Por entre o mediatismo das campanhas dos dois vitórias, a qualidade do futebol praticado pela equipa do Restelo, quase tem passado despercebida. Na minha opinião, O C.F. Os Belenenses não tem recebido o devido e merecido destaque por parte da imprensa desportiva, comentadores e analistas em geral.
A equipa de Jorge Jesus, um dos grandes responsáveis pela excelente prestação da equipa na época passada, com evidente sequência ao longo da presente temporada, é de facto das equipas tacticamente mais evoluídas do nosso campeonato.
O sistema táctico preferencial é o 4-4-2 com o meio campo disposto em losango, no entanto, em determinados jogos, Jorge Jesus já dispôs as suas pedras num 3-5-2 que é muito bem assimilado pela equipa. Na realidade, os azuis do Restelo interpretam de forma bastante satisfatória as exigências dos dois referidos sistemas.
A linha defensiva habitual é bastante consistente, composta no eixo central por Rolando e Hugo Alcântara, sendo que o primeiro se evidencia pela velocidade, o segundo mais posicional, sobressai no corte e marcação. Nas laterais, as opções mais frequentes são dois jogadores com boa propensão ofensiva. No lado direito, Cândido Costa, um médio ala de origem e Rodrigo Alvim, na lateral esquerda, dão profundidade à equipa. O meio campo é pisado por dois médios criativos que são figuras de proa da equipa, José Pedro e Silas. Ruben Amorim é o cabeça de área, podendo também jogar com eficiência como interior direito, sendo que nesse caso, é Gavilan o homem que ocupa a primeira linha do meio campo. A dupla de avançados que tem merecido mais confiança por parte do treinador, é composta por dois brasileiros que para além da missão tradicional da finalização, são também os primeiros a defender quando a bola está na posse do adversário. Roncatto, é um jogador com qualidade técnica, que gosta de vir atrás buscar jogo, sendo forte no transporte da bola até zonas de finalização. Weldon, tem na velocidade a sua principal arma, com uma nesga de espaço é muito difícil de ser travado. É um facto que esta dupla não tem marcado os golos que se esperaria, no entanto são jogadores fundamentais no modelo de jogo de Jorge Jesus.
Para além dos já referidos destaques individuais, a força desta equipa do Belenenses reside na dimensão colectiva do seu jogo. É uma equipa com grande rigor posicional, raramente perdendo esse sentido ao longo dos jogos. Um aspecto distintivo da equipa é a forma eficaz como acciona a chamada “off-side trap”, ou armadilha do fora de jogo. Algo que para funcionar eficazmente e de forma sistemática implica uma sincronia de movimentos de toda a linha defensiva que ilustra bem o trabalho táctico realizado pela equipa técnica. Outro aspecto a ter em conta é a já referida movimentação dos dois avançados, que abertos nas alas, são os primeiros a estancar a primeira construção de jogo das equipas adversárias.
O empate no estádio do Dragão e as vitórias no Restelo frente a Benfica e Sporting são alguns dos feitos de excelência protagonizados pela equipa de Belém. Para além de Vitória de Setúbal e Vitória de Guimarães, não tenho dúvidas de que o Belenenses caminha de forma sólida para os lugares europeus e nem a possibilidade da perda de seis pontos devido ao insólito caso Meyong, parece ter alterado os intentos dos comandados de Jorge Jesus.
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