É complicado escrever sobre Rui Costa, pois há tanto para dizer que nem se sabe por onde começar!
Um jogador fabuloso, um homem que sempre revelou ter um carácter extraordinário, um homem de emoções, enfim, um dos grandes nomes do futebol mundial.
Foi intérprete de uma das cenas mais emocionantes que se poderiam ver num campo de futebol - num jogo particular Benfica-Fiorentina, quando ao serviço do clube italiano marcou um golo ao seu clube do coração, e de imediato desatou a chorar, isto enquanto o estádio da luz em peso aplaudia, imagine-se, um golo de uma equipa adversária.
Rui nunca escondeu o seu amor pelo clube da Luz, tendo diversas vezes manifestado o desejo de um dia poder voltar, os adeptos por seu lado nunca o esqueceram, ciente disto tudo a imprensa desportiva, época após época, foi sempre alimentando o assunto, o regresso de Rui Costa ao Benfica tornou-se quase temática obrigatória sempre que findava uma época desportiva!
Neste momento, parece que o regresso está mesmo preso por detalhes, e já pouco se duvida da sua viabilidade.
Como homem de grande carácter que é, também não se livrou de ver o seu valor ser posto em causa por altura do Europeu em 2004 (coisa que recorrentemente acontece a quem revela ter carácter), o que o levou à decisão de abandonar a selecção nacional, não sem antes ter dado uma "bofetada de luva branca" a todos aqueles que de forma abjecta e irresponsável o difamaram em praça pública, e essa "bofetada" foi dada através da sua maior arma: a classe que sempre demonstrou nos relvados e que sempre o caracterizou! Os seus detractores, desde então, nunca mais escreveram uma linha, ou esboçaram uma palavra que fosse sobre o seu abandono prematuro da selecção nacional, ainda para mais quando Rui Costa, ainda que algo "tapado" por um jogador, também ele de classe mundial e mais novo, no seu clube, nunca deixou de revelar todo o virtuosismo do seu futebol, sempre que foi chamado a participar nos jogos da sua equipa. Acrescente-se, ainda para mais, quando ao nível da selecção nacional, é inquestionável que o seu contributo seria muito útil, mas, claro que ao menos esses "mestres da pena desportiva" revelaram ter algum pudor e calaram-se de vez.
Rui Costa, enquadra-se naquela categoria que o dito "futebol moderno" está a fazer desaparecer, a dos números 10, dos organizadores de jogo, dos "maestros".
Actualmente, os jogadores do meio campo que estão a surgir nos grandes clubes mundiais são os chamados médios "box to box", ou seja, aqueles que apresentam ter uma dimensão simultaneamente defensiva e ofensiva, rápidos nas transições, são jogadores de cobertura defensiva que também saiem com a bola controlada para as movimentações ofensivas. É claro que as tendências do jogo levam a que, nas camadas de formação, se trabalhem os jogadores em consonância com essas mesmas tendências, daí o facto de cada vez menos vermos jogadores a que nos habituámos a chamar de "número 10". Não significa isto que não surjam jogadores com características e capacidades técnicas para jogarem nessa posição, é evidente que sim, e até há casos bem conhecidos, por exemplo, Pilro do AC Milan tem uma excelente capacidade de passe, sabe controlar a bola, segurá-la, enquanto decide o melhor caminho a dar-lhe (um número 10 puro, ou como lhe chamam em Itália, um regista), porém no seu actual clube passou a jogar numa posição mais recuada, pressionando o adversário e fazendo permanentes acções de cobertura defensiva, não deixando, naturalmente, de fazer uso das capacidades de regista que possui, apenas lhes somou mais estas.
Rui Costa é um dos últimos "maestros"do futebol europeu, ele e o francês Zinedine Zidane serão, provavelmente os mais brilhantes "sobreviventes" dessa categoria de jogadores que sempre encantaram os adeptos do futebol, é um jogador que trata a bola com enorme elegância, que sabe "pensar o jogo", possuidor de uma capacidade de passe notável, sobretudo ao nível do "último passe", tem uma carreira notável, e acima de tudo é um grande homem!
A confirmar-se o seu regresso, ganha o Benfica, mas também ganha o futebol português.