Wednesday, December 17, 2008

Sobre o(s) momento(s) do Benfica

A esquizofrenia que circunda tudo o que se passa à volta do Benfica é algo com que o próprio Benfica tem que se habituar a conviver. Nem sempre é fácil, admite-se…
A imprensa desportiva é das coisas mais patéticas a este nível. As primeiras páginas com o tema Benfica são das coisas mais hilariantes que se possam imaginar. Se o Benfica ganha, logo emergem as referências à enorme sumptuosidade do futebol praticado, quer colectivo, quer ao nível do destaque a uma ou outra individualidade que também de imediato é colocada, com grande pompa, num altíssimo pedestal…
Se o Benfica perde, é o descalabro total. Tudo é posto em causa, desde o treinador, equipa, director desportivo, presidente, roupeiro…

Após a eliminação da Taça em Matosinhos, ainda por cima, frente à equipa da moda com o seu treinador da moda (a época passada era o Guimarães e Cajuda), tudo tem servido para arremessar ao clube encarnado. Uma das coisas que considero engraçadas, é aquela ideia de que o discurso de Quique Flores não foi suficientemente ambicioso e, como tal, não esteve à altura do clube – o treinador espanhol afirmou que houve melhorias da equipa neste jogo, face ao disputado para o campeonato e que o grande objectivo do clube, para esta época, é atingir um lugar que dê acesso à milionária Liga dos Campeões. É evidente que um clube com a dimensão do Benfica tem que ser sempre ambicioso, mal seria se um dia deixasse de o ser, contudo é necessário e até prudente contextualizar e relativizar as coisas, sob pena de se não o fizermos, cairmos no ridículo, que é o que acontece a muitos escribas que pululam por esta nossa redutora imprensa desportiva.

O Benfica esteve a saque durante 15 anos e conseguiu sobreviver, o que evidencia bem a sua dimensão. Dizem alguns, que esse facto obriga a que a lógica dos discursos e das acções dentro do clube se mantenha fiel ao contexto que antecedeu a era horribilis. Nada mais errado que este redutor e pouco avisado raciocínio. O facto de o Benfica resistir a 15 anos de pura pilhagem e consequente cataclismo futebolístico é sintomático da sua grandeza, mais ainda, se pensarmos que estamos a falar de um clube pertencente a um país como Portugal, e é aí que se encontra o busílis da questão. O Benfica é um clube português, não é inglês, espanhol ou italiano, nem mesmo alemão ou francês…
Um dos denominadores comuns dos clubes lendários é precisamente a capacidade de resistirem às grandes adversidades, a calamidades até. A diferença substantiva entre a crise de um Real Madrid ou de uma Juventus, comparativamente a uma crise do Benfica, reside na fase do recobro e aí entram os aspectos relacionados com o contexto socioeconómico em que os clubes se inserem. O restabelecimento do Benfica ainda está em curso e isso, tendo em conta o actual contexto social e económico do mundo em geral e do futebol em particular, é perfeitamente compreensível. Claro que para aqueles que têm na manipulação uma das mais importantes ferramentas do seu trabalho, isso não é assim tão óbvio…

3 comments:

Nuno said...

Concordo. Os discursos de Quique têm sido do melhor que se vê em Portugal. Ponderado, sereno, confiante q.b., nunca se queixando de arbitragens. Muito bem. Infelizmente, continua fiel ao seu 442 clássico, se não não teria quase objecções a fazer-lhe. :)

Grande Abraço!

Anonymous said...

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Anonymous said...

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