Friday, October 17, 2008

Leituras

"Nunca esperei nada de muito significativo desta nova etapa da selecção nacional com Carlos Queiroz. Há demasiados anos que o vejo como um treinador banal de alta competição, bom programador ao que dizem, disciplinado e trabalhador, bem relacionado, que utiliza o servilismo de uma parte da imprensa portuguesa ("professor" para aqui, "professor" para ali) para esconder a falta dos atributos que mais devem habilitar um homem com as suas funções: carisma, capacidade de liderança e sagacidade nas opções técnicas, sobretudo a partir do banco.
A ausência destas qualidades, a que se soma a falta de experiência significativa como jogador, já fora anteriormente visada nas passagens pelo Sporting (onde não ganhou ao leme da melhor equipa dos últimos 20 anos do clube), pelo Real Madrid (onde foi despedido) e pela selecção (em que falhou o apuramento para o Mundial de 1994). Descontando o trabalho às ordens de Alex Fergusson, um verdadeiro líder cuja longevidade desesperou o actual seleccionador nacional e o fez agora abandonar Manchester, o resto foram experiências irrelevantes no futebol do terceiro mundo.
Queiroz continua a recolher ainda hoje os dividendos do investimento feito em 1989 e 1991 com os títulos mundiais de sub-20, quando levou ao limite a capacidade familiar de alguns jovens com qualidade futebolística para os manter perto de 250 dias em estágios sucessivos - coisa absolutamente anormal para o escalão e que alguns desses jovens pagaram de forma dura em termos académicos e culturais.
Dito isto, até a mim me escandaliza a agressividade com que a imprensa, nomeadamente a dos jornais desportivos, se atirou ao seleccionador depois do empate com a Albânia, mas o servilismo é mesmo assim: quando não retribuído, pode dar origem a ofensas soezes - e A Bola chamou-lhe agora burro com a mesma facilidade com que Queiroz ofendeu um dia o presidente do Sporting Clube de Portugal, Soares Franco."

(João Marcelino, Um descalabro chamado Queiroz, DNsport, 17/10/2008)

2 comments:

LF said...

Concordo com quase tudo.
Queirós é um mito.

Anonymous said...

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