
O primeiro jogo de uma equipa nacional vestindo uma camisola com as cinco quinas gravadas ocorreu em Dezembro de 1921.
Das 18 edições de campeonatos do mundo de futebol, Portugal teve lugar em apenas 4, sendo que o melhor resultado alcançado foi um 3º lugar em Inglaterra, no ano de 1966. Depois dessa data, a selecção lusa só voltaria a marcar presença no dito certame, 20 anos depois, em 1986, no México, tendo-se aí feito notar mais pelo que se passou fora dos relvados do que dentro deles, numa epopeia que ficou vergonhosamente conhecida como o caso Saltillo. A partir daí, falharam-se três qualificações (90, 94 e 98). Apenas voltaríamos a marcar presença na maior competição futebolística do planeta, em 2002 na Coreia/Japão – prestação inglória, novamente manchada com episódios rocambolescos pouco relacionados com a bola e os relvados.
No que respeita a campeonatos da Europa, a nossa selecção esteve presente apenas em três edições: em 1984 onde chegámos às meias-finais, o que até terá sido quase um milagre face aos conflitos de interesses e às rivalidades clubísticas que minavam o seleccionado luso e que tiveram enormes repercussões, muitas das quais só conhecidas anos depois. A equipa portuguesa só voltaria a marcar presença num campeonato da Europa, 12 anos depois, ou seja, três edições depois, em 1996 em Inglaterra atingindo os quartos de final da prova. Em 2000, na Bélgica/Holanda, a equipa das quinas voltaria a ter sucesso, alcançando as meias-finais.
Desde que Scolari chegou à selecção, na sequência da vergonha que ocorreu em terras asiáticas, a equipa portuguesa atingiu a final do Europeu em 2004, realizado no nosso país. De seguida foi conseguida a qualificação para o campeonato do mundo de 2006, no qual foi alcançado o 4º lugar. E por último, após conseguir a qualificação para o Europeu que actualmente decorre na Áustria e Suiça, acabámos por sucumbir nos quartos de final da prova.
Em termos temporais, os dois primeiros parágrafos dizem respeito a 82 anos. O último apenas se refere a 4 anos. Julgo que não será preciso acrescentar mais nada.
Para além dos resultados, Scolari conseguiu colmatar e disfarçar as fragilidades de uma federação que nunca passou de uma autêntica confraria, promotora de favores e de obscuros interesses pessoais e/ou institucionais.
A selecção nacional foi sempre uma plataforma por onde gravitaram esses mesmos interesses, o que conduziu muitas vezes aos já mencionados acontecimentos que envergonharam o povo português. Também desta forma se foi desenvolvendo, ao longo dos anos, um enorme distanciamento entre os portugueses e a selecção nacional, algo que, como facilmente se reconhece, se alterou substancialmente com Scolari.
Contestar estas evidências é de um autismo tão atroz que nem vale a pena rebatê-lo.
Por tudo isto, eu como tenho memória e sei ser grato, digo: muito obrigado Luiz Felipe Scolari e boa sorte em Londres.