Wednesday, June 14, 2006

Mundial 2006 - 3 destaques





Vistas já quase todas as selecções presentes neste campeonato do mundo (falta apenas a Tunísia e a Arábia Saudita jogarem entre si), fica-se já com a percepção de quais as equipas mais fortes, aquelas que apresentaram uma maior qualidade ao nível do futebol praticado e porventura, até aventurar-mo-nos em adiantar potenciais favoritos à conquista do título - agora já com alguns fundamentos, ainda que, como se sabe, no âmbito deste desporto isso seja de um relativismo muito grande!

Uma das selecções que gostaria de destacar, é a selecção Argentina.
Se há casos em que a dinâmica de uma equipa se sobrepõe ao sistema táctico, a selecção Argentina é um dos expoentes máximos dessa afirmação! Pode dizer-se que a Argentina utiliza dois sistemas - sem bola o sistema assenta num 4x3x1x2, com bola e a atacar, o sistema desdobra-se num 3x2x3x2 - sendo o lateral esquerdo Sorín, e graças à sua propensão ofensiva, a peça chave para incutir esta dinâmica, subindo até ao meio campo e participando muitas vezes das movimentações ofensivas já perto da área adversária! Importantes também são os dois médios de contenção, Cambiasso e Mascherano, o segundo posicionado à frente dos centrais, com tarefas, sobretudo, de recuperação, quanto a Cambiasso, para além da partilha da missão mais defensiva com Mascherano, também se ocupa do transporte de bola para iniciar o processo ofensivo da equipa! Na frente, um nº 10 clássico (Riquelme) que tem a missão de construir as jogadas de finalização dos dois avançados que estão à sua frente, Saviola e Crespo, e pelo que se viu do jogo frente à Costa do Marfim, fê-lo com grande precisão e eficácia - o passe para Saviola no lance do golo é uma obra prima! As subidas de Sorín são assim compensadas por Mascherano, mas também pelo facto de do lado direito da defesa jogar agora Burdisso que é central de raíz, este pelo facto de subir menos no terreno, acaba por permanecer junto dos centrais quando a equipa ataca.
Esta equipa tem ainda no banco, jogadores como Messi, Tévez, Aimar, entre outros de reconhecida qualidade acima da média.

Outra selecção a destacar é a Italiana, e sobre esta importa realçar o seguinte: aquela ideia de que as equipas italianas, e a própria selecção, são defensivas e que como tal apresentam sempre um futebol aborrecido e entediante é uma verdadeira falácia, sobretudo para quem viu jogar a Itália neste campeonato do mundo. Uma coisa é o rigor táctico, e isso é ponto assente que constitui imagem de marca do futebol italiano, outra coisa é futebol defensivo.
A Itália apresentou um sistema de 4x3x1x2, de onde se destaca o trio da primeira linha do meio campo, composto por Perrota, De Rossi e Pilro, este trio incutiu uma dinâmica muito importante quer a nível de transição ofensiva, quer a nível de transição defensiva. Os três jogadores desdobraram-se inúmeras vezes em tarefas de recuperação e tarefas de construção de jogadas de ataque - logo que a bola era recuperada a equipa iniciava jogadas de ataque rápido muito bem desenhadas. A circulação de bola foi também muito bem conseguida por parte da equipa! Outro factor a destacar na equipa italiana são os seus homens da frente - Luca Toni - possante a jogar mais em cunha entre os centrais, Gillardino mais móvel e procurando outras zonas do campo para partir em direcção à baliza e ainda outro ponta de lança possante que entrou na segunda parte para o lugar de Gillardino - Vicenzo Iaquinta que assim fez dupla com Toni - uma dupla de avançados temível a fazer recordar as velhas duplas de pontas de lança fortes físicamente, que hoje em dia raramente se vêem no futebol.

Por último, a conhecida "fúria espanhola", pelo que se viu no jogo frente à selecção Ucraniana, parece estar empenhada em afastar o velho estigma de selecção que tendo muito valor nunca consegue provar esse mesmo valor em fases finais de Europeus ou Mundiais!

Uma novidade em termos de sistema táctico, um 4x3x3, que apresentou uma impressionante dinâmica em termos de processo ofensivo, sobretudo ao nível da enorme mobilidade dos três jogadores mais adiantados (Villa, Luís Garcia e Fernando Torres)! A constante permuta posicional efectuada pelos três jogadores da frente provocou o desiquilíbrio permanente do sector defensivo da equipa ucraniana.
A este propósito deve referir-se que há quem defenda que o 4x3x3 é um sistema que acaba por ser algo previsível, pois o facto de existirem referências posicionais relativamente destinadas a um lugar específico leva a que as tarefas de cobertura defensiva e marcação sejam mais fáceis de desempenhar, no entanto, essa teoria desmonta-se facilmente, através da mobilidade e da permuta posicional - lição que a Espanha deu frente à Ucrânia .
O trio do meio campo, composto por Xavi Alonso, Marcos Senna e Xavi foi também determinante na exibição e resultado que a selecção espanhola efectuou.

E atente-se que no banco, ficaram nomes como Cesc Fabregas, Reyes, Marchena, Joaquín, entre outros.

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