Thursday, July 03, 2008

Euro 2008: considerações finais

De uma maneira geral, e contrariando as opiniões expressas por Carlos Queiroz antes do inicio do torneio, a qualidade dos espectáculos que este Europeu proporcionou é inegável. Houve boas equipas, uma série de bons jogos, com emoção, com futebol ofensivo, com jogadores de qualidade…

Quanto a inovações de ordem táctica, já se sabe que isso é chão que dificilmente dará uvas, no entanto, podem aferir-se algumas tendências que podem servir para reflexão. Desde logo, a predominância, em termos de sistema de jogo, do 4-4-2 clássico e do 4-5-1, este com variações da linha intermédia entre o 2-3 e o 1-4. No que respeita ao primeiro, penso que a opção por ele se relaciona com outro aspecto porventura mais importante, ou seja, o pressing. Tendo este sido definido na zona do meio campo, ou do meio campo defensivo, configurando-se em quase todas as equipas um bloco médio-baixo, o 4-4-2 clássico permite, nesta circunstância, para além de uma ocupação racional do espaço de jogo, uma organização defensiva a toda a largura do terreno, com duas linhas de jogadores muito próximas e um bom preenchimento do corredor central do sector defensivo. O 4-5-1, mantém este postulado e acrescenta-lhe o do "centro-campismo" que vinga no futebol desde o final da década de 70…

Ao ferrolho grego de 2004, sucede o futebol atraente da posse de bola e da criatividade espanhola.

A Otto Reaghel, sucede Luís Aragonês (pelo meio ainda houve Lippi no Mundial de 2006), dois decanos do futebol, o que vem de certa maneira desmistificar uma ideia muito em voga: a associação deste perfil de treinador a alguma falta de ambição.

Para além da sensacional e vencedora Espanha, há que destacar a sensacional e dramática Turquia e o seu treinador Fatih Terim. Foi uma equipa com algumas insuficiências, mas que com muita alma e muito dedo do seu treinador, alcançou umas honrosas meias-finais onde acabaria por sucumbir da mesma maneira com que sucumbiram os seus anteriores adversários.

A Rússia é também um dos óbvios destaques positivos, pela qualidade do seu futebol e de muitos dos seus jogadores.

A desilusão maior foi a caricatura de equipa que foi a selecção francesa. Não creio que o principal problema esteja, tal como muitos têm referido, na idade avançada de muitos dos seus jogadores ou na ausência de Zidane, não obstante a falta do mago ter que ser necessariamente sentida. Penso é que as opções de Domenech terão sido muito discutíveis, desde logo ao nível da convocatória, e depois nas escolhas e nas opções tácticas.

A selecção italiana também nunca se encontrou consigo própria, tendo andado às apalpadelas em busca de um modelo de jogo ideal e até mesmo de um sistema. É claro que as lesões (sobretudo no sector defensivo) e os castigos também tiveram um papel determinante para explicar esse desacerto.

Concordo plenamente com a escolha de Xavi para melhor jogador do torneio. Contudo, penso que essa distinção também assentaria muito bem em Marcos Senna.


Por último, a minha selecção:

Treinador: Luís Aragonés

Guarda-redes: Casillas; Buffon; Akinfeev

Defesas: Sérgio Ramos; Puyol; Marchena; Zhirkov; Razvan Rat; Cosmin Contra; Panucci

Médios: Marcos Senna; Xavi; Iniesta; Deco; Tuncay; Hamit Altintop; Sneijder; Van Der Vaart; Zyryanov; Ballack

Avançados: David Villa; Fernando Torres; Pavlyuchenko; Arshavin

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