanço que foi a aposta em Quique Flores, o SL Benfica parece, finalmente, ter encontrado um treinador capaz de devolver ao clube aquilo que dele anda arredado há tantos anos. O clube encarnado tem uma equipa à imagem de outras equipas memoráveis do seu passado e pratica um futebol fabuloso que tem arrastado a sua inigualável massa adepta atrás de si para todo o lado. A dinâmica é grande, dentro e fora dos relvados, e quando assim é, tudo se torna mais fácil. No entanto, como se sabe, a factura da grandeza por vezes é muito grande. E não falta quem esteja a esta hora a ranger os dentes com ânsia de uma derrocada do clube da Luz. Só em Maio, se saberá se este Benfica aliará à sua qualidade futebolística os indispensáveis resultados, mas para já, é a equipa, obviamente, mais talhada para o conseguir.

Por falar em derrocadas, do outro lado da segunda circular, rebentou a bolha da ilusão. Bastou aparecer um Benfica forte, e um intrometido Sp. Braga, para que afinal ficasse visto à saciedade que a política da míngua, associada a uma aposta forte no produto da Academia não é suficiente para andar em certas andanças. Os resultados dos últimos anos derivaram mais do demérito dos outros do que do mérito desta falaciosa estratégia, se é que se pode utilizar esta palavra. A coisa ainda piorou mais a partir do momento em que a âncora desta ideia de projecto desportivo, acabou por dar um murro na mesa e decidiu abandonar o barco. A partir desse momento o desnorte é total e até risível. Então não é que os alvos do mercado são os produtos da formação do eterno rival que até abandonou a actividade formativa durante anos…

Para finalizar, que 2010 traga muito espectáculo, é o que se deseja para que o mesmo nos vá fazendo esquecer as crises que nos assolam. É sem dúvida um excelente remédio, e este ano, ainda por cima, é ano de Mundial. Mas antes disso, ainda teremos agora a Taça das Nações Africanas já este mês.

Um óptimo 2010 para todos os que por aqui passam, com muita saúde, acima de tudo.