Thursday, March 20, 2008

Depuração sobre o tema Benfica

Uma fase menos boa do maior clube português (passe o eufemismo…) é um verdadeiro banquete para os nossos comentadores de serviço. No meio de todo o entulho de opiniões, vale tudo menos tirar olhos! Inventam-se teorias da conspiração, arranjam-se bodes expiatórios, pede-se o rolar de cabeças, escrevem-se crónicas de escárnio e maldizer e por aí fora, quando em rigor, o problema tem sintomas e causas bem concretas e perceptíveis.

Luís Filipe Vieira tem feito um trabalho louvável no que se refere à gestão empresarial do clube, no entanto, de futebol não percebe nada e, pior que isso, rodeia-se de indivíduos que com ele, partilham essa ignorância.

A pobreza franciscana do futebol da equipa resulta do despedimento de um treinador competente que pôs o Benfica a jogar um futebol que há muito não se via. Que apesar das minas e armadilhas que foi pisando no início da época 2006-2007, conseguiu impor o seu modelo de jogo (para os mais cépticos em relação a esta argumentação – havia um modelo de jogo!), tendo conseguido resultados em casa que são de assinalar – apenas oito pontos perdidos na Luz, resultantes de empates com Sporting, FC Porto, SC Braga e de um jogo surrealista frente ao Boavista, tendo ficado a dois pontos do título…

Depois como o clube recuperou uma condição que já tinha sido banida recentemente, a de ser totalmente permeável às pressões externas, decidiu-se substituir esse treinador por um outro, tornado mito popular, que em vários aspectos da abordagem ao jogo se encontra muito abaixo da mediania. Não sem antes se ter planificado toda a época 2007-2008 com o outro treinador, que fora novamente minado, armadilhado e por fim sentenciado…

Agora depois do mito ter mostrado os seus pés de barro, esperam-se milagres daquele a quem foi atribuído um estatuto de visionário devido a uma aposta no posicionamento de um jogador, no seu primeiro e único jogo como treinador principal na Primeira Liga.

São demasiados equívocos para que qualquer clube possa resistir.
Fala-se em novo ciclo, a começar já na próxima época, com um projecto estruturado e sustentado para todo o futebol do clube. Pois bem, é natural que se fechem e iniciem ciclos, convém é que os hiatos de tempo que medeiam os mesmos não sejam equivalentes ao da passagem de uma época para a seguinte.

Ainda assim, apesar de tudo isto, Luís Filipe Vieira tem que continuar a merecer crédito por parte dos benfiquistas, pelo que já fez pelo clube e porque olhando para o lado apenas se vislumbram os “abutres” do costume.

Para já, foram dados sinais positivos, tais como a entrada no clube de pessoas competentes e com passado no clube, como Rui Águas e João Alves. Aliás, em relação a este último, devo referir que na minha opinião seria a escolha, porventura mais acertada para ocupar o lugar de treinador da equipa principal até a época terminar, não obstante o respeito e admiração que Fernando Chalana deve merecer por parte dos benfiquistas.
O futuro director desportivo será um homem que ama o clube como poucos, o que constitui inexoravelmente um bom augúrio.

Falta o treinador para a próxima época. Rui Costa já afirmou que terá (ou já estará a ter) uma palavra a dizer relativamente a este assunto. Seguramente que o fará com grande sentido de responsabilidade e conhecimento de causa.
Os nomes de Carlos Queiroz e de Humberto Coelho têm sido ventilados, no entanto, eu tenho a pouco racional convicção (reconheço!) de que um treinador português não será a melhor opção.

Há dias, em entrevista, António Simões disse que não há cultura nem tradição no Benfica em relação aos treinadores portugueses, pelo que a velha glória do clube prefere um estrangeiro. Concordo inteiramente.

Foram nomes como Janos Biri, Valdivieso, Otto Glória, Fernando Riera, Bella Guttmann, Jimmy Hagan, Pavic, John Mortimore, Eriksson, Baroti, Trapattoni, que edificaram a história gloriosa do clube.

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