Thursday, September 11, 2008

O seleccionador dos intelectuais da bola


Entre muitos mimos com que Scolari foi presenteado por muitos comentadores cá do burgo, havia o do populismo e provincianismo, fundamentado na história das bandeiras e de uma maneira geral, numa forma de estar muito própria, que soube, de facto, mobilizar um povo - que por norma é mais apaixonado pelos clubes do que pela selecção – em torno das cores do seu país. É claro que esta forma de estar incomodou sobremaneira os intelectuais da bola. Estes acabaram por manifestar um clássico preconceito relativamente a tudo o que possa constituir uma grande exaltação popular, mas sobretudo o que mais os irritou foi o facto de Scolari nunca lhes ter passado cavaco sobre o que quer que fosse.

Pois bem, agora temos o seleccionador dos intelectuais da bola, que aliás passaram horas, dias e semanas a pedir a sua vinda.
Senão vejamos, assim que chegou, começou por dizer que a selecção não era um espectáculo com lugares marcados… Depois, veio o afastamento de Ricardo e a convocação de uns quantos nomes que não entravam habitualmente nas contas do antigo seleccionador e que eram permanentemente clamados pelos intelectuais da bola. Loas ao novo seleccionador. Ao longo destas semanas, o seleccionador dos intelectuais da bola foi dizendo outras coisas como: “comigo vai ser diferente” ou “vamos dar espectáculo” o que levou os intelectuais da bola ao êxtase. Mas há mais. Para além de dizer aquilo que esperam que ele diga, ainda parece tomar as opções técnicas que esperam, ou recomendam, que ele tome. Exemplos? Aqui e, de forma absolutamente clara, aqui.

Hoje, depois do desaire frente à Dinamarca, temos nas páginas dos jornais, a inevitável vitória moral! Uma exibição fenomenal a que um desinspirado Quim e a sorte não quiseram corresponder…isto, claro, para além dos naturais elogios às alterações “recomendadas” e que foram satisfeitas pelo seleccionador, como fica bem ilustrado nesta análise feita no jornal A Bola: “Fosse qual fosse o resultado, jamais deixaríamos de ter esta opinião: Queirós mexeu bem na equipa ao trocar Antunes por Paulo Ferreira e Carlos Martins por Maniche…” (sem link); ou esta no jornal Record: “…Com Antunes e Carlos Martins na... bancada, Carlos Queiroz apostou nos (justificados) regressos de Paulo Ferreira e Maniche ao onze. A equipa, sob o comando de um magistral Deco, ganhou em consistência, aliou da melhor forma o talento individual à força colectiva, até conseguiu fazer esquecer por completo a ausência de Cristiano Ronaldo…” ; e ainda esta no maisfutebol: “Para a história, além da derrota em casa que normalmente costuma complicar o apuramento a qualquer selecção, fica uma exibição que chegou a ser empolgante e um certo voltar atrás de Carlos Queiroz, ao recuperar Paulo Ferreira para a esquerda e Maniche para o meio”.

7 comments:

Nuno said...

Não vi o jogo, apenas o resumo, mas tenho a sensação, dos poucos lances que vi, que o futebol da selecção foi um bocado à Manchester: tudo para a frente, sem pensar, sem grandes preocupações em manter-se organizada, com transições rápidas, a proporcionar muitas jogadas de ataque, mas também muitas facilidades ao contra-ataque dinamarquês. Gostaria de ter visto o jogo para ter ficado com esta ideia mais clara. De qualquer maneira, Queirós começa ao seu nível.

Quanto ao artigo do Rui Santos para que remetes, o que acho mesmo genial é a ideia inovadora de colocar Pepe a 6, porque é rápido e poderia dar qualquer coisa mais a nível ofensivo. :) Pá, este Rui Santos paga para existir, não paga?

Grande Abraço!

Paulo Santos said...

Nuno, como sabes vi o jogo ao vivo, e sim, acertaste, foi um bocado à Manchester, com a diferença de que a selecção defendeu bem pior.
Fico espantado quando toda a gente me diz que a selecção fez um jogo muito bom...o único jogo muito bom (fenomenal mesmo) que eu vi, foi o do Deco.

O mais grave da ideia do Pepe a 6, é que ela já foi posta em prática no jogo com as Ilhas Faroé, e tenho a certeza que na 5ª feira, a ideia voltou a passar pela cabeça do iluminado do Queiroz, quando pôs o Bruno Alves a aquecer (ainda na 1ª parte).

Eu já não digo nada. Mas parece mesmo que o idiota do Rui Santos anda a fazer as convocatórias e os onzes!!

E se leres a última verborreia do gajo, vais ver que o Nuno Gomes vai ter vida difícil daqui para a frente...

Abraço

André said...

Muito boa tarde.

Finalmente encontro um blogue de futebol onde se escreve o português de camões decentemente. Bem haja...

Achei o post curioso, mas só queria mesmo dar uma nota: é natural (e tou ansioso para ver os próximos episódios disto) que o Rui Santos - que de vez em quando faz questão de salientar que conhece Queiroz e que são amigos - vá passando a mão pelo pêlo ao seleccionador. Creio que só pelo simples facto disso mesmo: são amigos... (não condeno). E passar a mão pelo pêlo de vez em quando não traz mal ao mundo. Eu quero ver é como é que depois o comentador vai gerir a sua "lambe-botice", com uns possíveis maus resultados que possam surgir, ou até em relação a episódios mais do género extra-futebol. Enfim, não tem directamente a ver com aquilo que você salientou em relação ao Rui Santos, mas queria só fazer este comentário.

Quanto ao Pepe a 6, acho uma boa possibilidade... se usada nos jogos e nas alturas certas. Afinal de contas, até um Meira já jogou a 6. Please.

Um abraço e obrigado

Paulo Santos said...

Olá, André. Muito obrigado pelo comentário simpático.

Quanto a esse pseudo-comentador, creio - e aqui contra mim falo, que lhe tenho dado alguma importância - que o melhor é nem ligar à verborreia diária que o indivíduo vai produzindo...

Quanto ao Pepe na posição 6...tenho muitas dúvidas, mas só mesmo vendo mais vezes.


Um abraço, André, e volte sempre.

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