Tuesday, June 10, 2008

Espanha 4-1 Rússia: a beleza das coisas simples


Poder-se-á falar em algumas facilidades concedidas por parte dos comandados de Hiddink, no entanto, também será justo dizer que a equipa espanhola fez aquilo que por vezes se torna mais complexo num jogo de futebol, ou seja, as acções simples. É um paradoxo, mas quantas vezes já não observámos situações de jogo onde a solução para uma determinada jogada nos aparece com uma evidência excessivamente óbvia? E não raras vezes, essa solução não se concretiza acabando a jogada por desembocar no insucesso. A este respeito, o segundo golo da Espanha é paradigmático: passe vertical de ruptura efectuado pelo portador da bola, diagonal de um jogador que está próximo, no limite do fora-de-jogo e finalização. Parece fácil, mas não será tanto assim. A jogada implica uma total coordenação entre os dois jogadores. Uma linha de passe nasce a partir do momento em que Iniesta executa o passe em simultâneo com a desmarcação de Villa. É claro que aqui entram as rotinas sistematizadas no treino, as capacidades dos jogadores e um conjunto de outras variáveis, não esquecendo, naturalmente, aquelas que dizem respeito à equipa adversária. Importa referir que esta não foi uma jogada isolada ao longo do jogo.


Foi apenas o primeiro jogo e nuestros hermanos já nos habituaram a estas entradas de rompante que depois acabam por redundar em enormes fracassos, contudo, uma equipa com um meio campo onde pontificam a criatividade e capacidade de passe de Xavi, Iniesta e Fabregas, e que conta com uma dupla de atacantes como Torres e Villa, tem que ser considerada como uma das fortes favoritas a vencer o torneio.

2 comments:

Nuno said...

Para mim, antes do campeonato começar, a Espanha era a grande favorita. Em termos de individualidades é enorme. Mas aquele sistema táctico não é nada. Resolveram o jogo através do talento individual, mas tiveram muitas dificuldades sempre que os russos estavam bem posicionados atrás. A obsessão do 442 clássico obriga a que Fabregas fique no banco e Iniesta seja encostado à direita. Isto retira muita força à selecção. É evidente que o talento dos jogadores, depois, vem ao de cima, mas não tenho dúvidas que, num esquema mais adequado, esta Espanha seria quase imbatível...

Paulo Santos said...

Enquanto escrevia isto lembrei-me de ti a propósito do 4-4-2 clássico da Espanha. Apesar de não partilhar da tua opinião relativamente a isso, também me faz confusão ver Fabregas no banco, bem como Iniesta encostado à linha, contudo, pondo de parte um 4-3-3, pois não me parece bem também não jogar a dupla Villa/Torres, restaria o losango, mas aí há o problema dos laterais, não me parece que capdevilla e Sergio Ramos dêem a profundidade necessária, não sei...também não me pareceu assim uma exibição tão fraquinha. Para desancar num 4-4-2 clássico, a França pareceu-me um caso mais evidente - dois médios centro que só defendem, e dois alas que não se dão tão bem em movimentos interiores, para além da confusão de ver Nasri no banco...


Abraço