
A metamorfose táctica do Manchester United foi determinante no desfecho da eliminatória. Não tanto no jogo da primeira-mão, no qual, a equipa inglesa foi totalmente dominada pelo Barca, não obstante esse domínio ter sido estéril no que respeita a criação de oportunidades de finalização. No jogo de ontem, Rijkaard repetiu o 4-3-3 assimétrico de há uma semana, com a colocação de Iniesta como falso ala esquerdo. Novamente, a estratégia esbarrou na eficiente e eficaz organização defensiva do Manchester, que apesar de tudo, ontem foi mais afoito nas suas acções de contra-ataque, com Ronaldo e Tévez a ocuparem o corredor central. Nas alas, sem bola, Nani e J.S. Park, ajudavam sobretudo a fechar os corredores laterais, formando uma segunda linha de quatro à frente dos quatro da defesa.
O processo ofensivo dos catalães, à semelhança do que sucedera no jogo de Camp Nou, desenhou-se quase sempre em zonas interiores, com escasso recurso ao jogo exterior, muito por culpa da estratégia inglesa, mas também por culpa própria. Recordemos o jogo do fim-de-semana em Stamford Bridge, no qual, o Manchester repetiu a estratégia utilizada na Catalunha e onde o primeiro golo do Chelsea resulta precisamente de um cruzamento de Drogba, eficazmente finalizado por Ballack.
A insistência na colocação de Iniesta como falso ala esquerdo explica em parte o sucedido. Para além de retirar largura ao ataque blaugrana, retirou também capacidade criativa a um meio campo onde Deco se encontra muito aquém das suas reais capacidades. Mas isto não explica tudo. A verdade é que os processos de jogo deste Barcelona encontram-se saturados, são movimentos já de certa forma cristalizados que se tornam previsíveis, isto tem sido por demais evidente para quem tem seguido a sua carreira na liga espanhola. A era Rijkaard chegou ao fim.