Friday, February 20, 2009

Derby

Vésperas de grandes jogos misturam turbilhões de emoções, por vezes ambíguas, e até antagónicas. A coisa costuma durar, mais ou menos, uma semana. É tema de conversa em qualquer cantinho, da mesa de família à cadeira do barbeiro. Os jornais mostram-nos chorrilhos de páginas com jogos e intérpretes do passado, estatísticas, curiosidades e análises tácticas. No entanto, amanhã pelas 20:00, tudo isso se eclipsa para dar lugar ao jogo, e a uma nova história que passará a existir após o seu término, e que se juntará a mais de um século de outras tantas, para que na véspera do próximo confronto se repita tudo mais uma vez. No dia do jogo o país futebolístico afecto aos dois contendores (e não só) acorda tenso e ansioso, eufórico e angustiado, sendo que esse estado de quase psicose apenas será abandonado no momento do pontapé de saída.

À semelhança de outros derbys, o Sporting-Benfica ou Benfica-Sporting, acarreta uma carga simbólica e social que lhe transmite grande parte do seu encanto. Amanhã a cidade e o país dividem-se. De um lado, o clube nascido no seio da plebe, do outro, o clube fundado pela nobreza. Hoje, apesar de mais esbatidas essas diferenças, ainda se mantêm, e manter-se-ão naturalmente, óbvias reminiscências dessa génese social.

Para o jogo ninguém arrisca prognósticos, muito menos certezas, escapam apenas uns quantos mitos, como aquele que sustenta o favoritismo do antagonista que se encontra em “pior”momento…eu também não me atrevo a fazer a mais leve consideração a esse respeito, contudo, subscrevendo Afonso de Melo quando diz que o derby é como um romance cheio de personagens, tenho a certeza de que o que ficará para a história, será construído pelas personagens principais deste romance eterno: Suazo, Moutinho, Aimar, Liedson…

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