Tuesday, March 25, 2008

Sem Ronaldo até dá jeito...ao Manchester United

As alegadas lesões que impediram Cristiano Ronaldo e Nani de integrarem os trabalhos da selecção nacional não mereceram qualquer reflexão na imprensa desportiva durante o dia de hoje.

É evidente que no âmbito da mera notícia não seria de esperar outra coisa para além da pura descrição dos factos, e esses são claros e foram comunicados em conferência de imprensa.
Já no que respeita aos espaços de opinião, é curioso que não surja neles a menor referência à situação, já que a mesma não deixa de constituir uma coincidência óbvia...

Mas o que é de todo difícil de aceitar, para não dizer inaceitável, é o editorial de hoje do jornal A Bola, da autoria de Vítor Serpa. Segundo o Director do referido jornal, a dispensa dos dois jogadores até dá jeito ao seleccionador nacional, pois desta forma os jogadores descansam e poupam-se para o Euro 2008, aliás, o jornalista vai mais longe assumindo que Scolari já sabe tudo o que tem a saber sobre os jogadores e que portanto os mesmos são dispensáveis para jogos particulares que, pelos vistos, no seu entendimento servem apenas para testar novos jogadores!

A leviandade destas afirmações é apenas comparável a muitas das que aludem à falta de jogo colectivo da selecção e ao fraco rendimento de Ronaldo com a camisola das quinas, em comparação com o rendimento patenteado ao serviço do seu clube, opiniões essas que normalmente negligenciam o facto incontornável dos curtos períodos de tempo para treinar de que dispõe uma selecção nacional e a consequente dificuldade de assimilação de um modelo e princípios de jogo por parte dos jogadores. E não são apenas os 90 minutos do jogo particular que estão em causa, mas também os não menos importantes momentos do treino que o antecedem.

Neste caso a única coisa que é absolutamente clara, é a excelente imprensa que tem Carlos Queirós…

Thursday, March 20, 2008

Momento de humor


Será este tipo de técnicas?

Depuração sobre o tema Benfica

Uma fase menos boa do maior clube português (passe o eufemismo…) é um verdadeiro banquete para os nossos comentadores de serviço. No meio de todo o entulho de opiniões, vale tudo menos tirar olhos! Inventam-se teorias da conspiração, arranjam-se bodes expiatórios, pede-se o rolar de cabeças, escrevem-se crónicas de escárnio e maldizer e por aí fora, quando em rigor, o problema tem sintomas e causas bem concretas e perceptíveis.

Luís Filipe Vieira tem feito um trabalho louvável no que se refere à gestão empresarial do clube, no entanto, de futebol não percebe nada e, pior que isso, rodeia-se de indivíduos que com ele, partilham essa ignorância.

A pobreza franciscana do futebol da equipa resulta do despedimento de um treinador competente que pôs o Benfica a jogar um futebol que há muito não se via. Que apesar das minas e armadilhas que foi pisando no início da época 2006-2007, conseguiu impor o seu modelo de jogo (para os mais cépticos em relação a esta argumentação – havia um modelo de jogo!), tendo conseguido resultados em casa que são de assinalar – apenas oito pontos perdidos na Luz, resultantes de empates com Sporting, FC Porto, SC Braga e de um jogo surrealista frente ao Boavista, tendo ficado a dois pontos do título…

Depois como o clube recuperou uma condição que já tinha sido banida recentemente, a de ser totalmente permeável às pressões externas, decidiu-se substituir esse treinador por um outro, tornado mito popular, que em vários aspectos da abordagem ao jogo se encontra muito abaixo da mediania. Não sem antes se ter planificado toda a época 2007-2008 com o outro treinador, que fora novamente minado, armadilhado e por fim sentenciado…

Agora depois do mito ter mostrado os seus pés de barro, esperam-se milagres daquele a quem foi atribuído um estatuto de visionário devido a uma aposta no posicionamento de um jogador, no seu primeiro e único jogo como treinador principal na Primeira Liga.

São demasiados equívocos para que qualquer clube possa resistir.
Fala-se em novo ciclo, a começar já na próxima época, com um projecto estruturado e sustentado para todo o futebol do clube. Pois bem, é natural que se fechem e iniciem ciclos, convém é que os hiatos de tempo que medeiam os mesmos não sejam equivalentes ao da passagem de uma época para a seguinte.

Ainda assim, apesar de tudo isto, Luís Filipe Vieira tem que continuar a merecer crédito por parte dos benfiquistas, pelo que já fez pelo clube e porque olhando para o lado apenas se vislumbram os “abutres” do costume.

Para já, foram dados sinais positivos, tais como a entrada no clube de pessoas competentes e com passado no clube, como Rui Águas e João Alves. Aliás, em relação a este último, devo referir que na minha opinião seria a escolha, porventura mais acertada para ocupar o lugar de treinador da equipa principal até a época terminar, não obstante o respeito e admiração que Fernando Chalana deve merecer por parte dos benfiquistas.
O futuro director desportivo será um homem que ama o clube como poucos, o que constitui inexoravelmente um bom augúrio.

Falta o treinador para a próxima época. Rui Costa já afirmou que terá (ou já estará a ter) uma palavra a dizer relativamente a este assunto. Seguramente que o fará com grande sentido de responsabilidade e conhecimento de causa.
Os nomes de Carlos Queiroz e de Humberto Coelho têm sido ventilados, no entanto, eu tenho a pouco racional convicção (reconheço!) de que um treinador português não será a melhor opção.

Há dias, em entrevista, António Simões disse que não há cultura nem tradição no Benfica em relação aos treinadores portugueses, pelo que a velha glória do clube prefere um estrangeiro. Concordo inteiramente.

Foram nomes como Janos Biri, Valdivieso, Otto Glória, Fernando Riera, Bella Guttmann, Jimmy Hagan, Pavic, John Mortimore, Eriksson, Baroti, Trapattoni, que edificaram a história gloriosa do clube.

Wednesday, March 05, 2008

Sevilha-Fenerbahçe: mais um grito do futebol romântico

Integro o grupo daqueles que consideram que a selecção brasileira que disputou o mundial de 82 em Espanha, foi das mais sedutoras equipas de futebol de sempre. Um dos jogadores mais emblemáticos dessa fabulosa equipa foi Zico. Quem diria que passados 26 anos, o brasileiro voltaria a contribuir para o meu deslumbramento em relação a um jogo de futebol.

Era o jogo de menor cartaz, contudo, não hesitei na hora da escolha. Já o resumo que vira da primeira-mão me tinha deixado arrependido de ter tomado outra opção, na altura.

O jogo que opôs turcos a andaluzes foi um verdadeiro espectáculo, com as duas equipas a privilegiarem o jogo ofensivo e a praticarem um futebol vistoso e de grande qualidade. Não faltaram a emoção e até alguma carga dramática para condimentarem mais ainda o que se passava no rectângulo de jogo.

O futebol da equipa espanhola já é sobejamente reconhecido como um dos mais atraentes da actualidade e ontem juntou-se-lhe outra equipa com os mesmos predicados. É uma equipa à imagem do que Zico foi enquanto jogador, com individualidades de grande qualidade, que mostraram ontem que afinal o futebol-arte ainda não está morto. Até os quase extintos extremos, estiveram ontem presentes no Sanchéz Pizjuan. Do lado do Sevilha, Capell e Navas e do lado do Fenerbache, o turco Moral.

Nenhuma das equipas merecia perder o jogo, daí que a decisão tivesse que passar pelas grandes penalidades. Foi o Fenerbahçe de Zico que seguiu em frente.
Provavelmente na próxima eliminatória o confronto será com uma equipa com futebol muito distinto do futebol sevilhano, o que desperta a curiosidade de saber até onde poderá ir a equipa turca nesta Liga dos Campeões.

Monday, March 03, 2008

Destaques da Bwin Liga: C.F. Os Belenenses





Por entre o mediatismo das campanhas dos dois vitórias, a qualidade do futebol praticado pela equipa do Restelo, quase tem passado despercebida. Na minha opinião, O C.F. Os Belenenses não tem recebido o devido e merecido destaque por parte da imprensa desportiva, comentadores e analistas em geral.

A equipa de Jorge Jesus, um dos grandes responsáveis pela excelente prestação da equipa na época passada, com evidente sequência ao longo da presente temporada, é de facto das equipas tacticamente mais evoluídas do nosso campeonato.

O sistema táctico preferencial é o 4-4-2 com o meio campo disposto em losango, no entanto, em determinados jogos, Jorge Jesus já dispôs as suas pedras num 3-5-2 que é muito bem assimilado pela equipa. Na realidade, os azuis do Restelo interpretam de forma bastante satisfatória as exigências dos dois referidos sistemas.

A linha defensiva habitual é bastante consistente, composta no eixo central por Rolando e Hugo Alcântara, sendo que o primeiro se evidencia pela velocidade, o segundo mais posicional, sobressai no corte e marcação. Nas laterais, as opções mais frequentes são dois jogadores com boa propensão ofensiva. No lado direito, Cândido Costa, um médio ala de origem e Rodrigo Alvim, na lateral esquerda, dão profundidade à equipa. O meio campo é pisado por dois médios criativos que são figuras de proa da equipa, José Pedro e Silas. Ruben Amorim é o cabeça de área, podendo também jogar com eficiência como interior direito, sendo que nesse caso, é Gavilan o homem que ocupa a primeira linha do meio campo. A dupla de avançados que tem merecido mais confiança por parte do treinador, é composta por dois brasileiros que para além da missão tradicional da finalização, são também os primeiros a defender quando a bola está na posse do adversário. Roncatto, é um jogador com qualidade técnica, que gosta de vir atrás buscar jogo, sendo forte no transporte da bola até zonas de finalização. Weldon, tem na velocidade a sua principal arma, com uma nesga de espaço é muito difícil de ser travado. É um facto que esta dupla não tem marcado os golos que se esperaria, no entanto são jogadores fundamentais no modelo de jogo de Jorge Jesus.


Para além dos já referidos destaques individuais, a força desta equipa do Belenenses reside na dimensão colectiva do seu jogo. É uma equipa com grande rigor posicional, raramente perdendo esse sentido ao longo dos jogos. Um aspecto distintivo da equipa é a forma eficaz como acciona a chamada “off-side trap”, ou armadilha do fora de jogo. Algo que para funcionar eficazmente e de forma sistemática implica uma sincronia de movimentos de toda a linha defensiva que ilustra bem o trabalho táctico realizado pela equipa técnica. Outro aspecto a ter em conta é a já referida movimentação dos dois avançados, que abertos nas alas, são os primeiros a estancar a primeira construção de jogo das equipas adversárias.

O empate no estádio do Dragão e as vitórias no Restelo frente a Benfica e Sporting são alguns dos feitos de excelência protagonizados pela equipa de Belém. Para além de Vitória de Setúbal e Vitória de Guimarães, não tenho dúvidas de que o Belenenses caminha de forma sólida para os lugares europeus e nem a possibilidade da perda de seis pontos devido ao insólito caso Meyong, parece ter alterado os intentos dos comandados de Jorge Jesus.